segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ética nos Brasileiros

por Wianey Carlet

Em 1969, o Internacional lutava para quebrar a hegemonia gremista no RS. Conta a história que, no jogo decisivo daquele Gauchão, Ibsen Pinheiro (à esquerda), dirigente colorado, surpreendeu a todos quando, calmamente, invadiu o campo e dirigiu-se ao árbitro. O que falou ao juiz, comenta-se, não se recomenda. Ao final do jogo, o Inter dava a volta olímpica. Era o campeão da temporada. Até hoje, Ibsen é festejado pela inusitada intervenção que, garantem, foi decisiva para a conquista do título pelo Inter.

Em 2005, o Grêmio entrava em campo no Estádio dos Aflitos para decidir o seu futuro próximo. Se perdesse, permaneceria mais uma temporada na segunda divisão. As consequências seriam terríveis. Jogo contra o Náutico andando quando, de repente, o árbitro marca pênalti contra o Grêmio. Reações nervosas dos jogadores, algumas expulsões e, repentinamente, várias pessoas, dirigentes, conselheiros e ex-dirigentes, invadem o gramado e acrescentam lenha na fogueira. Apaziguados os ânimos, o Náutico cobra o pênalti, Galatto defende e minutos depois Ânderson marca o gol da vitória. Estava escrita a história da Batalha dos Aflitos. Até hoje, elogia-se a invasão dos cartolas como tendo sido decisiva para a vitória.

Quarta-feira, no Olímpico, o jogo entre Grêmio e Vasco da Gama já se encaminhava para o encerramento. O empate prejudicava o time gaúcho, mas não era mau resultado para os cariocas. A bola, lançada para área do Vasco, foi interceptada pelo zagueiro Titi, com a mão. Pênalti que o árbitro não marcou. Terminada a partida, Titi dava entrevistas, ar angelical, garantindo que tocara a bola com o peito. Mentia descaradamente. Ninguém censurou a atitude do jogador. Entre os vascaínos, certamente, foi festejada a “esperteza” do zagueiro.

Suárez, um dos atacantes do Uruguai, deixou a última Copa do Mundo aclamado como herói. Tudo porque, no encerramento da prorrogação, contra Gana, defendeu um chute dos africanos com a mão. A bola entraria. O árbitro marcou o pênalti, Suárez foi expulso mas Jean cobrou e desperdiçou a oportunidade. Na decisão por pênaltis, o Uruguai ganhou a vaga. E Suárez entrou para a história como herói daquele jogo decisivo.

São incontáveis os exemplos, no futebol, em que a falta de ética foi santificada. Quantas vezes as luzes do Olímpico e do Beira-Rio foram apagadas porque a escuridão atendia aos interesses dos donos da casa?

Cabe perguntar: se no esporte mais popular do Brasil, escarnecer da ética tornou-se padrão de comportamento, aonde estará a autoridade para cobrar ética na política, por exemplo? Se achamos que a ética, no esporte, não é necessária, que o importante é vencer e o resto é pura bobagem, por que seria diferente na vida?

Agora responda: você nunca disse que seria ótimo ganhar do rival com gol de mão, no último segundo de jogo, em impedimento? E você ainda se acha ético? Vamos admitir, estamos longe de ser éticos.

Importante é levar vantagem, este é um lema nacional !!!

Regalo foto: Efetividade blog (blogj11.wordpress.com)
Regalo texto: blog do Wianey

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