sexta-feira, 30 de julho de 2010

Fabricando Gaúchos . . .

por Fernando Massolini

Hoje em dia é tão complicado falar em tradição gaúcha que estou chegando a um ponto de não palpitar mais.

Parece que quanto mais eu estudo a respeito, mas vejo que nada sei. Li muitos livros do MTG que hoje estão fora de meus planos, proibido isso, proibido aquilo,
PURA DITADURA.

Numa roda de chimarrão por exemplo, chega numa hora que as histórias sempre se contradizem, um exemplo básico de discussão é essa tal de bombacha larga e bombacha estreita. Procurando sobre o assunto pude notar que algumas fontes afirmam que bombacha estreita é referente a região da campanha e bombacha larga é mais região serrana.

No início do mês nós da 11ªRT tivemos um curso campeiro de brete e saca laço com membros e conselheiros do MTG, é muito fácil adivinhar o que eles disseram a respeito da bombacha estreita, simplesmente segundo a entidade essa bombacha não existe, é moda inventada pelos ginetes e a bombacha original da campanha é mais larga do que as que encontramos por aqui.

Bueno, ai complica né, tudo se contradiz.

Até nos lenços a indiada da nossa coordenadoria anda incomodando. Meio lenço não pode, estilo César Oliviera e Rogério Melo com lenço por baixo da camisa também não pode, estilo Luiz Marenco com lenço grande nas costas e ombro mas com nó bem no final também não pode.

Tudo isso somente porque no estatudo do Movimento há proibição. Penso que ninguém é mais ou menos gaúcho em função de atar um pouco diferente o lenço no pescoço.

Sugiro a todos que passamos a usar Chiripá, lanças e adagas, isso é gauchismo de verdade. O problema é que lanças e adagas a indiada do MTG proibe.

Mas tchê, sacanagem nem deixar mais o índio véio laçar com adaga, tem que ser quase faquinha de cozinha, também há medida mínima e máxima de tamanho. Inconcebível.

Mas que tal a boina então, segundo meus estudos e à conselheiros do MTG ela era usada por peões para que na lida campeira pudessem se proteger do sol, esses peões não tinham cobres para comprar um chapéu de aba larga, então usavam as famosas boinas, chapéu só os grandes tinham condições de usar.

Ai pergunto. Porque que o MTG permite praticar o tiro-de-laço usando apenas chapéu de aba larga e proibindo restritamente o uso de boinas para tal prática?

Têm coisas que não fazem o menor sentido, mas vai falar isso pra eles, vai. Gancho de vereda.

Com todas essas contradições a minha confusão chegou a ser tão grande que decidi me pilchar conforme meus estudos e me enquadrar a essas regras confusas do MTG na hora de praticar meu tiro-de-laço. Somente desse jeito não terei mais minhas armadas cortadas por essa gauchada que fabricam em série o que é ser gaúcho.

Com certeza no MTG há inúmeras regras que ajudam a mantermos a nossa cultura firme e forte, mas também há proibições sem estudo histórico concreto que com o tempo vem a destruir parte de nossa história.

O que alguns não perceberam ainda é que não somos bonecos para sermos manipulados, somos apenas gaúchos dispostos a mantermos nossa cultura cada vez mais forte e que não concordamos com tudo que é imposto.

Acredita que até gaúcho EMO eu já vi laçando na minha região.

Se nós não cuidarmos, vamos balançar e perderemos a nossa cultura. (Fernanda Costa)

Baita abraço.

uPaPaPa ->>> 50 SEGUIDORES em 24 DIAS ->>> A Campanha foi um SUCESSO !!! MuChAs gRaCiAs . . .

Graças e todos vocês, a campanha "Seja um PARCEIRO do blog" foi um SUCESSO.

Em apenas 24 DIAS não só superamos nosso objetivo em busca dos 50 SEGUIDORES, mas recebemos carinhosamente muitos emails e mensagens no orkut parabenizando e especialmente dando dicas para melhoramento do blog.

O blog "Na Hora do Amargo" de coração agradece a cada um de vocês que juntos fizeram da campanha um enorme sucesso.

E vamos rumo aos 100 SEGUIDORES... MAS QUE TÁL?????

MuChAs gRaCiAs

Clicando o Pampa Gaúcho (1)

Iniciamos esse quadro com uma baita imagem campeira, melhor que isso só enchendo a mangueira de gado com a indiada curando. Maizá coisa mais gaúcha tchê.

Baita regalo.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Semeando o Gauchismo de Forma Interativa

Buenas indiada, o "Na Hora do Amargo" está com mais uma ferramenta interativa, como todos que acompanham o blog sabem, nossa prioridade é a participação de vocês.

Pensando nessa idéia, iniciamos a campanha "SEJA UM PARCEIRO DO NA HORA DO AMARGO", onde nossa meta é atingir os 50 SEGUIDORES. Graças a vocês a campanha está sendo um SUCESSO TOTAL, já passamos dos 42 SEGUIDORES.

Essa semana iniciamos um quadro chamado "CADA UM APEIA DO JEITO QUE QUER", nessa prosa vocês podem contar seus tombos mais inusitados, onde foram surpreendidos plantando uma figueira.

Agora a mais nova ferramenta interativa fo blog é especial para o pessoal que aprecia uma LIDA CAMPEIRA OU UMA PAISAGEM GAÚCHA, seja fotógrafos profissionais que desejam divulgar seu trabalho ou mesmo fotógrafos amadores apaixonados pelo Rio Grande. O nome desse quadro será chamado de "CLICANDO O PAMPA GAÚCHO".

Tchê, agora estamos 3 novas formas de prosa no blog, sei que normalmente essa participação passa em branco pelo fato de não termos muito tempo disponível na correria dos dias de hoje, a gauchada normalmente lê as matérias e já partem novamente pro trabalho, inclusive eu também faço isso.

Com enorme carinho convido a todos para que sintam-se a vontade e participem.

O rancho é todo de vocês.

Meu email é fmassolini@hotmail.com

Baita abraço

Fernando Massolini

quarta-feira, 28 de julho de 2010

2º Rodeio da Integração Crioula - LAGES / SC

Recebi da parceira Fabiane Bottini que é natural lá pelas bandas de Lages o convite desse baita rodeio com shows pra lá de gaudérios e o prêmio, esse nem se fala né, mais de 50.000 cobre.

Fabiane, infelizmente difícilmente irei pro rodeio pois a distância é um pouco alta, mas fica ai o convite pra toda a indiada que estiver visitando o "Na Hora do Amargo".

Afinal, show reunindo César Oliveira, Rogério Melo, Porca Véia, Mano Lima, Gaúcho da Fronteira, Pátria Sulina, Raineri Spohr e Lisandro Amaral não é sempre que acontece né.

Baita abraço.

Mazááá - "1ª Pelota" - A Hora dos Galos

1ª Pelota da Canção Nativa /
Pelotas

Intérprete: Fabiano Bacchieri

A Hora dos Galos

Um galo de canto afiado
empurra noite pra trás
cortando o silêncio grande
num galho de capataz
clarim chamando pra lida
nas madrugadas de paz

É canto brotando encanto
depois de um bater de asas
os galos trazem do rico
a vida devolta as casas
espalham cinzas que dormem
no lombo gordo das casas

Quando outro galo responde
no seu posto mais adiante
é o relógio do universo
que determina o instante
ninguém adianta os ponteiros
mandando o galo que cante

Enquanto o dia não chega
mateio e sigo pensando
se o mundo é mesmo redondo
e passa o tempo girando
é certo que a toda hora
tem sempre um galo cantando

Cada um Apeia do Jeito que Quer (2)



por João Luis (Pelego)


TORDILHA MALABRUJA


Eu cuidava da unidade de equinocultura aqui na escola agricola de camboriú, tres cavalos vindos de bagé, marca borrada, matunguedo, dentre esses tres há uma tordilla, passarinheira barbaridade.

Pois intaum, ia eu, estampando o rio grande, qdo passava em frente ao piquete onde se encontram os avestruzes, parei pra conversar com umas loca que tavam ali por perto, nisso um daqueles avestruzes se levanta, tche loco de loco, a égua se atiro de tal maneira pro lado, que naum me matei por sorte, me tiro dos arreio num golpe seco, caí com a cara no meio das mão dela, mas o pior foi faze essa gaúchada na frente das guria, um horror!

BAITA CHURRAS ->>> Ovelha + Cerveja + Truco

Nada melhor que em plena terça-feira comer um baita churrasco de ovelha, detonar três caixas de cerveja e se atracar no truco.

Muita prosa jogada fora com os amigos, cavalos, CTG's, MTG's e outras coizitas mais.

Sexta começa aqui em Serafina uma feira com parceria da Cooperlate e prefeitura municipal, nós também estaremos lá expondo cavalos crioulos.

Então calcule o brique... churrasco, cervejada e truco de sexta à domingo.

Baita abraço.

A escolinha

por Paulo Mendes

Se o tempo do Sul usasse roupas, certamente andaria por aí com um longo sobretudo de lã, cheio de bolsos para guardar as silenciosas saudades. Por isso, toda vez que um vento maroto vem se esgueirar por entre as frinchas das casas, assobiando frias milongas, lembro das manhãs de inverno em que ia para a escolinha da vila de São João do Barro Preto. Ajudava a mãe a tirar o leite das vacas, ainda escuro, tomava um apojo na mangueira, vestia a velha calça azul-marinho, camisa branca, um surrado blusão de lã com gola V, uma japona, pegava a pasta pesada, cheia de bolitas, e montava no Tostado. A mãe, fazendo o mate, perguntava: "Não esqueceu a merenda? Não vai levar o pala?". Eu já estava ao trote, com uns carpins enrolados nas mãos, louco pra chegar cedo e brincar com os colegas. Pelas voltas da estrada, ia vendo a geada branquinha tingindo os campos, enquanto da boca do cavalo subia um bafo quente. Nos açudes, o gelo deixava uma lâmina de vidro que, antes de derreter com o sol da manhã, ainda refletia meu rosto irrequieto de guri campeiro. Depois da passagem dos trilhos, enxergava a gurizada meio encarangada, esperando os parceiros, formando os times.

O Tostado ficava num campinho ao lado, pastando solto, às vezes com o pelego sobre o lombo. Ele me esperava, pacientemente, até por perto do meio-dia. No recreio comíamos a merenda ligeiro, pra que sobrasse mais tempo pra jogar bolita ou pro futebol. Meu lanche preferido era um biscoitão de farinha de trigo, geralmente já endurecido pelos dias, e um pedaço de linguiça seca. Levava tudo enrolado em um velho guardanapo de pano xadrez, que em cima tinhas os dizeres "Feliz Natal". A pasta de couro, carregava à meia espalda, para poder segurar as rédeas. Lembro do Pitico, meu melhor amigo, que não levava merenda, mas eu repartia com ele. Meio biscoito e meia linguiça pra cada um. O pai do Pitico, desempregado, vivia borracho pelos bolichos. A mãe cuidava sozinha dos filhos. Minha mãe sempre alertava: "Divide com ele, um dia tu também pode precisar que alguém te alcance um prato de comida". Anos mais tarde, nos encontramos. O Pitico virara tratorista, estava casado e, depois de me abraçar, disse para os filhos: "Este aqui era o meu anjo da guarda na escola, me dava merenda, lápis e cadernos".

A professora, dona Dilcéia, nos ensinou a ler e a escrever. Dizia que eu era um excelente leitor. Carregava uns livros de causos gaúchos e uns livros de poesia debaixo dos pelegos. Lia uns trechos engraçados para a piazada, que dava gargalhadas debaixo dos cinamomos. Esta escolinha foi pra mim, meus amigos, o início de tudo. Por isso, a sua lembrança eu guardo bem escondida, num cantinho secreto, bem lá no fundo do coração.

Regalo publicação: jornal Correio do Povo

terça-feira, 27 de julho de 2010

Mazááá - "3ª Canoa" - De Flete, Cusco e Cherenga

3ª Canoa do Canto Nativa /
Canoas

Intérprete: Nilton Ferreira

Baita regalo do Nilton enviado pelo parceiro Matias Moura, índio que faz um ótimo trabalho nas rédeas da Rádio Terra Gaúcha, que também é parceira do blog.

Muchas gracias.

Nilton Ferreira - De Flete, Cusco e Cherenga

Porque me arranchei no campo
e acaricie-me num rancho
porque neguei paradores
e a ilusão dos desgarrados
por não emalar as garras
nem negar os meus valores
me apelidam de aporreado
quando dedilho a guitarra
porque sou mais eu no lombo
do quebra colmilhudo
porque destranço essas tranças
que maneia o sentimento

Porque sou cerne de angico
desde que me sei de criança
se estalo e não rebento
é por isto que ali fico

Botar bem pouco me custa
palanquear minha alma bugra
num rincãozinho de pampa
perdido nos cafundós
se cresci igual a um potro
falquejando minha estampa
somente me enxerga só
quem não avistou os outros

Há um flete no potreiro
mais guapo que um touro xucro
um cusco fiel amigo
praz horas de precisão

Uma faca de um bom fio
companheira no perigo
e um catre nunca vazio
praz coisas do coração

Porque me arranchei no campo
e acaricie-me num rancho
foi para não ter o meu cavalo
trocado por alguns pilas
o meu cusco escorraçado
quando saio praz esquilas
minha faca um milico
recolher pra o delegado
por isso é que me carancho
sou crioulo e não me achico

Cada um Apeia do Jeito que Quer (1)

Tchê, o brique é o seguinte, vamos começar um novo quadro aqui no blog e ele se chamará "Cada um Apeia do Jeito que Quer" em homenagem a comunidade bagual do Orkut com mesmo nome.

Nesse espaço vamos contar causos de gineteada e os tombos mais feios que os viventes já levaram.

Na parte "MARCADORES" vai ficar a frase "Plantando uma Figueira".

A idéia é bem simples, contar resumidamente e se possível com linguagem bem campeira o causo que aconteceu com você, inclusive indiada esse causo pode ser verídico ou não.

Vou tomar a iniciativa e começar essa prosa "loKa" de especial.

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por Fernando Massolini


CAUSO DO BAIO SEBRUNO


Nessa lida de plantar figueira sou um baita candidato a campeão estadual.

Já levei tanta rodada feia que nem sei por onde começar, foi desde cincha na "viria" até laçando vaca parada. Têm coisas que não dá pra acredita mesmo né.

Bueno, a figueira mais feia que plantei foi quando comprei meu segundo cuiudo, era fantástico, crioulo argentino do tipo, a pelagem era baia sebruna, cuiudo de contentar os zóio.

Como é de praxe sempre experimentar os animal antes de faze o brique, corri uns boi com o diabo e tudo certo, não veiacou e saia do brete a passito no más. Com o brique feito, dinheiro pru'm lado e cavalo pro outro, bueno, vâmo testa o cavalo em rodeio né, ai se bandeamo pra Veranópolis.

Bueno, chegando lá encilho e já vejo que o animal ficou de lombo duro. Faço correr na soga, afrouxo o lombo, monto e vô mete corda.

Home, na saída do brete ao pedir boi o maleva começa a empinar, não para, ai frouxei na rédea e meti denovo... bueno, essa lida foi uns par de vezes e nada dele sair a passo como no treino o dia anterior. O narrador lembro que era o Berga, maizáá, a indiada da comissão pedia pelo Massolini e o loKo só falava, Tá Domando, Tá Domando...

Depois de tantas tentativas mal sucedidas o mango e as espora começaram a come né!

E não tinha como ser diferente.

Saimo mesmo empinando do brete há grito de DEIXA QUE VÁ, foi o jeito que deu né. Quando caiu com as mãos no chão não vi mais nada, o cuiudo foi corcoveando do início até o final da cancha. A rês, essa não sei se o sebruno não viu ou fingiu não ver, bem capaz que consigo levar de rédea até ela.

Essa lida se repetiu nas quatro armadas da equipe, uma igualzita a outra, parecia replay de TV.

Chegando em casa do rodeio, eu já bem loKo de brabo com o ventena, encilhei denovo.

Mas foi só colocar o pé no estribo e me bolear porque o filho da mãe do imundícia se jogo de vereda pra trás. Se fui eu pro chão e o maleva por cima de mim, na hora não deu nem pra pensa direito, tirei a cabeça pro lado e o resto deixa que venha.

Resultado da lida foi que desmaiei de vereda, tive que bater raio X e fraturei um osso da perna.

Hoje o sebruno anda correndo rês com seu antigo dono, a indiada nem dá mais comida pra ele porque já sabem a fama do animal. Parece que agora magro, não veiacou mais.

Mas sabe né, cada um apeia do jeito que quer e foi assim que eu quis. Upapapa

Baita abraço indiada.

Juliana Spanevello - Enquanto não sai o CD . . .

Tchê, nunca estive tão "loko" pra saida de um CD como estou com esse da Juliana. A música de trabalho "Pela Querência" como já foi postado no quadro MaZáÁá aqui do blog MATO A PAU.

Bueno, enquanto não sai esse tal CD vamos vendo as palinhas nos shows Rio Grande afora.

Essa palinha foi gravada pela parceira Quelen Bicca do blog "LAÇO PERFUMADO" e o show foi na cidade de Cachoeira do Sul.

Segundo a Juliana, esse regalo está no repertório do CD e inclusive a interpretação é junto com o Joca Martins (idem vídeo).

Mulher gaúcha + Música campeira...

Capaz que não "vô" posta aqui.

Bem capaz mesmo.



segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mazááá - "23ª Carijo" - Sou de Campo

23º Carijo da Canção Gaúcha /
Palmeira das Missões

Intérprete: Jean Kirchoff

Uma homenagem do "Na Hora do Amargo" a esse ótimo artista consagrado em diversos festivais nativistas.

Gaúcho que canta o campo com uma simplicidade invejável.

Inclusive o Jean já aderiu à campanha "Seja um PARCEIRO do blog".

Mil gracias parceiro.

Jean Kirchoff - Sou de Campo

É que sou de campo e não sou de mar...

Mano velho, que pago é esse
que escolhes-te longe daqui
e eu o que digo, para os amigos
que a todo momento perguntam por ti
guarda na mente, o que nossa gente
não se cansa em repetir
a natureza esconde mil belezas
nessas correntezas do rio Ibicuí

Mano velho que pago é esse
que conquistou teu coração
ou foi cambicho com gosto salgado
com corpo bronzeado no sol de verão

Mas te confesso que as vezes receio
por um golpe feio de buscar socorro
em terra estranha uma parada ingrata
é se perder na mata sem ter cachorro

Mano velho que pago é esse
que escolhes-te para morar
esta querência chora tua ausência
mas não botou outro no teu lugar

Quando partis-te por certo não viste
tantas mãos amigas a se estender
e os olhos tristes da nossa mãe velha
encharcarem a terra que nos viu nascer

Mano velho que pago é esse
eu insisto em te perguntar
porque me agrada contemplar o rastro
que fica no pasto no meu cavalgar

O Martín Fierro que um dia leste
talvez esqueces-te mas é bom lembrar
nem te espanta se só canta em cantos
das coisas do campo e nem falo de mar

Mano velho que pago é esse
que escolhes-te para morar
esta querência chora tua ausência
mas não botou outro no teu lugar

Ética nos Brasileiros

por Wianey Carlet

Em 1969, o Internacional lutava para quebrar a hegemonia gremista no RS. Conta a história que, no jogo decisivo daquele Gauchão, Ibsen Pinheiro (à esquerda), dirigente colorado, surpreendeu a todos quando, calmamente, invadiu o campo e dirigiu-se ao árbitro. O que falou ao juiz, comenta-se, não se recomenda. Ao final do jogo, o Inter dava a volta olímpica. Era o campeão da temporada. Até hoje, Ibsen é festejado pela inusitada intervenção que, garantem, foi decisiva para a conquista do título pelo Inter.

Em 2005, o Grêmio entrava em campo no Estádio dos Aflitos para decidir o seu futuro próximo. Se perdesse, permaneceria mais uma temporada na segunda divisão. As consequências seriam terríveis. Jogo contra o Náutico andando quando, de repente, o árbitro marca pênalti contra o Grêmio. Reações nervosas dos jogadores, algumas expulsões e, repentinamente, várias pessoas, dirigentes, conselheiros e ex-dirigentes, invadem o gramado e acrescentam lenha na fogueira. Apaziguados os ânimos, o Náutico cobra o pênalti, Galatto defende e minutos depois Ânderson marca o gol da vitória. Estava escrita a história da Batalha dos Aflitos. Até hoje, elogia-se a invasão dos cartolas como tendo sido decisiva para a vitória.

Quarta-feira, no Olímpico, o jogo entre Grêmio e Vasco da Gama já se encaminhava para o encerramento. O empate prejudicava o time gaúcho, mas não era mau resultado para os cariocas. A bola, lançada para área do Vasco, foi interceptada pelo zagueiro Titi, com a mão. Pênalti que o árbitro não marcou. Terminada a partida, Titi dava entrevistas, ar angelical, garantindo que tocara a bola com o peito. Mentia descaradamente. Ninguém censurou a atitude do jogador. Entre os vascaínos, certamente, foi festejada a “esperteza” do zagueiro.

Suárez, um dos atacantes do Uruguai, deixou a última Copa do Mundo aclamado como herói. Tudo porque, no encerramento da prorrogação, contra Gana, defendeu um chute dos africanos com a mão. A bola entraria. O árbitro marcou o pênalti, Suárez foi expulso mas Jean cobrou e desperdiçou a oportunidade. Na decisão por pênaltis, o Uruguai ganhou a vaga. E Suárez entrou para a história como herói daquele jogo decisivo.

São incontáveis os exemplos, no futebol, em que a falta de ética foi santificada. Quantas vezes as luzes do Olímpico e do Beira-Rio foram apagadas porque a escuridão atendia aos interesses dos donos da casa?

Cabe perguntar: se no esporte mais popular do Brasil, escarnecer da ética tornou-se padrão de comportamento, aonde estará a autoridade para cobrar ética na política, por exemplo? Se achamos que a ética, no esporte, não é necessária, que o importante é vencer e o resto é pura bobagem, por que seria diferente na vida?

Agora responda: você nunca disse que seria ótimo ganhar do rival com gol de mão, no último segundo de jogo, em impedimento? E você ainda se acha ético? Vamos admitir, estamos longe de ser éticos.

Importante é levar vantagem, este é um lema nacional !!!

Regalo foto: Efetividade blog (blogj11.wordpress.com)
Regalo texto: blog do Wianey

Mazááá - Gujo Teixeira - Coplas de Terra Morena

Como na maioria de suas canções Gujo retrata mais uma vez a lida de campo e o amor pelo rio grande.

É a canção que abre o CD Campo Largo do Gujo.

Música: Gustavo Teixeira e Xirú Antunes
Intérprete: Gustavo teixeira

Baita regalo.

Gujo Teixeira - Coplas de Terra Morena

Enquanto a terra morena
florescer sonhos e cardos
e as tranças forem o rumo
dos buçais bem reforçados,
pra escorarem os tirões
dos baguais de primavera
então serei um dos poucos
a não me tornar tapera.

Donde provém meu sustento
é onde o baio relincha
e o vento que venta norte
toreia o capim da quincha
eu sei meu mundo é pequeno
vai pouco além da invernada
mas sei que tem muito mundo
pra onde segue essa estrada.

O mundo que segue a estrada
eu muito pouco conheço
mas sei dos que aqui voltaram
que é um mundo do avesso
onde os sonhos valem pouco
e a alma dos campeiros
são escravas dos fantasmas
que lhe apartaram do arreio.

E enquanto eu tiver meu baio
e a força sustenta no braço
de certo nao passo fome
como com a boca do laço
pois quando se abre no céu
armada depois rodilha
meu mundo fica por conta
só do botão da presilha.

Sou campo, terra e bem mais
do que eu possa desejar
e um dia a terra morena
vem por certo nos cobrar
então serei só recuerdos
povoando sonhos e fatos
e um sembralte gaúcho
na palidez dos retratos.

RADICCI - Adão Hussein

Regalo: Carlos Henrique Iotti

Algumas Palavras

por Luciano Maia

Na longa estrada que percorri durante estes anos, cruzando por palcos de festivais, shows, produzindo discos, atuando como músico de estúdio e tantas outras coisas mais, conheci muita gente, fiz amigos, sofri um pouco com as viagens e a saudade, passei muito tempo longe de casa, mas, principalmente evoluí musicalmente e aprendi a valorizar ainda mais a cultura rica e especial de um lugar que me viu nascer, crescer e me acolhe como casa, o RIO GRANDE DO SUL.

Lugar muito diferente de outros por onde passei, criticado pelo bairrismo, pelo machismo e as idéias separatistas, porém pouco entendido, seja pela maneira de falar, pelos usos e costumes. Admirado por sua vez, pela maneira acolhedora de receber os visitantes, pelo modo de cuidar da família e dos mais antigos, pelo povo cordial e amigo, gestos moldados ao longo dos anos por diferentes culturas que por aqui se aquerenciaram.

No entanto, o que mais me orgulha no meu povo é a manutenção do ideal de viver bem, de conservar as tradições, de fazer música não apenas para vender, mas sim para expressar o que o coração e a alma sentem, usar bombacha, lenço e bota não para se exibir com a nova moda, mas para mostrar o sentimento gaúcho e o grande orgulho pelos nossos antepassados, comer uma carne gorda de uma costela bem assada, como fizeram os antigos, para ter energia para enfrentar campo a fora as intempéries do mais completo calendário metereológico do Brasil, e por fim algo muito estranho aos que não são daqui, tomar mate ou chimarrão (uma água quente e amarga que mais parece uma tortura - frase que muito ouvi por aí a fora), tendo a consciência que é uma tradição que nos ensina, através de um pequeno gesto, a confraternizar e dividir tudo o que a gente tem de melhor,em um assunto sério, ou numa conversa jogada fora com a família, amigos ou parceiros.

Enfim, escrevi tudo isto para dizer que sou musicalmente a compilação de todo estes sentimentos que tive e de experiências que tanto me ensinaram. Vivo um novo momento como instrumentista, compositor, arranjador, um novo cantor, e também como ser humano porque me preparo para a mais importante missão na vida de qualquer um: ser PAI.

Regalo foto: Jorge André Diehl
Regalo texto: RadioSul.Net

Um Parelheiro

por Paulo Mendes

Meu pai era apaixonado por carreiras de cancha reta. Creio que, se fosse um homem rico, certamente investiria boa parte de suas posses em cavalos. Aos domingos era certo: depois do almoço - com carne assada no forno do fogão à lenha, maionese e uma garrafa de guaraná frisante Polar - atrelávamos o Tostado na charrete e seguíamos para as carreiras, um local perto do nosso bolicho, lá na Vila Rica. Um dia, o pai estava de mau humor e não quis me levar. Passei a tarde inteira chorando debaixo de um pé de cinamomo, atrás do capão de eucaliptos. Na época, a vida não tinha sentido pra mim sem as carreiras. Naquele dia, por coincidência ou por um castigo divino, o pai perdeu em todos os cavalos que jogou e decidiu, dali em diante, nunca me deixar em casa. Pedia minha opinião sobre as apostas e, invariavelmente, o cavalo que eu indicava vencia. "Este guri tem olho bom", costumava dizer nas rodas de amigos...

Dessa época lembro do Tranquito, um puro-sangue alazão que ganhou esse nome porque caminhava com um garbo britânico. Havia sido craque quando jovem e, nessa época, vivia como reprodutor em um haras. No entanto, naquele ano seu "compositor" decidiu trazê-lo de novo para as carreiras "sem reservas", como se chamavam as corridas livres, pois se aceitavam animais de qualquer lugar, aposta indefinida e no tiro de 400 metros. Seria a despedida dos trilhos de areia. Anos atrás, o pai conseguira uma cria da Gateada, uma égua nossa, com o alazão. Nasceu um lindo potro, mas não tínhamos dinheiro para mantê-lo no Jockey Club e acabou sendo vendido para um carreirista da Fronteira.

No dia da penca, o pai jogou pouco na Classificatória e se arrependeu. Tranquito largou atrás, mas ali pelos 200 metros assumiu a ponta e venceu fácil. A final ocorreu numa segunda-feira à tarde. Saí do colégio e fui direto, sem almoço. Comi dois pastéis com guaraná. Depois disse: "Se eu fosse o senhor, jogava tudo nele". Fez a aposta que, para nós, era uma pequena fortuna. Só lembro do famoso "se vieram" e onde nós estávamos "nosso" cavalo passou perdendo por pescoço. Soltei o grito: "Vamo, vamo, vamo" e, quando cruzaram a linha, alguém disse que o Tranquito havia vencido por uma cabeça. Ficamos esperando o retorno dos cavalos. Lá vinha ele, esbaforido, com o Zequinha, o jóquei, todo faceiro, abanando pro povo. Voltamos pra casa e nunca mais vi o Tranquito. O pai tinha "forrado o poncho" e por isso ganhei uma petiça e dois livros do Jayme Caetano Braun, que guardo até hoje, com os versos relidos amarelados na estante.

Nesta vida, meus amigos, aprendi muito cedo que um homem precisa estar longe dos cavalos lerdos e das mulheres ligeiras.

Regalo foto: Voldinei Burkert Lucas (www.lucas.art.br)
Regalo publicação: jornal Correio do Povo

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mas que Comunidade bem Gaúcha Tchê !!!

Bueno, pensa numa comunidade buenacha que encontrei...

Mas que tál ... "Amantes do Palheiro!".

Ressalto que não estamos incentivando o fumo, mas sim, somente com o intuito de resgatar e informar sobre mais esse costume de nossos antepassados.

* texto da comunidade:

Nada é mais importante que o "Resgate" da nossa tradição, por muito o "palheiro" fez companhia aos tropeiros que cruzavam o nosso Rio grande, fez presente em batalhas que marcaram a nossa história, sabemos que muitas foram as situações em que a fumaça dos palheiros serviram de ouvidos aos solitários guerreiros do nosso Rio Grande. Observo que apesar de "não" fumar qualquer outro tipo de cigarro, cultivo a tradição de picotear um "bom" fumo de corda e embeça-lo numa palha bem gaucha.

Viva o "palheiro"!

Viva as tradições gauchas!

Viva o meu RIO GRANDE DO SUL!!!

O "Palheiro" é feito de fumo em corda, apesar de já existir comércio de palheiros industriais, o bueno mesmo e tb mais "puro" e sem "químicas", é o que compramos em RAMA, e sovamos nas mãos.

Regalo foto: Voldinei Burkert Lucas (www.lucas.art.br)

Marcelo Caminha lança VIDEO AULA

Agora um dos mais respeitados guitarreiros do estado lança video aula voltada totalmente pra música nativista.

O DVD é intitulado "Violão Gaúcho" e já vai estar a disposição em 15 dias, serão produzidas apenas mil cópias.

Então indiada, vamos separando uns cobres de reserva porque oportunidades como esta não se encontra todo dia.

Vai ai uma palinha do DVD só pra deixar a indiada meia atucanada.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

O que você pensa a respeito dos cavalos?

por Marcelo Macedo

Mesmo sabendo que existem bons e maus profissionais no mundo do cavalo, escrevo este post com certo tom de revolta após assistir um vídeo no youtube onde um domador judia demais de um pônei e o proprietário escreve o seguinte comentário:

“Apesar de parecer bruto a lida para domar um pônei, esta agressividade é necessária pois temos que mostrar ao animal a quem ele deve respeitar". Neste filme o domador está começando a doutrinar o pônei para um garoto de 07 anos.

Muito se escreve sobre o cavalo e a equitação do gaúcho, doma tradicional x doma racional, doma mescla crioula e por aí vai…

O que quero aqui colocar é puramente o MEU ponto de vista. Minha indignação com as pessoas que acham que ser gaúcho é ser grosso e que cavalo precisa apanhar para ser bom.

Vestir uma bombacha, calçar um par de botas, tapear um chapéu, encilhar o pingo e sair campo a fora é um grande prazer para milhares de gaúchos, está nas raízes e vinculado às histórias do passado tantas vezes enaltecidas como histórias de garra e fibra de um povo valente.

Que o gaúcho é um povo aguerrido e batalhador é de fato um reconhecimento justo. O homem do campo, campeiro na sua essência, com seu conhecimento prático e sério possuei um valor inestimável para o sucesso da criação de rebanhos e manadas e consequentemente da economia gaúcha. Não é a este homem que direciono este post.

O que escrevo neste post, se refere ao gaúcho de fim de semana, que está em contato com a tecnologia, com a internet, com o trânsito e a correria do dia-a-dia nas grandes cidades, que mesmo tendo a informação em abundância prefere pensar que ser gaúcho é vestir bombacha, atravessar uma faca na cintura e andar a cavalo, sem ao menos pensar no que está fazendo e estudar um pouco sobre esses belos animais tão companheiros e que, além disso, muitas vezes são grandes psicólogos e psiquiatras naturais.

Cenas como as que vi no vídeo vão muito além de maus tratos com um pônei, são o retrato da falta de cultura de muitos gaúchos que acham que cavalos são sempre violentos e precisam apanhar para aprender a respeitar uma pessoa.

Apanhar para aprender a respeitar…

- quem disse que eles não respeitam?

- quem está desrespeitando quem?

O que importa não é o quanto você sabe sobre os cavalos, pois conhecimento se busca. O importante é saber o que você pensa a respeito dos cavalos e a partir daí buscar o aprendizado de forma correta!

Então deixo a pergunta aos amigos! O QUE VOCÊ PENSA SOBRE OS CAVALOS?

Regalo: campeirismo.wordpress.com

Freio de Ouro . . .

Finalzito de agosto já começa a 33ª Expointer e junto dela temos a final do Freio de Ouro 2010.

Já em ritmo de expointer, freio e cavalo crioulo vai uma retrospectiva dos campeões de 2009.

Regalo: Revista da Expointer

Soledad Pastorutti em Porto Alegre

Primeiro lote de ingressos para La Sole en Brasil está esgotado

Há pouco mais de um mês do show da cantora argentina Soledad Pastorutti em Porto Alegre, o primeiro lote de ingressos promocionais já está esgotado. Esta enorme procura do público demonstra a força e o carisma da musa La Sole, com seus fãs brasileiros.

Em agosto, Soledad parte para uma turnê internacional, que começa no Brasil, no dia 28 de agosto, com uma única apresentação durante a Festa Recuerdos, na Casa do Gaúcho, em Porto Alegre, RS, casa de espetáculos que tem recebido grandes atrações e tem sido o palco dos principais eventos na capital gaúcha.

O local possui estacionamento com segurança e uma das melhores estruturas para shows em Porto Alegre.

A festa começa às 22h, com o DJ Favorino Collares e suas badaladas recuerdos que embalaram a noite na América do Sul nas últimas décadas. La Sole irá subir ao palco aproximadamente às 23h30min, para um show histórico. Pela primeira vez, o público de todo Estado e País poderá ver o Furacão de Arequito em um show em Porto Alegre. Após o show de La Sole, Favorino Collares segue no comando da festa.

Os ingressos estão à venda na Loja Los Corrales e também na Coisa Gaúcha, em Porto Alegre. Os sócios da ABCCC podem adquirir ingressos com desconto na Loja da ABCCC durante as Classificatórias, e também em Pelotas.

Os ingressos para pista estão sendo comercializados por R$ 50,00. Para a área VIP, que dará acesso à pista e ao mezanino, o valor é de R$ 100,00. As mesas são comercializadas exclusivamente através do telefone (53) 8402-9410 por R$ 1.000,00 e dão direito a quatro ingressos, um litro de whisky oito anos e uma champagne.

A organização do show alerta que menores de 12 anos não poderão assistir ao evento. Maiores de 12 até 16 anos deverão estar acompanhados dos pais ou responsáveis, devidamente identificados e autorizados. O consumo de bebida alcoólica só será permitido para maiores de 18 anos.

O evento é uma realização da La Gitana e do Grupopromo, e conta com o apoio da ABCCC. Informações através dos fones: (53) 8402-9410 e (51) 9266-7202 ou no site: www.festarecuerdos.com.br

Regalo: ABCCC (www.abccc.com.br)
Colaboração: blog Pithan Pilchas (pithanpilchas.blogspot.com)

Mazááá - Grupo Porvadera - Buena Hora

Baita música que retrata a lida de um guasqueiro e as regras que esse tal do "movimento" cria, definitivamente impondo o que é ser gaúcho.

Esses tempos eu estava proseando com o Berga e parece que esse grupo não existe mais, lamentável para a cultura gaúcha.

O cd dos loKo ainda contam com mais 13 regalos,
todas composições de "Rômulo Chaves" e "Gilberto Lamaison".

Música campeira de fundamento.

Baita abraço.
Grupo Porvadera - Buena Hora

Tira o couro da estaca
emparelha, sova, pela
as vezes me bate na goela
essa quantia de tento
bueno, dali que tiro o sustento
"mas outa que as vezes me amola"

Me ajeito um maneador
umas cordita ponteada
te trago as bomba prateada
e as argola corneta
e um par de fivela maceta
"prás" correia de espera

Buena hora

Te larguei dos cravadores e alimentei a alma
numa milonga largada noite adentro
tirei a poeira e troquei as cordas do pinho
tomei uns trago e passei a faca nos tentos
e fui campear a rima mal costeada
orelhana campo afora
descarnei versos na madrugada
orelhana campo afora
é pra quem vê um guasqueiro louco
milongueando campo afora

E no outro dia, tudo denovo
tira o couro da estaca, emparelha, sova, pela
sempre raleando com os cachorro
volta e meia "dô" uns estouro de mango
quem vê eu "tô" peleando solito
grande coisa, nos dias de hoje
que é moda andar com corda suja
como se fosse sovada
gauchada de fim de semana
cheio de pingente no chapéu
que periga até puxar um raio
e ainda me vem "os movimento" dizendo
que essa bombacha é fronteira
aquela outra é serrana
querendo ensinar ser gaúcho
quem nasceu de alma tirana

Buena hora

Te larguei dos cravadores e alimentei a alma
numa milonga largada noite adentro
tirei a poeira e troquei as cordas do pinho
tomei uns trago e passei a faca nos tentos
e fui campear a rima mal costeada
orelhana campo afora
descarnei versos na madrugada
orelhana campo afora
é pra quem vê um guasqueiro louco
milongueando campo afora

E que perpetuem a ânsia
de pajadores e guitarreiros
que têm por sina serem mensageiros
dessa herança crioula
e se firmem as esporas
pelo nascer das auroras
de algum piazito criado
por esse chão colorado
orelhano campo afora

RADICCI - Adão Hussein

Regalo: Carlos Henrique Iotti

Cultura gaúcha em parque

A cultura do gaúcho como um caubói argentino pode ganhar um parque temático em Gramado no próximo ano. A proposta do empresário Marcos Gomes, diretor do Gramado Zoo, é montar um espaço onde serão valorizadas as raízes da história do gaúcho. O projeto envolve atrativos para crianças e adultos em uma área de 250 hectares, ao lado do zoológico.

O parque temático deverá contar com espaços sobre manejo de animais e passeio a cavalo, lida campeira, processo da erva-mate, museus interativos e restaurante.

E vai focar na época de formação do gaúcho, desde os índios até o século 19, com destaque para a Revolução Farroupilha.

Regalo: Maria Isabel Hammes (jornal Zero Hora)
Colaboração: Hilton Luiz Araldi e blog Mundo Gaúcho

quarta-feira, 21 de julho de 2010

"Na Hora do Amargo" no OrKuT - UpApApA

Com o intuito da gauchada ter conhecimento do blog, criamos nosso primeiro perfil do OrKuT.

"Vâmo metendo" e continuando a levar o campeirismo na internet.

ADICIONE CLICANDO AQUI

Baita abraço.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Mazááá - "32º California" - Combate de Campo

32º California da Canção Nativa /
Uruguaiana

Intérprete: Angelo Franco

Combate de Campo


Um homem de campo
num flete bueno de embate
transforma lida em combate
como se fosse um guerreiro
por isso quando um matreiro
se alça pela invernada
sou cavalaria armada
num ideal de campeiro

Se grudemo mano a mano
levantando polvadeira
oi gale tê porqueira
num lançante campo afora
é no calor dessa hora
que o coração bate forte
e o gaúcho entrega a sorte
pra Deus e Nossa Senhora
o doze braças se estende
assoviando junto ao vento
tomara que esse seis tentos
agüente firme o tirão
não é fácil meu irmão
um brasino sem costeio
é pior que um tiroteio
ou peleia de facão

Sob o zinido da armada
meus olhos buscam a volta
e a cachorrada de escolta
da dentada até na sombra
qualquer malino se assombra
se atiço os meus companheiros
tenho um casal de ovelheiro
que nenhum dinheiro compra

Depois de enroscar o laço
nas aspas do desgarrado
passo pra ele o recado
que é pra volta pro rodeio
quase me floxa o arreio
essa peleia de mano
mas tenho cincha e tutano
sobrando no meu vermelho

Enfim a tarde se finda
trazendo saudades dela
que ficou junto a cancela
comigo no coração
o dia-a-dia do peão
é essa santa batalha
onde vence quem trabalha
por puro amor a este chão

Se grudemo mano a mano
levantando polvadeira
oi gale tê porqueira
num lançante campo afora
é no calor dessa hora
que o coração bate forte
e o gaúcho entrega a sorte
pra Deus e Nossa Senhora
o doze braças se estende
assoviando junto ao vento
tomara que esse seis tentos
agüente firme o tirão
não é fácil meu irmão
um brasino sem costeio
é pior que um tiroteio
ou peleia de facão

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Das Invernias

por Paulo Mendes

Chamas multicolores se levantam das achas acinzentadas do fogo de chão, fazendo da dança nervosa das labaredas o próprio mistério enregelado que envolve essa gente do Sul. Lá fora, no arvoredo, os troncos e galhos nus emoldurados pelo sereno parecem velar pela memória dos ancestrais. Então, o senhor Inverno se abanca aqui dentro deste galpão de códigos antigos, verbos milongueados pela cordeona do tempo. São as frias vozes do minuano que vêm se acomodar debaixo do poncho de baeta colorada. Sob as camadas de gelo que branqueiam os cabelos do campo, dormitam séculos de saudades longínquas, já esquecidas pelos homens que mateiam em círculos de instinto ao redor dos braseiros. São fisionomias tristes, destruídas, unidas pela recordação dos que também viveram encarangados e depois partiram num voo de pássaro perdido.

O velho Inverno chega sempre com suas bárbaras barbas brancas de geada. Para lembrar-nos de que o tempo não galopa, apenas troteia, não para nem pra beber água, este esconjurado! Então é chegada a hora dos longos e tenebrosos causos de aparições, de medonhas carrancas, de noites enluadas ao redor dos saladeiros, de duendes, salamancas e princesas mouras enfurnadas pelos cerros e canhadas. É a época em que a velha senhora caminha com chinelas leves e atiça com gravetos o fogão à lenha. A pequena chama encarnada ferventa um caldo num panelão de ferro e o cheiro se alastra pelas narinas famintas dos viventes acantonados.

O tino e o rumo dessa indiada nunca mudarão, seguindo sempre pelos dias curtos e noites intermináveis. Não há, senhor Inverno, quem assuste essa gente dos meridianos, mesmo que o teu vento galope louco e possesso em rajadas líquidas pelos beirais e os raios despejem punhaladas nas encostas e nos ranchos. Não, essa gente guapa não se amedronta, podes ter certeza. Ela estará sempre firme, sem receios, e nada a impedirá de seguir cuidando do campo, do gado, das ovelhas e dos cavalos. Este aqui é o lugar deles, homens forjados pela têmpera dos avoengos, dos que lutam e nunca desistem. Povo que tem os descampados no sangue...

Eles sempre souberam que o gelo vem, mas depois se arranca, levando embora seu poncho de tristezas frias. Depois, todos se levantarão dos cepos, lustrarão as botas com sebo de rim de ovelha, e tudo recomeça. Mais um ano se vai, outras campereadas virão, novos sonhos vão embalar os jovens gaúchos na primavera que chegará com as cores vibrantes e os alvoroços de setembro. E para trás ficarão as cinzas mortas dos fogões, dos braseiros esquecidos e a picumã das cumeeiras. Então, a gente do pampa terá um ano inteiro para se preparar, outra vez, para as novas invernias...

Regalo foto: Fernanda Costa (nandancosta.blogspot.com)
Regalo publicação: jornal Correio do Povo

DO LEITOR - ZeRo HoRa ->>> Palmadas

por Milton Ubiratan Rodrigues Jardim
aposentado

Era só o que faltava, o governo querendo meter-se na vida das pessoas, ensinando a educar as crianças, fazendo “leizinhas” proibindo a palmada. Tapas e palmadas já tiraram muita gente do mau caminho. O presidente e a turma do Congresso não têm o que fazer?


por Vitor Hugo Stepansky
aeronauta

A polêmica a respeito da palmada só serve para desviar a atenção de problemas mais sérios e urgentes que o Brasil precisa resolver.

Regalo Charge: Marco Aurélio