quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Galpão Campeiro

Mas tchê, li agora um baita regalo no blog do Galpão Campeiro, texto escrito pelo companheiro Gabriel Marquez Gonçalves.

O mesmo ressalta sobre histórias verídicas ou não que nossos artistas regionais atribuem a suas canções tornando-as emocionantes e relatando o cotidiano do gauchismo.

Vale a pena conferir:

Baita abraço indiada.

As Mãos do Alambrador

por Paulo Mendes

Quarenta janeiros atrás, dentro daquela casa simples, tendo ao fundo um poço com bocal acimentado e um pomar, vivia uma família inteira. Hoje, o rancho está vazio, assim como as almas de Celestino Estrada, o alambrador, e de sua esposa, dona Guidinha. O pátio tem uma cerca carcomida de taquara na frente, com um portãozinho de ferro. À esquerda, uma cerca de arame, sendo que o terceiro, com farpas, arrembentou-se faz tempo. Avistam-se duas tramas quebradas e o moirão, onde um casal de barreiros fez ninho, está frouxo. As duas laranjeiras não dão mais frutos. Do abacateiro, sobrou apenas o tronco seco, cortado por um raio.

Todas as tardes o casal mateia debaixo da única árvore que se mantém em bom estado. Trata-se de um tarumã, que já estava ali quando eles chegaram. A cuia passeia de mão em mão, lentamente, num ritual que se estende há anos. O porongo está gasto, liso, reluzente e combina com as duas mãos que o apertam diariamente. As mãos de dona Guidinha são mais brancas, mas também mostram grandes sulcos pelo dorso, por onde se escoaram as fantasias de menina criada solta, junto com os irmãos, na Serra da Boa Vista. Quando casou, era uma morena cheirosa, usava vestidos de chita, que lhe davam um ar silvestre. Foi numa tarde de abril, debaixo do arvoredo, quando fazia uma gemada, que avistou aquele gaúcho ainda jovem, montado num alazão, um facão atravessado na cintura, trazendo na garupa uma máquina de espichar arame, um arco de pua, um serrote, um socador, uma alavanca, as pás e um bornal de couro com pregos, martelo, grampos, chaves e puas. Para esse homem, em cujas mãos calejadas havia uma força tamanha, ela se entregou. Agora estava sentado à sua frente, quase cego, ruminando o passado.

A mão direita de Celestino treme quando ele a estende com a cuia para a mulher. Ali estão as veias abertas e cicatrizadas com o passar dos anos. Mãos que ergueram quadras e quadras de cercas pelas estâncias serranas, depois nas Missões, morando em barracões improvisados nos fundões de campo. O velho levanta e, antes de entrar na casa, enxerga a cadeirinha azul, quebrada, só duas pernas e o assento, no oitão, abandonada. Foi presente dado a Miguel, o primeiro filho, quando este fez 2 anos. Em cima, no encosto se lia: "Sou do Papai". Dos filhos, restaram só os brinquedos, agora sem serventia.

No quartinho dos fundos, ficaram dois cavalos de pau, encostados na parede. No do meio, sobrou uma boneca quebrada. No galpãozinho, ainda estão uma pá de corte e uma torquês. Com a mão lanhada e trêmula, Celestino tenta limpar o olho bom, agora marejado, lembrando do tempo em que tinha a ilusão de que aquilo tudo seria para sempre...

Regalo foto: Alexandre Mendez
Regalo publicação: jornal Correio do Povo

Clicando o Pampa Gaúcho (5)

Mais um baita regalo dessa prenda que têm um talento indiscutível dentro da arte fotográfica.

A história da FOTO:

Olá, Eu só tenho a te agradecer, ficou lindo o blog, aquela foto é do meu marido Marco Pires eu estava fazendo fotos para o futuro cd dele, era um fim de tarde de setembro as ovelhas com cria ao pé, um solsito se despedindo e o gaúcho admirando seu trabalho.

É isso e muito obrigado fico feliz que tenhas gostado de minhas fotos.

Mil gracias!!!!!

Raquel Borba Pires

III Tradição e Coragem – Festival de Doma e Canto

por Juliana Spanevello

Amigos...

Recebi e repasso para que vocês divulguem, se possível!!!
Gracias mais uma vez.

Abraço
- - - - - - - - -

Ordem de apresentação do "III Tradição e Coragem – Festival de Doma e Canto" que ocorrerá de 08 a 10 de outubro dentro da programação da 84ª Expo-feira de Pelotas no parque de exposições Ildefonso Simões Lopes.

1ª NOITE SEXTA-FEIRA DIA 08/10:

01 - CALHAS
Letra: DAVI TEIXEIRA
Música: MATHEUS ALVES/RICARDO CAMARGO
Intérprete:ANGELO FRANCO E ITA CUNHA

02 - MINHAS ESPORAS DE FERRO
Letra: BIRA LOPES
Música: JARI TERRES
Intérprete: JARI TERRES

03 - QUEM VAI ENTENDER AS LUAS
Letra: OTÁVIO SEVERO
Música: LUIS FERNANDO BENDER
Intérprete: RAINÉRI SPHOR

04 - SEGUNDA SOVA
Letra: ZECA ALVES
Música: ÉRLON PÉRICLES
Intérprete: ANGELO FRANCO

05 - EXÍLIO
Letra:XIRÚ ANTUNES
Música: LUCIANO MAIA
Intérprete: LUCIANO MAIA

06 - UM VERSO TOCADO A VENTO
Letra: EDUARDO MUÑOZ
Música: MARCIO N. CORRÊA
Intérprete: RAINÉRI SPOHR

2ª NOITE-SÁBADO DIA 09/10:


01 - A QUATRO MÃOS
Letra: EDUARDO MUÑOZ/HELVIO LUIZ CASALINHO
Música: JOÃO BOSCO AYALA RODRIGUES
Intérprete:ROBLEDO MARTINS

02 - LÁ DE FORA
Letra: XIRÚ ANTUNES
Música: JULIANO MORENO
Intérprete: JULIANO MORENO

03 - ENPEZANDO LA DOMA
Letra: MARCELO PAZ CARVALHO/CLEITON SANTOS
Música: MARCELO PAZ CARVALHO/MIGUÉ VIEIRA
Intérprete: ITA CUNHA E MARCELO OLIVEIRA

04 - PRA TE FAZÊ UMA VISITA
Letra: GUJO TEIXEIRA
Música: LUCIANO MAIA
Intérprete: LUCIANO MAIA

05 - TROPILHEIRO
Letra: HELVIO LUIZ CASALINHO/MARCIO N. CORRÊA
Música: JOCA MARTINS
Intérprete: JOCA MARTINS, JULIANA SPANEVELLO E MARCELLO OLIVEIRA

06 - ENTRE RODAJA Y SOTERA
Letra: LEONARDO BORGES
Música: DANIEL CAVALHEIRO
Intérprete: DANIEL CAVALHEIRO

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cada um Apeia do Jeito que Quer (5)


por Juliane Couto Vinchiguerra


BAITA PLANCHAÇO


Bom, este fato aconteceu faz algum tempo...

Estava eu, com meu querido cavalo Gateado (que descanse em paz) repontando as vacas leiteiras no pasto, para a hora da ordenha, eu era uma menina muito ativa e adorava galopar nesse cavalo, digo o meu professor de lida, que me acompanhou desde os meus primeiros três anos de vida, quando comecei a andar a cavalo, na hora de ir, meu pai me disse:

- Ju, não galopa hoje no pasto, pois está úmido e o cavalo pode planchar.

Eu disse que sim, mas na hora de apartar um terneiro da tropa, dei uma corridinha e o cavalo resbalou no pasto molhado e infelizmente nós dois fomos ao chão, e foi um tombo mui feio, ele caiu por cima da minha perna, foi tudo muito rápido, quando vi, estávamos estirados no chão.

Quando levantei, um pouco machucada, e descobri que o Gateado também tinha se ferido, ele era um cavalo mui Bueno, mas já tinha seus 25 anos ou mais, levantou com muita dificuldade e não andou mais do que uns cinco passos. Tinha se “despaletado”.

Chorei muito, por dias a fio, e meu pai tentando curá-lo, mas foi tudo em vão, pois a sua idade impediu sua recuperação, então ele foi sacrificado para aliviar seu sofrimento.

Foi um dos dias mais tristes da minha
vida, e a rodada também...

Mazááá - "15ª Tafona" - Um Quadro da Estância

15ª Tafona Da Canção Nativa
Osório

Intérprete: Paullo Costa


Campos cobertos de trevo
cerca fina e boa aguada
e uma mangueira de pedras
chão sacro santo da eguada
galpão de quincha pra o norte
com para peito pra encilha
onde a peonada campeira
trata o lombo da tropilha

Uma tordilha gaviona
refugadora e coiceira
relincha e corre a cuscada
sobre os listões da porteira
um doze braças se abre
fazendo a trocar de ponta
e a peonada já se agarra
para o acerto de contas

Nesses fundões do Rio Grande
o tempo encurta distâncias
e a vida quase que para
num belo quadro da estância

Égua do lombo encardido
traz o demônio no rastro
bufa e se atira no chão
sentindo o peso do basto
duas esporas com fome
saem batendo cruzadas
e o mango amacia a tala
no lombo dessa aporreada

É assim que passam a vida
por mais distante que andem
gastando cordas e bastos
pelos fundões do Rio Grande
nessa sina de campeiro
sem ter lugar pra morada
passando a vida e o tempo
no lombo da bagualada

Nesses fundões do Rio Grande
o tempo encurta distâncias
e a vida quase que para
num belo quadro da estância

Revista da MÔNICA sobre drogas - Divulgue‏

Campanha enviada pelo parceiro Berga, vamos divulgar essa campanha, vale muito a pena.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Paixão Cortes

Tchê, vi hoje que o jornal Zero Hora ON-LINE bloqueou todos seus conteúdos diários, acesso agora somente mediante assinatura do mesmo.

Mas e nós como ficamos? perdemos a prosa diária do professor Paulo Santana, uma de nossas principais inspirações para prosa no blog.

Bueno, enquanto não conseguimos acesso ao "home", segue um trecho da prosa feita pelo Santana no dia 4 de setembro sobre uma lenda viva do Rio Grande.

por Paulo Santana

Não é difícil falar sobre este Paixão Côrtes que foi eleito na última semana o novo patrono da Feira do Livro de Porto Alegre.


Há poucas pessoas que possuem a aura de Paixão Côrtes, a gente lida com ele como se fosse uma lenda, como se não mais existisse.

Mas ele é uma teimosa e sublime lenda viva.

Aquele seu bigode de piaçava, seu jeito bonachão de amigo para todas as horas, a voz grave de sonoridade solene; enfim, toda a sua personalidade se junta à autoridade do pesquisador e do folclorista, além de ter sido o fundador, junto com outros poucos companheiros, do movimento nativista gaúcho.

Ele é a única pessoa em nosso meio que é personagem estatuária viva, foi modelo da estátua do Laçador.

Isto é o que ele é, achei finalmente a palavra para defini-lo: um modelo.

Modelo para tantas e tantas gerações, passadas, presentes e futuras.

Regalo: texto publicado em Zero Hora

Mazááá - "1ª Pelota" - Do Pavão Ao Canta Galo

1ª Pelota da Canção Nativa /
Pelotas

Letra / Música: Osmar Proença e César Oliveira
Intérprete: Baqueri


Meu cavalo enche a boca
e a cambona faz ponteio
um cochincho rasga ao meio
a calma da madrugada
enquanto aurora prateada
vem destapando rodeio

Quando a última estrela
deixar o céu do potreiro
pastando e seguindo o cheiro
que a noite levou do pago
refugo os avios do amargo
porque o sol chega ligeiro

Meu confiança é noite escura
com prenúncios de tormenta
um relampago na testa
e um tufão em cada venta

Têm labuna nas dez quadra
de cansa até a cuscada
e na boca da picada
um touro berra e se arriba
chairando as armas da esgriba
na macega sapecada

Têm aparte no pavão
e cheira no canta galo
mas eu vô bem à cavalo
o resto eu levo no grito
o mango é só pra bonito
e a espora é sempre um regalo

Meu confiança é noite escura
com prenúncios de tormenta
um relampago na testa
e um tufão em cada venta

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

PIADA: Senador CÉU x INFERNO

Um senador está andando tranqüilamente quando é atropelado e morre.

A alma dele chega ao Paraíso e dá de cara com São Pedro na entrada.

-"Bem-vindo ao Paraíso!"; diz São Pedro

"Antes que você entre, há um probleminha.

Raramente vemos parlamentares por aqui, sabe, então não sabemos bem o que fazer com você.

-"Não vejo problema, é só me deixar entrar", diz o antigo senador.

-"Eu bem que gostaria, mas tenho ordens superiores. Vamos fazer o seguinte:

Você passa um dia no Paraíso e um dia no Inferno. Aí, pode escolher onde quer passar a eternidade.

-"Não precisa, já resolvi. Quero ficar no Paraíso diz o Senador.

-"Desculpe, mas temos as nossas regras."

Assim, São Pedro o acompanha até o elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.

A porta se abre e ele se vê no meio de um lindo campo de golfe.

Ao fundo o clube onde estão todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia trabalhado.

Todos muito felizes em traje social.

Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em que ficaram ricos às custas do povo.

Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar.

Quem também está presente é o diabo, um cara muito amigável que passa o tempo todo dançando e contando piadas.

Eles se divertem tanto que, antes que ele perceba, já é hora de ir embora.

Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador sobe.

Ele sobe, sobe, sobe e porta se abre outra vez. São Pedro está esperando por ele.

Agora é a vez de visitar o Paraíso.

Ele passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que andam de nuvem em nuvem, tocando harpas e cantando.

Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia se acaba e São Pedro retorna.

-" E aí ? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso.

Agora escolha a sua casa eterna." Ele pensa um minuto e responde:

-"Olha, eu nunca pensei .. O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar melhor no Inferno."

Então São Pedro o leva de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.

A porta abre e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio cheio de lixo.

Ele vê todos os amigos com as roupas rasgadas e sujas catando o entulho e colocando em sacos pretos.

O diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo ombro do senador.

-" Não estou entendendo", - gagueja o senador - "Ontem mesmo eu estive aqui e havia um campo de golfe, um clube, lagosta, caviar, e nós dançamos e nos divertimos o tempo todo. Agora só vejo esse fim de mundo cheio de lixo e meus amigos arrasados!!!"

O diabo olha pra ele, sorri ironicamente e diz:

-"Ontem estávamos em campanha.

Agora, já conseguimos o seu voto..."

"TOMA JAGUARA"...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Memórias de bolicheiro

por Paulo Mendes

Até parece que foi ontem, mas já faz muito tempo. Vivia atrás de um balcão riscado à faca, pois em cima dele se cortava a linguiça defumada, a rapadura e até o fumo em rolo. Na época, não apareciam por lá esses fiscais sanitários... A limpeza ficava por minha conta mesmo, e eu era apenas um guri. De vez em quando, a lâmina atravessava o produto e lá se ia um naco da velha madeira de lei. Teve uma vez que o Corvinho lançou um pontaço na direção do Valter Madruga, que tirou o corpo fora e a carneadeira chocou-se direto na tábua. Escapou por sorte mesmo. Se pega, a coisa seria feia, mas Deus protege os borrachos, não protege?

Aquele balcão exalava um cheiro de aguardente, de erva-mate e, às vezes, de querosene. A tábua grossa e enegrecida do tampo era bem larga, de metro e meio, mas as bordas estavam carunchadas. Na ponta esquerda ficava a balança de ferro, de um lado o prato dos pesos, que iam desde 50 gramas até 2 quilos. Do outro, a concha amarelada onde se colocava os mantimentos. Gostava de ver os ponteiros, dois bicos de pato, se encontrando, se namorando, pra baixo e pra cima. Quando os patos se beijavam, era sinal de que o peso estava certo. Quando não tinha ninguém na venda, ficava balançando a balança, só pros bicos se namorarem por longo tempo, até parar, na horizontal, como era a minha vida.

E os personagens que passaram pelo bolicho? O seu Honório, o taipeiro, era um deles. Chacreiro pros lados do Cerrito, todos os domingos encilhava o cavalo a capricho e se pilchava para tocar gaita de boca ao vivo na rádio. Na volta, chegava pachola, com um tirador enfeitado, cheio de chaveirinhos, badulaques, fazia um barulhão. O pessoal pedia pra ele tomar umas Pepsi-Cola no bico, e assim ele fazia, por pirraça. Tomava uma meia dúzia sem parar, era um fenômeno. Lembro do Lampião, do Surdinho e do Zé Bolacha, que uma vez, encharcado de vinho, chegou a dançar ao som da "Voz do Brasil". No bolicho, presenciei as dores e as tristezas profundas dos desesperados, mas também muitos causos que me fizeram rir de doer a barriga. Outros surreais, como os do seu Honório, que fazia taipas em lavouras de arroz à noite, sob o luar. Numa delas, topou-se com um jacaré, prendeu o bicho e levou pra casa. O povo da Vila Rica fez procissão pra ver o réptil que ficou vários dias atado por uma pata.

Aquele lugar tinha vida nas prateleiras. "Todos nós somos borrachos, a canha que é diferente." Tem gente que vive embriagada pela vaidade, outros bêbados de amor. Ah, o velho bolicho. A saudade é uma macega doce onde nos abrigamos do vento xucro das recordações.

Regalo foto: Roberto Vinícius
Regalo publicação: jornal Correio do Povo

LANÇAMENTO - Literatura Regional GAÚCHA

PROIBIR

por Pedro Du Bois

A proibição denota

fraqueza: o descontrole

assume o comando

e a insanidade

vence



o efêmero perdura

o instante

e cede

ao grito

de guerra



rompo a proibição e permaneço

rompo a proibição e compareço

rompo a proibição e apresento

aos olhos

claros da história

a versão

livre

dos atos.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SHOW do MARENCO em ANTA GORDA

Tchê, sábado passado tive a oportunidade de assistir o Marenco na Semana Farroupilha da cidade de Anta Gorda, gostaria de parabenizar a prefeitura e as empresas do município pela grande festa que organizaram, inclusive com incentivo de todas as partes, muito ao contrário daqui de Serafina Corrêa, onde tivemos alguns shows de baixo escalão e pouco cobre como apoio.

Maizáá Marencão, baita show, mato a pau parceiro.


DVD Marcello caminha - VIOLÃO GAÚCHO

Buenas indiada, tive a oportunidade de comprar o DVD do Marcello Caminha no show do César e Rogério em Nova Prata.

O Marcello consegue encaixar ao mesmo tempo uma forma técnica e simples de se aprender violão,
desse modo qualquer aluno com um pouco de vontade aprende facilmente a tocar esse lindo regalo que temos aqui no Rio Grande do Sul que é o violão gaúcho.

Parabéns Marcello pela iniciativa e que venham cada vez mais novos instrumentistas gaúchos matando a pau em nossos festivais nativistas.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Lenda de Ariri Pistola

Caiu em minha caixa de correio esse baita causo enviado pelo parceiro Marcos Bergamin (o Berga), mesmo com o causo se passando no nordeste do país nós não poderíamos deixar de publica-lo aqui no blog.

Após incansáveis pesquisas, descobrimos que Ariri Pistola se chamava na verdade Horácio Carneiro Fialho Filho, nascido no ano de 1869 em Luzilândia, no interior do Piauí.

Ariri Pistola foi um desbravador, muito além do seu tempo, resolveu com 15 anos sair da sua região para desbravar o mundo. No ano de 1884 ele entrou em uma barca pesqueira que viajava ao redor do mundo. Dois anos mais tarde ele conheceu terras japonesas, atracando em Okinawa.

Ficou no Japão rural por 5 anos. Lá aprendeu a cultura milenar oriental e ficou conhecido como Yuraci Yu (Horácio em japonês). Em suas aventuras no oriente descobriu a manusear armas de fogo e ficou encantado com o poder da pólvora.

Ariri Pistola casou-se em 1888 com a filha do conselheiro chefe da provincia de Okaido. Infelizmente meses após o casamento sua mulher morreu no parto. Em depressão Ariri retornou a sua terra natal no Piauí com o intuito de se tornar Presidente da Republica, recém instalada no Brasil. Seu objetivo maior era dar fim àquela seca que se alastrava por 9 anos no sertão nordestino. Porém, em depressão, Ariri cometeu suicidio nas primeiras horas do ano de 1900, horas após a virada de ano.

Apesar de ter uma baixa idade, Ariri sempre teve uma aparência idosa.

Agora você deve estar se perguntando porque diabos Horácio Carneiro Fialho Filho se chamava Ariri Pistola não é?

Ele foi batizado com este apelido pois na virada do ano de sua morte, ele saiu gritando as ruas a seguinte frase: "Irei cometer Arakiri! Irei cometer Arakiri!", minutos depois ele pegou sua pistola (até então novidade na cidade) e atirou contra sua cabeça.

O povo daquela cidade não entendia o que tinha acontecido. Muito menos sabia que Arakiri era uma pratica de suícidio japonesa aprendida por Horácio. Então quando perguntados, a população respondia que ele havia cometido "Ariri" com sua "Pistola".

Minutos depois de seu suícidio, voltou a chover torrencialmente em toda aquela região do nordeste. E deram a graça ao lendário e estranho "Ariri Pistola".

Mazááá - "25º Reponte" - Milonga Redomona

25º Reponte da Canção /
São Lourenço do Sul

LINHA CAMPEIRA
Letra: Anomar Danúbio Vieira
Música: Marcello Caminha
Intérprete: Anomar Danúbio Vieira
Milonga Redomona

Milonga quando te entona
redomona por "su puesmo"
retouçando no cabresto
pra uma sova de portona
te achas mui querendona
dona dos meus pensamentos
que baila solta nos ventos
quando meu coração se emociona

Redomoneada de rédea
tranqueia pisando forte
com cismas de vento norte
numa tarde mormacenta
e foi ficando cinzenta
quando se armou despasito
e trovejou no infinito
virando em brão e tormenta

E veio se debulhando
e veio mostrando a cara
assoviando nas taquaras
rompendo a paz do galpão
erguendo terra do chão
flauteando as frestas da porta
pra então se fazer de morta
na alma do meu violão

Curtida das soledades
ressabiada dos amores
na volta dos corredores
andam ganhando e perdendo
pra quem ficou devendo
nessas carreiras da vida
por costeado e recolhida
aos poucos foi me entendendo

E descobriu meus segredos
guardado dentro do peito
dia pós dia com jeito
compromisso é compromisso
e vim de mal tem por vício
se tornou parte de mim
e se fez milonga em fim
pronta pra todo serviço

VIDA e POESIA: ZIZA TREIN

Texto de alto nível regional e literário exclusivo para o blog "Na Hora do Amargo".

por Tânia Du Bois

“Onde está aquela menina / que andava de mãos dadas com o pai /

pelos trilhos de trem?...”


Foi no período de 1923 a 1981 que a poetiza passofundense, Ziza de Araújo Trein, escreveu o livro VIDA e POESIA. A obra é dividida em duas partes: Poesias Ingênuas e Na Andança da Vida.

Considero o livro de imperdível leitura, pois, ao criar arte, naquela época, ela revela com palavras mágicas as experiências vividas, deixando transparecer na linguagem poética também o amor pela sua Pátria. “Brasil, meu Brasil // És tão grande, tão nobre e generoso!...” ela se refere à Segunda Guerra Mundial, onde alguns imigrantes alemães desrespeitaram a nossa Bandeira: “Mais do que tudo que fizeram, / Foi terem ultrajado o Sacrossanto / Pavilhão deste povo brasileiro!...”

Diante das circunstâncias da vida, para conhecer o mundo, optou por viagens a Berlim, Paris e Bruxelas (1977), e as teve como suporte da sua obra, que por vezes, foi ousada por não se fazer calar, como no poema “Viagem”:

“Todo ser humano é semeador constante / No campo imenso deste mundo – terra. /

Tudo o que semeares, seja Bem ou Mal / o fará na tua própria seara /

...As mesmas sementes voltarão / E no teu próprio caminho / Irão nascer!”

Para compreender o que ela pensava e sentia sobre a sua terra natal, Passo Fundo, a poetiza conta do “Meu Rincão”:

“Meu coração nesta hora / É uma acordeona chorona / Neste galpão que é o meu peito, /

contando em versos.../ o que sei deste rincão. //Deste rincão que surgiu / Porque o tropeiro cansado / Pousava aqui p’ra o descanso. / e, ali, na beira do rio...// E, onde está agora esse rio, / Que tinha um passo tão fundo / Que deu o nome da cidade?...// Vem também tu, forasteiro, / Tropeando a vida no mundo?/

Este é o lugar da pousada, / É aqui mesmo o Passo-Fundo”.

No sagrado direito de expressão, sua obra tem significado especial. Faz registros de um tempo em que a força do seu pensamento e da sua juventude ficou concentrada em sua poesia. Ainda, teve a coragem para realizá-la quando o silêncio era o abrigo mais seguro.

Nas Andanças da Vida, foi movida pelo lema “Viver para Servir”:

“Para aqueles que te pedem pão/ Tens sempre alguma coisa para repartir./ Sempre alegre,

sempre sorrindo, / Que importa as dores...,/ Se estás feliz, muito feliz /

No prazer que tens em estar servindo?...”

A poesia de Ziza contribui para nos aproximar daquela realidade e a entender a liberdade que ela teve ao escrever seu livro. Criou a oportunidade de expressar seu convívio, levando o leitor a fazer uma viagem ao seu tempo, através dos aspectos mencionados no desenvolvimento literário com as relações vivenciais, a capacidade de compartilhar seu amor e seus sonhos, deixando ao leitor repensar o dia a dia e, ainda, alimentar esperanças em relação ao sentimento pátrio, favorecendo o crescimento pessoal e cultural – essência da vida em sociedade. É nesse emaranhado de épocas que, “Onde”, Ziza expressou a sua arte:

“A menina hoje anda sozinha / pelos trilhos da vida...// O tempo alvejou seus cabelo /

e riscou de rugas o seu rosto / Mas sempre a mesma menina. /

Que escreveu tolas poesias ingênuas!”

LITERATURA - Videiras de Cristal

Agora a editora L&PM laça "Videiras de Cristal", o livro em que Luiz Antonio de Assis Brasil recria magistralmente a Revolta dos muckers, um grupo de imigrantes alemães que, sob a liderança de Jacobina Maurer, lutou até a morte contra as forças da Guarda Nacional, em defesa da única coisa que lhes restava: a fé.

A partir dessa história, o escritor lança um olhar sobre o cotidiano da população do Sul do país em meados do século XIX, desvelando o microcosmo da colônia alemã a partir de uma perspectiva universal.

O Velório

por Paulo Mendes

Lá fora, o vento balançava o taquaral e gania como uma matilha de cuscos loucos pelas ruas desamparadas de terra vermelha. Às vezes entrava pelas frestas da basculante, trazendo arrepios na garupa. Cá dentro, a capela cheirava a mofo e a sebo, e o silêncio só era quebrado pelos soluços da minha mãe, ao pé do caixão. Um cristo nos olhava triste pregado na cruz. As velas grandes e amareladas desenhavam na parede branca uns vultos que copiavam os perfis do morto. A madrugada estava tão gelada que até a água do mate tiritava de frio. Pelas cinco horas, um galo cantou pros lado do Durasnal e o baio do finado relinchou como que se despedindo. Quando clareava o dia, nos preparamos para enterrar tio Chico, o tropeiro, meu padrinho. Levantei-me com as pernas trêmulas em direção à porta, desesperado, como um cego ao encontro da luz.


Nesse instante lembrei da primeira vez que o vi. Era um domingo ensolarado com cheiro de japecangas no ar. Montava um tordilho vinagre, aperos prateados, chapéu tapeado na testa, barbicacho de couro trançado e chilenas reluzentes. Ria mostrando uns dentes alvos dentro de uma boca que nunca comia doce. "Só como fruta no pé", dizia pra gurizada. Naquela manhã de setembro, a capela estava abarrotada de gente. Morava na Fronteira na época em que nasci, por isso tive que esperar cinco anos para me batizar. Apesar disso, me afeiçoei a ele à primeira vista. O padre pediu pra ele deixar a adaga nos arreios. "Na casa de Deus não se usa armas."

Com o passar dos anos foi me ensinando tudo o que sabia. De volta das tropeadas, sempre passava em nosso bolicho. "Como vão as aulas?". Ficava feliz ao saber que eu gostava dos estudos. "A vida antiga tá acabando, agora um homem precisa de colégio." Eu estudava na cidade e ajudava na bodega, na lavoura e no campo, junto com meu irmão. Quando meu pai morreu, o padrinho veio morar conosco. Trouxe seus cavalos, os avios do mate, o laço, uma panela de ferro, uma trempe, o poncho e se instalou no galpãozinho ao lado das taquareiras. Um fato, porém, mudou em parte sua vida. Teve um caso rápido com uma moça que logo em seguida casou grávida com outro homem. O novo casal decidiu não contar nada para a menina. Às vezes, ele ia a cavalo até a escola e ficava longe vendo a guriazinha brincar. Voltava com os olhos marejados e ficava vários dias calado, remoendo sua tragédia pessoal.

Agora findava o homem, ficava a pequena história. Só lhes conto para que saibam quem foi, pois sua morte não foi comentada. Ele só era importante ali entre nós. Baixaram o caixão. Lá se ia o corpo. Ficava, contudo, sua alma gauchesca, para sempre, transmutada na minha.

Regalo foto: Paulo Nunes
Regalo publicação: jornal Correio do Povo

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

PROSA: 10º Serra, Campo e Cantiga

Quinta-feira passada o blog "Na Hora do Amargo" acompanhou o primeiro dia no retorno do festival 10º Serra Campo e Cantiga em Veranópolis. Música buena é o que não faltou, houve chamarra, milonga, chacarera, chamamé, milonga arrabaleira, vanera e até milonga-afro.

De vereda a primeira coisa que eu já deduzimos foi que "Temporal" ganharia "Me
lhor Instrumental do Festival", dito e feito, a canção interpretada por Ricardo Martins e Ângelo Franco matou a pau nesse requisito, chegou até a emocionar o público que retribuiu com muitos aplausos.

A canção "Pealando a Brasina" passou na peneira com o espaço dado à talentos locais ma
s não ficou atrás de ninguém no requisito profissionalismo, muito pelo contrário, mostrando uma chamarra bem marcada, letra louca de campeira e com a belíssima voz de Fabiano Dias também arrancou aplausos do público em geral.

A canção "Presentaço" tinha a faca e o queijo na mão pra arrancar primeiríssimo lugar do festival, numa letra bem campeira, numa voz buena por demais e em dois violões gaúchos tocando uma milonga arrabaleira bem rasgada matou a pau. A única coisa que lamentavelmente estragou toda a apresentação foram 2 brincos de argola na orelha direita do intérprete Gérson Souza. Particularmente eu sempre achei que tivesse uma normal proibindo brincos em apresentações de festivais, mas parece que não têm, bueno, o gauchão bem pilchado, cantando uma barbaridade com dois brincos na orelha, não é de acreditar né, mas que barbaridade.

Ai vem a surpresa da noite, onde Raineri Spohr com a canção "O Último Lanceiro" deixou a desejar numa melodia, letra e interpretação nem um pouco convincente aos jurados e público presente, por outro lado
Raineri arrebentou no festival interpretando "Por uma Sombra no Povo", um baita chamamé que arrancou da platéia muitos sapucais e do festival o 3º Lugar, tinha índio que parecia que tinha engolido uma sirene de ambulância, maizáá indiada véia.

Depois das oito interpretações do dia, chegou a hora de assistir os loco da fronteira César Oliveira e Rogério Mello, baita show, onde tocaram umas quatro músicas do novo CD "Cantiga para o Meu Chão" e o restante com repertório mais conhecido pela gauchada.

Foto foi um dos requisitos que não deixamos faltar no festival, segue abaixo algumas:

PREMIAÇÃO DO 10º SERRA , CAMPO E CANTIGA:

* 1º Lugar - Pé De Mato

* 2º Lugar - Dos Lugares que a Alma me Leva

* 3º Lugar - Por Uma Sombra No Povo

* Música Mais Popular - Pé De Mato

* Melhor Tema Social - Águas de São Miguel

* Melhor Melodia - Adriano Sperandir em Pé de Mato

* Melhor Letra - Ivan Therra em Pé de Mato

* Melhor Intérprete - Flávio Hanssen

* Melhor Arranjo Vocal - Dos Lugares que a Alma me Leva

* Melhor Instrumentista - Samuca

* Melhor Instrumental – Temporal

PREMIAÇÃO SERRINHA DA CANÇÃO

* 1º Lugar - categoria piazito - Luiza Wetzel

* 2º Lugar - categoria piazito - Paola Francesca Benvegnu

* 1º Lugar - categoria piá - Tatiana Siviero

* 2º Lugar - categoria piá - Bruno Gelenski Zanella