sexta-feira, 30 de julho de 2010

Fabricando Gaúchos . . .

por Fernando Massolini

Hoje em dia é tão complicado falar em tradição gaúcha que estou chegando a um ponto de não palpitar mais.

Parece que quanto mais eu estudo a respeito, mas vejo que nada sei. Li muitos livros do MTG que hoje estão fora de meus planos, proibido isso, proibido aquilo,
PURA DITADURA.

Numa roda de chimarrão por exemplo, chega numa hora que as histórias sempre se contradizem, um exemplo básico de discussão é essa tal de bombacha larga e bombacha estreita. Procurando sobre o assunto pude notar que algumas fontes afirmam que bombacha estreita é referente a região da campanha e bombacha larga é mais região serrana.

No início do mês nós da 11ªRT tivemos um curso campeiro de brete e saca laço com membros e conselheiros do MTG, é muito fácil adivinhar o que eles disseram a respeito da bombacha estreita, simplesmente segundo a entidade essa bombacha não existe, é moda inventada pelos ginetes e a bombacha original da campanha é mais larga do que as que encontramos por aqui.

Bueno, ai complica né, tudo se contradiz.

Até nos lenços a indiada da nossa coordenadoria anda incomodando. Meio lenço não pode, estilo César Oliviera e Rogério Melo com lenço por baixo da camisa também não pode, estilo Luiz Marenco com lenço grande nas costas e ombro mas com nó bem no final também não pode.

Tudo isso somente porque no estatudo do Movimento há proibição. Penso que ninguém é mais ou menos gaúcho em função de atar um pouco diferente o lenço no pescoço.

Sugiro a todos que passamos a usar Chiripá, lanças e adagas, isso é gauchismo de verdade. O problema é que lanças e adagas a indiada do MTG proibe.

Mas tchê, sacanagem nem deixar mais o índio véio laçar com adaga, tem que ser quase faquinha de cozinha, também há medida mínima e máxima de tamanho. Inconcebível.

Mas que tal a boina então, segundo meus estudos e à conselheiros do MTG ela era usada por peões para que na lida campeira pudessem se proteger do sol, esses peões não tinham cobres para comprar um chapéu de aba larga, então usavam as famosas boinas, chapéu só os grandes tinham condições de usar.

Ai pergunto. Porque que o MTG permite praticar o tiro-de-laço usando apenas chapéu de aba larga e proibindo restritamente o uso de boinas para tal prática?

Têm coisas que não fazem o menor sentido, mas vai falar isso pra eles, vai. Gancho de vereda.

Com todas essas contradições a minha confusão chegou a ser tão grande que decidi me pilchar conforme meus estudos e me enquadrar a essas regras confusas do MTG na hora de praticar meu tiro-de-laço. Somente desse jeito não terei mais minhas armadas cortadas por essa gauchada que fabricam em série o que é ser gaúcho.

Com certeza no MTG há inúmeras regras que ajudam a mantermos a nossa cultura firme e forte, mas também há proibições sem estudo histórico concreto que com o tempo vem a destruir parte de nossa história.

O que alguns não perceberam ainda é que não somos bonecos para sermos manipulados, somos apenas gaúchos dispostos a mantermos nossa cultura cada vez mais forte e que não concordamos com tudo que é imposto.

Acredita que até gaúcho EMO eu já vi laçando na minha região.

Se nós não cuidarmos, vamos balançar e perderemos a nossa cultura. (Fernanda Costa)

Baita abraço.

2 comentários:

  1. Adorei o post e concordo completamente! Sou apaixona pela nossa cultura, pela nossa tradição e acredito plenamente que há a necessidade de existirem algumas regras, alias regras não, mas limites para que não se perca a rusticidade.
    Mas também acredito que quem realmente é gaúcho, aquele que honra e peleia pela nossa história e cultura sulista, sabe muito bem onde deve parar, sabe onde usar o chapéu e a adaga, não me refiro aos rio-grandensses aqueles que apenas nasceram no Rio Grande do Sul e o fato de termos uma própria história dentro da história do Brasil não os orgulha ou emociona, também não refiro aos "gauchões de apartamento" que apenas laçam ou gineteiam representando algum CTG sem ao menos saber o que é um CTG? qual a sua função?, não comparecem aos bailes a rigor pois não sabem dançar uma buena milonga ou um chamamé figurado, só sabem maxixar e o MTG proibe. São esses os limites onde concordo com o MTG, afinal maxixe não é "gaucho", os bailes de antigamente eram a rigor... e isso temos que manter, a proibição dos "Tches musics" dos bailes gaúchos e rodeios!
    O que não concordo são as "novidades antigas" trazidas por eles, como está história da boina e das bombachas que tu citaste, comprimento dos vestidos, proibir o uso de chiripá pelas mulheres, altura dos saltos(pulos) em danças artísticas, as invernadas com as prendas todas iguais ou todas diferentes, só trança, só flor, as prendas não podem sapatear (e a chacarera??), o colete combinando com a bombacha, entre outras...
    Acredito que estas regras acabam por confundir e afastar os tradicionalistas dos CTG's, e acabam por vivenciar esta paixão isolados.
    Sem contar que o próprio MTG se desentende...
    Parabéns pelo trabalho, e se puder te ajudar em alguma coisa...
    Att. Tessalha Paim.

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  2. Bueno Tessalha, muchas gracias por apreciar o texto crítico, foste muito feliz em seu comentário.

    Infelizmente agora o blog está um pouco abandonado em função de falta de tempo (universidade), mas se quiseres enviar alguma matéria que diga a respeito de nossa cultura ou costumes fique a vontade.

    Meu email é fmassolini@hotmail.com

    Baita abraço.

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