terça-feira, 26 de abril de 2011

RUI BIRIVA FOI VELADO NA CÂMARA DE VEREADORES

Na terça-feira pela manhã, na Câmara de Vereadores, foi velado o corpo de Rui Biriva, gremista, tradicionalista, interprete e compositor de muitas canções que são marcantes para a nossa cultura. O funeral teve a presença de personalidades da música, da política e de representantes do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, clube do qual ele foi Consul Itinerante.

Biriva ao saber de sua doença terminal fez dois pedidos à família. O primeiro ser enterrado em sua terra natal, Horizontina, e o segundo que seu corpo fosse velado com a bandeira do Grêmio.

Fica a nossa lembrança do grande músico, grande tradicionalista e grande ser humano que foi Rui Biriva. E o Grêmio presta homenagem a este gremista que aonde passou sempre levou consigo as cores do Tricolor.

Fonte: gremio.net

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cavalos do Amanhecer

Buenas indiada, fazia tempo que eu não recebia um texto tão bom como este que a Tânia me envias-te, consegui até sentir o cheiro e a calmaria do campo lendo esses belos versos.

Parabéns parceira.

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Caro Fernando,
uma colaboração ao Na Hora do Amargo.
Abraços,
Tânia.
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“CAVALOS DO AMANHECER’

por Tânia Du Bois

Cavalos do Amanhecer é o livro de Mário Arregui que, com talento e sensibilidade, descreve a essência do gaúcho (na coragem, tradição e superstição) iluminando a cena regional.

Todos conhecem cavalos. Muitos gostam de cavalos, por vários motivos. Um cavalo no campo é a imagem da natureza, parecem ser os “Cavalos do Amanhecer”.

Sentar na varanda da casa, olhar o horizonte chimarreando enquanto o sol aponta é sentir a luminosidade da aurora o cheiro verde, e ver no reflexo o cavalo em sua solidão; onde apenas concilio palavras extraviadas do animal, enquanto minha mão desliza em seu pelo.

(CAVALO, CAVALO, CAVALO,) ASSUMO / PRUMO, / A LÚCIDA VIGÊNCIA, / MÍNIMA / MÁXIMA / CONSEQUÊNCIA, / DESSA LATENTE PAIXÃO”

(Políbio Alves)

Ao registrarem suas ideias os poetas adotam na tomada do contato poético com a figura do cavalo o ritmo da linguagem que nos oportuniza “ver” e admirar a beleza do cavalo no mundo de imagens que tomam conta da alma e, também, nos fazem sentir domadores de palavras ao nos aproximar do mítico.

“... Quem dera a pampa / pouco lhe falta / a guaiaca tomada de solidão / num palanque de guajuvira / pouco lhe fala / a espora de prata / que o pasto esconde / na sua treva verde / que um cavalo cheira / e reconhece / sem coração estrelado...” (Luiz Miranda)

Com as portas sempre abertas o gaúcho se destina à companhia do cavalo, quadro que nos leva a conhecer e compreender o retrato da vida no campo, juntamente com o poeta Luiz de Miranda, “Paixão, cavalo de ventania / cavalo de cancha reta / cavalo em freio ou parelha / cavalo, cavalo, cavalo...”, onde o poeta revela o espírito inquieto do animal que representa a liberdade na expressividade que em um gesto relembra as paisagens do pampa.

Ao poetizar sobre cavalos temos revelada a força paradoxal do animal, que consiste na alma em influxo e que mostra a riqueza do corpo se oferecendo para ser percebido, como em Renato Teixeira, “Olhando um cavalo bravo / No seu livre cavalgar / Passou-me pela cabeça / uma vontade louca / de também ir / Para um cavalgar...”

segunda-feira, 4 de abril de 2011

MÁRIO QUINTANA: O poeta diante da sua própria arte

Caro Fernando,
pelo aniversário de Porto Alegre, uma colaboração
para o Na Hora do Amargo.
Abraços,
Tânia.
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MÁRIO QUINTANA: O poeta diante da sua própria arte

por Tânia Du Bois

Estamos comemorando o aniversário de Porto Alegre, capital e coração do Rio Grande; uma oportunidade para lembrar a intensa vida de trabalho de Mário Quintana que, com emoção, possibilitou a realização integral de seus sonhos de luz, liberdade e felicidade.

Quintana foi um poeta muito especial, o que nos permite penetrar no reino das palavras quintanares e passear pelos seus textos como quem conversa com a cidade de Porto Alegre.

A reunião de alguns de seus textos permite a visão do seu percurso, mostrando o poeta diante da sua própria arte:

1 – Preto no Branco

“A arte de escrever é, por essência, inerte e tem sempre um quê

proibido: algo assim como essa tentação irresistível que leva os

garotos a riscar a brancura dos muros”.

Onde Quintana transfigura a imagem da cidade, nas metáforas de seus poemas.

2 - A Rua dos Cataventos

“Jogos de luz dançando na folhagem! / Do que eu ia escrever

até esqueço... / Pra que pensar? Também sou da paisagem...”

Mário Quintana, muitas vezes, confundido com a paisagem das ruas de Porto Alegre.

3 – “De Sonetos e de Canções”

Uma das características de Mário Quintana é a melodia de seus

Versos, símbolo que, ancorado na cidade, fez dela seu itinerário de canções.

4 – O Diálogo entre o Poeta e a Rua

“Dorme ruazinha... É tudo escuro... / Em meus passos,

quem é que pode ouvi-los?”

A exploração de suas andanças pelas ruas de Porto Alegre. 5 – XI “Passos da Cruz”

“Não sou eu quem descrevo / Eu sou a tela

E oculta a mão colore alguém em mim”

O poeta funde em poesia a realidade e a imaginação: Porto Alegre é sua poesia.

5 – O Mapa

“Olho o mapa da cidade / Como quem examinasse / A anatomia

do corpo... / sinto uma dor infinda / das ruas de Porto Alegre /

onde jamais passarei...”

Nesse poema ele fala de lugares, ruas, bairros e estão relacionados às suas diferentes lembranças sobre a cidade.

6 – Na Volta da Esquina

“Os sorrisos mais encantadores que a gente recebe na vida são os

desses candidatos em vésperas de eleições”.

O eu-lírico presente no texto, “sorrisos” com uma pitada sobre Política, sua maneira de ajudar a refletir seu encanto por Porto Alegre..

7 – Ora Bolas

Segundo Luís Fernando Veríssimo, Quintana dizia muito “ora bolas”, que era o seu desabafo de mil utilidades – é um livro que reúne o humor cotidiano.

8 – Dos Livros

“A duas espécies de livros: uns que os leitores esgotam, outros que

esgotam os leitores”.

Aqui, Quintana revela a face secreta de Porto Alegre e de seus habitantes.

9 – O Auto-retrato / “No retrato que faço / - traço a traço – /

as vezes me pinto nuvem / as vezes me pinto árvore”.

O poeta sempre amou a cidade que, desde sempre, lhe retribui esse amor.

Para Quintana, escrever sobre Porto Alegre, era a sua maneira de comunicar-se com o mundo e demonstrar seu amor pela cidade. Hoje, a certeza de que a mesma se reconhece em seus versos e ele está presente em sua paisagem.