quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Hoje foi mais um dia...

por Guto Gonzalez

Hoje!...

Foi mais que um dia de campereada
Cheguei nas casa
Desencilhei, fiz um mate
Segui sorvendo e pensando...
Pensando de alma pesada

Hoje!...

Foi mais que um dia de campereada
Pois vi a vida enquadrada
Desde um extremo a outro
Vi dois cordeiros nascendo
E um terneirito morto


Quando sai de manhã
Soprava frio um ventito
E recorrendo eu e o Vitor
Se fomo até meio-dia
Mas notei que hoje - o dia –
Andava meio esquisito

A tarde empeçava morna
Voava alto a corvada
Era uma tarde nublada
Com jeito de viração
Que angustia o coração
Mas a gente não diz nada

Logo abaixo do rodeio
Vi dois cordeiros berrando
Pela ovelha chamando
Que ao tranco se ia embora
Por sorte foi bem na hora
Que eu ali ia cruzando

Talvez não ouvi-se os berros
Por causa do vento norte
Se ia extinguindo a sorte
Daqueles recém nascidos
Que mal os olhos abrindo
Já iam encarando a morte

Segui recorrendo o campo
Agora mais aliviado
Depois que os dois “bem mamado”
Iam ter força pra andar
Pra poderem acompanhar
A sua mãe no costado

Mas hoje!...

Foi mais que um dia de campereada
E lá na mangueira do meio
Tem umas vaca de ubre cheio
Já co`as teta bem inchada
Que tem que dá uma esgotada
Pra pode mamá os terneiro

Mas Bueno!...

Segui batendo meu basto
Nas cruz da minha tordilha
Quando avistei nas flexilha
Uma polianga deitada
Então fui dá uma chuliada
Recém tinha dado cria

Notei ainda do basto
Que o bichinho era doente
E aquela angústia de repente
No peito brotou ligero
E que a sorte dos cordeiros
Não andava mais co`a gente

Alcancei pro Paulo Sérgio
Que acomodou a terneira
Na cabeça das basteira
Levava a pobre agarrada
E eu com a vaca apartada
Em direção da mangueira

Botamo a vaca no tronco
Tiramo um pouco de leite
Fizemo mamá a doente
Pra vê se a “conchenca” salvava
Mas era pior do que pensava
Mal formada boca e dente...

No constatar o problema
A esperança ficô poca
Não tinha o céu da boca
Um buraco no lugar
E vimo que pra se salvar
Só tendo uma sorte loca

Mesmo assim... foi dado o leite
Por descargo de consciência
Mas digo pela experiência
Embora faça minha prece
Que a pobrezinha amanhece
Bem longe desta querência

Por isso, Hoje!...

Foi mais que um dia de campereada
Cheguei nas casa de alma pesada
Por ver a vida, bem enquadrada!

Só pude olhar...

E fazer, nada!

Regalo: blog Compondo Rastros

A vingança do Zé Campeiro

por Paulo Mendes

A memória é tudo o que temos. Do que guardamos e trazemos atado nos tentos do passado podemos reconstruir o presente e inventar o futuro. Por isso, conto, porque o que trago é o meu pago, às vezes vago, às vezes largo, no turbilhão das lembranças errantes. Coisas do que vivi lá na Vila Rica, atrás do balcão do bolicho, recolhi pelos corredores de terra vermelha na culatra de tropa, nas noites de lua cheia em épicas caçadas de tatu, nas pescarias nos finais das tardes quentes de verão ou enquanto gineteava tições nas frias madrugadas de agosto. Deposito aqui, meus senhores, nesta tarca de desgarrados recuerdos, essas impressões campeiras. Porque isso formou em mim o gaúcho que carrego na alma.

Conto, por exemplo, a história do touro colorado, de aspas afiadas, um maligno que nunca respeitou mangueira, rebentador de laços e de argolas e fazedor de defuntos. Se passou lá na Estância do Coqueiro, de uma família antiga e pioneira na região, uns Mascarenhas, que começaram a criar a raça Charolesa, abandonando os animais reiúnos. Esses acabaram por ficar no fundão dos campos. Pois foi por lá que o tal touro colorado começou a aprontar das suas. Primeiro matou um capataz, que caiu do cavalo num pelado de rodeio. E, depois, meus amigos, cometeu esse triste crime que lhes conto agora.

Doralice, mulher do José Campeiro, grávida de sete meses, começou a sentir umas dores e saiu a procurar uma parteira. No atropelo, quis atorar caminho e decidiu junto com o Augusto, ainda gurizote, atravessar uma invernada da estância. Então topou-se com o touro, que escarceava numa coxilha. O guri tentou ajudar a mãe, mas o touro atropelou e a varou com uma aspada. Augusto conseguiu escapar, se jogando numa voçoroca. Depois, fugiu e foi contar pro pai que estava chegando de um serviço. O Zé mesmo me fez o relato:

- Afiei bem meu trêis lista e me toquei pra fazenda. O seo Cypriano tava mateando quando le disse: Vim acertá uma conta com esse toro vermeio. Quando o bicho me viu, ficô me oiando, sabendo que a coza ia sê deferente. Matei devagarito, pra mode dele se senti que nem eu, que tava carneado por dento, o senhor faiz compreensão?

Fui ao enterro da Doralice e do seu filhinho que nem chegou a nascer. Depois de tudo acabado, coube a mim a tarefa de acompanhar o viúvo e o gurizote. Era dia esplêndido, ensolarado, com cheiro de pitangas. Perto do rancho deles as garças passavam num voo branco e os maçanicos conversavam miúdo no banhado. Mas o Zé Campeiro não via nada. Lembro dele, montado no gateado, fita preta no braço, taciturno, carregando na garupa o couro encarnado do touro sem coração...

Regalo: jornal Correio do Povo

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Rodeios, rodeios e rodeios

Buenas gauchada, o brique tá feio uma barbaridade por essas bandas...

Bueno, no final de semana passado fomos para São Jorge, na 5ª volta da finalera das duplas uma armada minha da cedenho e não consigo limpar antes da rês mecher a cabeça e tirar o laço das aspas...

Nesse final de semana fomos pra Paraí, choveu e ventou pra caramba e ficamos em 3º lugar nas duplas do rodeio força A, caimos na 8ª volta.

Seguindo o embalo da lida, no final de semana que vem seguiremos botando de cano cheio ou em Guabiju ou em Anta Gorda. Espero dessa vez sair com uns trocos pra recuperar o desfalque dos últimos 2 rodeios.

Fico por aqui, enquanto isso vou procurar alguma música nova pra enquadrar no MAIZÁÁ.

Baita quebra costela a todos.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Rodeiaço em NOVO HAMBURGO

Rodeiaço que acaba nesse final de semana.

Porto Alegre recebe 2ª Mostra da Faca Artesanal Gaúcha

Enviado pelo parceiro do blog e fotografo Eduardo Rocha.

Amantes e admiradores da arte de forjar facas têm encontro marcado nos próximos dias 4 e 5 de dezembro, no restaurante Vitrine Gaúcha, do DC Navegantes, em Porto Alegre (RS). O local abrigará a 2ª Mostra da Faca Artesanal Gaúcha, evento aberto ao público e com entrada gratuita.

Além de exposição e comércio de facas, haverá, ao final de cada dia, demonstração de cutelaria em uma minioficina. O espaço contará com uma forja moderna, a gás, e outra antiga, a carvão, além de bigorna, martelo e outros equipamentos necessários para a manufatura de facas artesanais. Também haverá dinâmicas de cortes e afiação (interessados podem contratar serviços de afiação no local). A Associação Gaúcha de Cutelaria, organizadora da mostra, prevê a participação de pelo menos 35 expositores e espera um público diverso. “São convidados cuteleiros e colecionadores de todo o Brasil e até do Exterior. Mas o público é bem heterogêneo, esperamos desde o gaúcho de CTG, até chefs de cozinha e donas-de-casa”, afirma o presidente da Associação, Cássio Selaimen.


Quem for ao DC Navegantes vai conferir desde as facas mais simples, vendidas ao redor de R$ 30, até exemplares raros, para colecionadores. Entre as mais elaboradas, que chegam a custar até R$ 5 mil, haverá facas e bainhas adornadas com prata e ouro e as feitas com aço damasco. “As facas mais sofisticadas são feitas de aço damasco, resgatando uma técnica medieval que por um tempo ficou esquecida e hoje é dominada por poucos no Brasil”, explica Selaimen. Esse material é resultado do caldeamento de dois ou mais aços e resulta em uma lâmina extremamente resistente, flexível e com um desenho peculiar que lhe confere beleza única.


O patrono da 2ª Mostra da Faca Artesanal Gaúcha é Antônio Augusto Fagundes. Entre as atrações, haverá ainda shows musicais, de artistas como Elton Saldanha e Telmo de Lima Freitas, entre outros.


O que: 2ª Mostra da Faca Artesanal Gaúcha
Quando: 4 e 5 de dezembro, (sábado, das 9h às 18h, e domingo, das 9h às 16h)
Onde: Restaurante Vitrine Gaúcha, no DC Navegantes (Rua Frederico Mentz, 1561, bairro Navegantes, Porto Alegre)
Quanto: entrada gratuita