sábado, 17 de julho de 2010

Carroceiro

por Adriano Silva Alves

(Suor, esperança, na justa tentativa do pão...)

Os passos ainda são lerdos, sonolentos...
E o dia aos poucos vai revelando esperanças, dormidas num céu inteiro vestido de brancas nuvens, silêncio e azul.
Dois braços ‘destino e madeira’, lhe emprestam um “abraço” de todos os dias e a carroça vazia, debruça incertezas sobre a força dos ombros.
Uma gota de suor lhe percorre a face e se perde entre a imagem dos pelos, nutrindo o viço de juntas e músculos que revelam seu frágil vigor.
Quando a soiteira do tempo empurra seus sonhos adiante na justa tentativa de respeito e pão.
Os passos agora firmes, despertos...
Encontra no escuro do asfalto e na moldura acinzentada dos prédios, outro céu.
De olhos cansados, de ‘andares’ com pressa e rostos que não se vêem.
A carroça vai enchendo e os braços do ‘abraço’ começam a testar a força dos ombros que ainda devem forcejar.
O suor agora lhe benze o corpo, com seus mistérios de água e sal.
E a soiteira das horas, lhe espreme entre rodas e buzinas impacientes, que quebram seu curto descanso.
A respiração ofegante redobra as pulsações quando o verde de um sinal lhe obriga a seguir.
É necessário correr, e a rapidez dos passos mal encontram o escuro do asfalto que parece queimar com o sol...
O sol que talvez por castigo, vai desfraldando seus raios que vem doer no couro como um triste castigo.

A carroça agora, pesa mais que o próprio tempo, as juntas, os músculos frágeis, quase não suportam mais.
Os braços do ‘abraço’ lhe doem como uma cruz erguida nos ombros que ainda resistem em forcejar.
A soiteira dos dias lhe reencontra mais adiante, onde o suor e a esperança ganham preço.
E o peso da carga que feria os ombros, que judiava as juntas, vai doer por dentro.
Por fim os passos retornam calmos...
E a carroça vazia não pesa mais sobre a força dos ombros, cansados de forcejar.
O suor aos poucos diminui suas bênçãos de água e sal...
O frágil viço dos músculos ainda se revela...
E o sol que desfralda seus raios tem um gosto diferente...
As buzinas impacientes, as rodas, o verde dos sinais lhe obrigam a seguir...
O escuro do asfalto e a moldura acinzentada dos prédios revelam outro céu...
Os olhos cansados, os ‘andares’ com pressa e os rostos que não se vem...
Os braços destino e madeira desfazem o ‘abraço’ de todos os dias.
E a soiteira da vida, revela esperanças minguadas no pouco dos cobres, que empurram seus sonhos adiante...
Na justa tentativa de respeito e pão.

Regalo texto: RadioSul.Net
Imagem Meramente Ilustrativa

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Tchê, é um prazer receber seu comentário e/ou sua crítica, fique a vontade para soltar o verbo e muito obrigado por sua participação. Forte abraço.