quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Hoje foi mais um dia...

por Guto Gonzalez

Hoje!...

Foi mais que um dia de campereada
Cheguei nas casa
Desencilhei, fiz um mate
Segui sorvendo e pensando...
Pensando de alma pesada

Hoje!...

Foi mais que um dia de campereada
Pois vi a vida enquadrada
Desde um extremo a outro
Vi dois cordeiros nascendo
E um terneirito morto


Quando sai de manhã
Soprava frio um ventito
E recorrendo eu e o Vitor
Se fomo até meio-dia
Mas notei que hoje - o dia –
Andava meio esquisito

A tarde empeçava morna
Voava alto a corvada
Era uma tarde nublada
Com jeito de viração
Que angustia o coração
Mas a gente não diz nada

Logo abaixo do rodeio
Vi dois cordeiros berrando
Pela ovelha chamando
Que ao tranco se ia embora
Por sorte foi bem na hora
Que eu ali ia cruzando

Talvez não ouvi-se os berros
Por causa do vento norte
Se ia extinguindo a sorte
Daqueles recém nascidos
Que mal os olhos abrindo
Já iam encarando a morte

Segui recorrendo o campo
Agora mais aliviado
Depois que os dois “bem mamado”
Iam ter força pra andar
Pra poderem acompanhar
A sua mãe no costado

Mas hoje!...

Foi mais que um dia de campereada
E lá na mangueira do meio
Tem umas vaca de ubre cheio
Já co`as teta bem inchada
Que tem que dá uma esgotada
Pra pode mamá os terneiro

Mas Bueno!...

Segui batendo meu basto
Nas cruz da minha tordilha
Quando avistei nas flexilha
Uma polianga deitada
Então fui dá uma chuliada
Recém tinha dado cria

Notei ainda do basto
Que o bichinho era doente
E aquela angústia de repente
No peito brotou ligero
E que a sorte dos cordeiros
Não andava mais co`a gente

Alcancei pro Paulo Sérgio
Que acomodou a terneira
Na cabeça das basteira
Levava a pobre agarrada
E eu com a vaca apartada
Em direção da mangueira

Botamo a vaca no tronco
Tiramo um pouco de leite
Fizemo mamá a doente
Pra vê se a “conchenca” salvava
Mas era pior do que pensava
Mal formada boca e dente...

No constatar o problema
A esperança ficô poca
Não tinha o céu da boca
Um buraco no lugar
E vimo que pra se salvar
Só tendo uma sorte loca

Mesmo assim... foi dado o leite
Por descargo de consciência
Mas digo pela experiência
Embora faça minha prece
Que a pobrezinha amanhece
Bem longe desta querência

Por isso, Hoje!...

Foi mais que um dia de campereada
Cheguei nas casa de alma pesada
Por ver a vida, bem enquadrada!

Só pude olhar...

E fazer, nada!

Regalo: blog Compondo Rastros

A vingança do Zé Campeiro

por Paulo Mendes

A memória é tudo o que temos. Do que guardamos e trazemos atado nos tentos do passado podemos reconstruir o presente e inventar o futuro. Por isso, conto, porque o que trago é o meu pago, às vezes vago, às vezes largo, no turbilhão das lembranças errantes. Coisas do que vivi lá na Vila Rica, atrás do balcão do bolicho, recolhi pelos corredores de terra vermelha na culatra de tropa, nas noites de lua cheia em épicas caçadas de tatu, nas pescarias nos finais das tardes quentes de verão ou enquanto gineteava tições nas frias madrugadas de agosto. Deposito aqui, meus senhores, nesta tarca de desgarrados recuerdos, essas impressões campeiras. Porque isso formou em mim o gaúcho que carrego na alma.

Conto, por exemplo, a história do touro colorado, de aspas afiadas, um maligno que nunca respeitou mangueira, rebentador de laços e de argolas e fazedor de defuntos. Se passou lá na Estância do Coqueiro, de uma família antiga e pioneira na região, uns Mascarenhas, que começaram a criar a raça Charolesa, abandonando os animais reiúnos. Esses acabaram por ficar no fundão dos campos. Pois foi por lá que o tal touro colorado começou a aprontar das suas. Primeiro matou um capataz, que caiu do cavalo num pelado de rodeio. E, depois, meus amigos, cometeu esse triste crime que lhes conto agora.

Doralice, mulher do José Campeiro, grávida de sete meses, começou a sentir umas dores e saiu a procurar uma parteira. No atropelo, quis atorar caminho e decidiu junto com o Augusto, ainda gurizote, atravessar uma invernada da estância. Então topou-se com o touro, que escarceava numa coxilha. O guri tentou ajudar a mãe, mas o touro atropelou e a varou com uma aspada. Augusto conseguiu escapar, se jogando numa voçoroca. Depois, fugiu e foi contar pro pai que estava chegando de um serviço. O Zé mesmo me fez o relato:

- Afiei bem meu trêis lista e me toquei pra fazenda. O seo Cypriano tava mateando quando le disse: Vim acertá uma conta com esse toro vermeio. Quando o bicho me viu, ficô me oiando, sabendo que a coza ia sê deferente. Matei devagarito, pra mode dele se senti que nem eu, que tava carneado por dento, o senhor faiz compreensão?

Fui ao enterro da Doralice e do seu filhinho que nem chegou a nascer. Depois de tudo acabado, coube a mim a tarefa de acompanhar o viúvo e o gurizote. Era dia esplêndido, ensolarado, com cheiro de pitangas. Perto do rancho deles as garças passavam num voo branco e os maçanicos conversavam miúdo no banhado. Mas o Zé Campeiro não via nada. Lembro dele, montado no gateado, fita preta no braço, taciturno, carregando na garupa o couro encarnado do touro sem coração...

Regalo: jornal Correio do Povo

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Rodeios, rodeios e rodeios

Buenas gauchada, o brique tá feio uma barbaridade por essas bandas...

Bueno, no final de semana passado fomos para São Jorge, na 5ª volta da finalera das duplas uma armada minha da cedenho e não consigo limpar antes da rês mecher a cabeça e tirar o laço das aspas...

Nesse final de semana fomos pra Paraí, choveu e ventou pra caramba e ficamos em 3º lugar nas duplas do rodeio força A, caimos na 8ª volta.

Seguindo o embalo da lida, no final de semana que vem seguiremos botando de cano cheio ou em Guabiju ou em Anta Gorda. Espero dessa vez sair com uns trocos pra recuperar o desfalque dos últimos 2 rodeios.

Fico por aqui, enquanto isso vou procurar alguma música nova pra enquadrar no MAIZÁÁ.

Baita quebra costela a todos.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Rodeiaço em NOVO HAMBURGO

Rodeiaço que acaba nesse final de semana.

Porto Alegre recebe 2ª Mostra da Faca Artesanal Gaúcha

Enviado pelo parceiro do blog e fotografo Eduardo Rocha.

Amantes e admiradores da arte de forjar facas têm encontro marcado nos próximos dias 4 e 5 de dezembro, no restaurante Vitrine Gaúcha, do DC Navegantes, em Porto Alegre (RS). O local abrigará a 2ª Mostra da Faca Artesanal Gaúcha, evento aberto ao público e com entrada gratuita.

Além de exposição e comércio de facas, haverá, ao final de cada dia, demonstração de cutelaria em uma minioficina. O espaço contará com uma forja moderna, a gás, e outra antiga, a carvão, além de bigorna, martelo e outros equipamentos necessários para a manufatura de facas artesanais. Também haverá dinâmicas de cortes e afiação (interessados podem contratar serviços de afiação no local). A Associação Gaúcha de Cutelaria, organizadora da mostra, prevê a participação de pelo menos 35 expositores e espera um público diverso. “São convidados cuteleiros e colecionadores de todo o Brasil e até do Exterior. Mas o público é bem heterogêneo, esperamos desde o gaúcho de CTG, até chefs de cozinha e donas-de-casa”, afirma o presidente da Associação, Cássio Selaimen.


Quem for ao DC Navegantes vai conferir desde as facas mais simples, vendidas ao redor de R$ 30, até exemplares raros, para colecionadores. Entre as mais elaboradas, que chegam a custar até R$ 5 mil, haverá facas e bainhas adornadas com prata e ouro e as feitas com aço damasco. “As facas mais sofisticadas são feitas de aço damasco, resgatando uma técnica medieval que por um tempo ficou esquecida e hoje é dominada por poucos no Brasil”, explica Selaimen. Esse material é resultado do caldeamento de dois ou mais aços e resulta em uma lâmina extremamente resistente, flexível e com um desenho peculiar que lhe confere beleza única.


O patrono da 2ª Mostra da Faca Artesanal Gaúcha é Antônio Augusto Fagundes. Entre as atrações, haverá ainda shows musicais, de artistas como Elton Saldanha e Telmo de Lima Freitas, entre outros.


O que: 2ª Mostra da Faca Artesanal Gaúcha
Quando: 4 e 5 de dezembro, (sábado, das 9h às 18h, e domingo, das 9h às 16h)
Onde: Restaurante Vitrine Gaúcha, no DC Navegantes (Rua Frederico Mentz, 1561, bairro Navegantes, Porto Alegre)
Quanto: entrada gratuita

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Diferenças Culturais

por Tânia Du Bois

“Cultura é aquilo que permanece no homem
quando ele se esqueceu de todo o resto.” (E. Henriot)

Um fator que marca a vida é a busca por desafios. Riscos são importantes para o aprendizado e a convivência em diferentes culturas.

“Onde se aponte / ou se escreve pampa / leia-se: liberdade / em todo o horizonte”.
(Luiz de Miranda)

A diferença cultural está no idioma. Um universo novo de costumes e visões. É processo de comunicação, observação e interação, para que se possam compreender outras formas culturais, que possam ser entendidas por nossa cultura.

Antonio Olinto escreveu que “Há regiões do mundo onde a cultura é poesia. Vinculadas a um idioma às vezes marginal, mantêm-se firmes e livres em seu isolamento poético, mesmo participando de outras unidades nacionais e presas a contextos civilizados geograficamente mais amplos.” Incluo a cultura gauchesca, ou gaúcha, do Rio Grande do Sul, nessa classificação, como nos apresenta Luiz de Miranda, “... O Rio Grande é meu país / A língua é meretriz / na sua doma até a raiz - / O poema fere de morte / o que em nós / a língua escuta. / E salta da página para o coração.”

Neste caso, a poesia tem lastro cultural e pode ser pura oralidade, ou escrita, que mostra o contexto de vida na força da palavra, como vínculo e significado, onde a história é versada com fluência pontilhada na tradição gaúcha.

“O general Bento Gonçalves da Silva / fez a separatória república de 35 /
com bandeira / verde amarela encarnada / Escudo complicado /
Ajutório de Garibaldi dei due mondi / E o rubro barrete frígio /
Da mulher deusa Razão parisiense...” (Tyrteu Rocha Vianna)

Ao falar de diferenças culturais é necessário explicar como agir e tentar entender por que os outros fazem as coisas, da maneira como fazem. É questão de base cultural. Consideremos o que Hannah Arendt escreveu: “... o que proponho é uma reconsideração da condição humana à luz de nossas mais novas experiências... estão ao alcance de todo ser humano... a mais alta e talvez a mais pura atividade de que os homens são capazes – a atividade de pensar”.

“Adeus mi’as brancas coxilhas, / Brancas de “barba de bode” /
bordadas de pinheirais! / Vejo-as cobertas de trilhas / Onde o Minuano sacode /
As espigas dos trigais.” (Ziza de Araújo Trein)

Assim, num mesmo país, como o Brasil, por exemplo, onde se fala a mesma língua, ainda há diferenças culturais, como a gaúcha, a baiana, a paulista etc. São processos de mudanças diferentes que requerem ambições, aspirações e sonhos para desenvolver a cultura em sua totalidade. É preciso encontrar a maneira de fazer as coisas certas, como em Breves Gestos, de Pedro Du Bois, “Misturamos culturas / de lugares distantes não cruzados nos caminhos, / aprendemos com os outros, apreendidos, / não nos distinguimos como únicos, / receptivos nos doamos ao desconhecido //... / Misturamos sementes...”

Antonio Ferreira Prestes Guimarães

Texto enviado pelo parceiro Hilton Luiz Araldi

A Escola Estadual General PRESTES GUIMARÃES, criada pelo Poder Público Municipal de Passo Fundo em 1962, incorporada ao Governo Estadual pelo Decreto n° 576 de 04 de novembro de 1967, tem como patrono o insigne passo-fundense ANTONIO FERREIRA PRESTES GUIMARÃES, que nasceu em Passo Fundo, dia 13 de junho de 1837, filho de José Ferreira Prestes Guimarães e de Maria do Nascimento Neves Preste Guimarães, sendo seus avós paternos o Capitão Manoel José das Neves e Reginalda da Silva Neves, a primeira família a chegar na futura povoação de Passo Fundo em 1827.

Desde moço desempenhou funções administrativas em sua terra natal, onde a vida municipal teve início em 1857. Já em 1864, secretariava o comando da Guarda Nacional. Em 1865, exercia a suplência de Delegado de Polícia.

Entre 1870 e 1873, foi suplente do Juiz Municipal, tendo o posto de Capitão da Guarda Nacional. Em 1874, exerceu o cargo de Secretário da Câmara Municipal de Passo Fundo. Pelas suas qualidades intelectuais, principalmente como professor, enviou um relatório à Assembléia Provincial, lamentando profundamente o atraso da instrução pública no município de Passo Fundo e solicitando providências. Entre 1883 e 1886, exerceu a presidência da Câmara Municipal, o que correspondia, nos municípios do Império, à condição de Prefeito. Era uma figura proeminente do Partido Liberal, tendo sido eleito, pela região serrana, Deputado da Assembléia Legislativa Provincial em três legislaturas: 1885, 87 e 89.

E 1889, foi nomeado um dos Vice-Presidentes da Província, sendo Gaspar Silveira Martins o Presidente. Em 25 de junho de 1889 até dia 8 de julho do mesmo ano, assumiu efetivamente a Presidência da Província do Rio Grande do Sul.

Ao sobreviver à república, candidatou-se a deputado, desta vez como Constituinte Estadual.

Em 1891, participou da deposição de Júlio de Castilhos e ocupou a cidade de Passo Fundo, assumindo o poder e envolvendo-se nas lutas civis na Revolução Federalista de 1893 até a celebração da paz em 1895.

Prestes Guimarães exerceu o comando maragato na região de Passo Fundo, sendo um dos mais ardorosos adversários do sistema de governo implantado no Rio Grande do Sul por Júlio de Castilhos. Na luta, Prestes Guimarães assumiu o comando da 1ª Divisão do Exército Libertador Federalista, apoderando-se da cidade de Alegrete.

Advogado e chefe político gozava de real acatamento, face ao seu espírito lúcido, íntegro e ponderado. Dotado de natural inteligência e muita dedicação ao estudo, elaborou sábios pareceres e proferiu inflamáveis discursos nos debates parlamentares. Desde a sua mocidade, lutou pela expansão do ensino público gratuito.

PRESTES GUIMARÃES é um dos mais autênticos passo-fundenses. Registra a história que ele morreu pobre, recolhido ao seu Passo Fundo, onde, depois de muitas lutas, reabriu sua banca de advocacia, assumindo o comando do Partido Federalista. Faleceu em 19 de setembro de 1911, e seus restos mortais estão no cemitério municipal da Vera Cruz em Passo Fundo.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Rodeio do LAÇO VELHO / Bento Gonçalves

Em BRASÍLIA o MAIOR CHURRASCO DO MUNDO

Texto enviado pelo parceiro do blog, senhor Hilton Luiz Araldi.
Um grupo conduzindo cerca de 100 bois e cavalos chamou a atenção na capital do país, a atração se tratava de uma cavalgada que passou pelas ruas da cidade com o intuito de convidar os brasilienses para a 1° edição do evento gaúcho Fenatchê, que será realizada de 10 a 19 de dezembro no Pavilhão do Parque da Cidade.

Por causa da chuva, a cavalgada que estava marcada para ter início às 9h, só começou por volta das 11h; contudo, o mau tempo não desanimou os integrantes. Bois, cavalos, burros, mulas e até um búfalo foram trazidos de várias regiões do DF para compor a boiada. Em meio aos carros, o grupo passou pelas ruas do centro da cidade em um percurso de 19 quilômetros. O organizador do Evento, Adelino Barbosa, afirma que a iniciativa é uma interação cultural. "É uma forma de interagir a área rural com a urbana", enfatizou.

Durante a cavalgada, os organizadores da Fenatchê promoveram um recorde diferente. Eles lançaram o desafio de assar o maior churrasco do mundo. "Vamos fazer um churrasco com 28 toneladas de carne, um total de mais ou menos de 120 bois e bater o recorde", anunciou o presidente da Fenatchê, Raul Canal. Segundo ele, o churrasco será preparado durante o Evento, dia 18 de dezembro, no Parque da Cidade. “A carne será assada conforme a tradição gaúcha, em 420 metros lineares de vala que serão abertos na área do Pavilhão ExpoBrasília, onde vão ser perfilados 5,8 mil espetos de taquara com 5 quilos de carne cada”, afirmou. O petisco gaúcho irá servir aproximadamente 60 mil pessoas e doado para instituições de caridade. Portanto, as entidades interessadas deverão se inscrever no site da Fenatchê (www.fenatchê.com.br).

Atualmente, o título do Guinness Book , de maior churrasco do mundo é do Paraguai. O País vizinho garantiu um lugar no livro dos recordes, em 2008, com 26.715 quilos de carne e mais de 40 mil participantes.

No dia, os organizadores também irão fazer o maior chimarrão do mundo. Durante a cavalgada de ontem, eles desfilaram com uma cuia de 5,5 metros de altura, que comportará 500 litros de água e uma tonelada de erva mate. Os visitantes da Fenatchê poderão provar a bebida gaúcha, que será aquecido por um termostato, e terá a bomba adaptada e higienizada após cada uso. Para garantir essas façanhas, auditores do Guinness estarão presentes no evento. O presidente conta que o objetivo é difundir a cultura da bebida tão apreciada pelos gaúchos. "O chimarrão tem diversas propriedades medicinais, combate o colesterol, faz bem para o coração, mas quase ninguém sabe desses benefícios. Se todos conhecessem garanto que seria mais popular que o cafezinho", declara Canal.

Segundo o presidente, além das atrações, a Fenatchê terá uma extensa programação. "Será um evento cultural e gastronômico, uma mistura da região Sul com o Centro Oeste. O objetivo é difundir e divulgar a cultura do Rio Grande do Sul. Teremos exposição de animais, shows musicais, entre outras atrações", conta Canal.

A previsão é que cerca de 300 mil brasilienses passem pela Fenatchê durante os nove dias. Quem for ao local terá uma mostra do Rio Grande do Sul. O evento reunirá mais de 500 expositores em espaços ambientados com a temática gaúcha. Algumas áreas serão destinadas para assar costelões, boi no rolete, carneiros inteiros a moda campeira e muitas outras atrações gastronômicas. O público também poderá participar de oficinas, que terão dicas de como preparar os típicos assados do Sul. A Fenatchê tem como apoiadores os governos do Rio Grande do Sul (RS) e do Distrito Federal e diversas entidades, como a Federação de Associações dos Municípios do RS, a Federação das Indústrias do RS, a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, o Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore e o Movimento Tradicionalista Gaúcho.
Regalo: Jornal Tribuna do Brasil

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Milonga de lutas e sonhos

por Paulo Mendes

Eram poucos, uma meia dúzia. Uns se conheciam, outros foram chegando e se conhecendo em meio ao tumulto dos dias que se seguiram. Era um tropel, era bala que zunia, era ferro que batia contra ferro, eram ideias, sementes e sonhos, quase como lanças, quase como espadas, aço contra aço que se cruzavam nos entreveros. Foram dias multicores, manhãs de primavera. Seus espíritos transbordavam de chamas como o fogo de chão nos galpões grandes nas estâncias da alma. Assim, formaram uma trupe e fizeram as escaramuças, conquistaram cidades, combateram o inimigo em todas as suas frentes e se fizeram fortes. Lutaram contra uma imensidão, brigaram com um monstro de muitas cabeças e formas, mas sempre tiveram esperanças. Fizeram armas até de taquara e juntaram um exército esfarrapado.

Às vezes, a disparidade de forças fazia com que brigassem entre si, mas logo redobravam os sentidos e iam em frente. Vencendo uma batalha aqui, outra ali, tendo como estandarte as suas bandeiras rotas, os pés sujos, as testas suadas, os músculos exaustos, os corpos em feridas. Balançaram os palas ao vento, no meio das tropas, quase não dormiram por anos a fio, fizeram os planos mais loucos. E ousaram. E o povo gostou deles e os aplaudiu. Mandaram mensageiros. E tudo lhes dava mais força nessa luta sem-fim que travaram nos confins do Sul e das utopias.

Então chegou o dia em que eles perderam a batalha decisiva. Foi como uma névoa que lhes cobriu os olhos tresnoitados. Suas fisionomias se transformaram em álbuns de memória. Em tudo ficou uma cerração, que gela e entristece. Dignos, recolheram seus mortos, trataram seus feridos, levantaram a bandeira branca e entregaram o território conquistado a duras penas para o inimigo. Pareciam derrotados. Sem mais nem menos, deram um grito uníssono que ribombou pelos campos e pelas cidades.

E, para surpresa geral, começaram a sorrir. Seus semblantes mostravam a cara dos que brigam sempre pela liberdade, daqueles que querem ser livres de forma incondicional, dos que não se conformam. E todos sentiram a vibração daquelas almas, dos espíritos que não queriam calar. Tinham umas caras boas e claras. Não, ali não estava o fim.

Ali estava só o começo...

Agora, todos os respeitam, os que foram loucos um dia, aqueles que brigaram pela terra e pelos direitos, os que carregaram nos braços os parceiros ensanguentados. Todos sabiam que tinham lutado, o mundo os temia porque tinham o dom de se multiplicar. Eles voltam sempre, porque, se morrem, ressuscitam todos os dias em nossos corações.

Regalo foto: Nelson Jungbluth
Regalo publicação: jornal Correio do Povo

ARTE: grão de areia

Entrou em minha caixa de correio essa excepcional sessão de pinturas, infelizmente não tenho o autor da obra mas o intuito é para pensarmos o que somos nesse mundo tão grande e ao mesmo tempo tão pequeno.

Bom, vocês vão entender isso ao decorrer das pinturas.



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mestre BEZ BATTI: TRADUZINDO A ASPEREZA DA PEDRA

Como de rotina a Tânia sempre consegue me surpreender com seus textos perfeitos, exaltando nossos artistas gaúchos.

Muchas gracias.

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Caro Fernando,

uma colaboração para o Na Hora do Amargo.
Abraços e bom final de semana.
Tânia

por Tânia Du Bois

“Ao mestre João Bez Batti por traduzir a aspereza da pedra, a leveza e o brilho das esculturas.


“Sente na pedra / a finitude / e a ultrapassa /
em golpes / (as razões) irracionais dos atalhos /
como amar a solicitude / e aos gritos expulsar /
do ato a insignificância // - os dias rápidos
em passagens / permanecem: na pedra
a permanência / aguarda nova explosão - //
a transformação se adensa / em novas formas /
e polimento / e a pedra está além / da finitude:
o infinito / da obra / acabada.” Pedro Du Bois

A arte está focada em estimular a criatividade através de exclusivos sensores de imagem que disponibilizam os “olhos” para guardá-las.

Batti canaliza sua criatividade através das esculturas em basalto, o que acontece continuamente na sua produção com maior variedade e formatos. Para desenvolver o seu talento, o escultor busca experiências concretas de superação de desafios e o foco nos objetivos, sempre relacionado intimamente com a lapidação da pedra. Peças demonstram que a pedra - ritmo e movimento - exerce funções fundamentais na criação do artista.

Batti possui o talento, a criatividade e asas para voar na imaginação, mas o traço em comum vai além, retrata o mundo em uma ampla “coleção” de imagens, traduzindo a aspereza da pedra.

Espalhou sua criação pelo mundo e continua focado no desenvolvimento de novas esculturas, primeiro, em desenho, depois, sucessivamente, em basalto. Destaca as pedras onde revela o domínio da anatomia; apresentadas em diferentes cores e esculpidas em diferentes formas... um trabalho com traço firme e rigoroso, emocionando o espectador.

Esse gaúcho, que conquistou o seu espaço nas artes plásticas, confere o papel de espelho às pedras; ele as vivifica ao transformá-las em objetos de arte.

Abra os olhos e comece a planejar uma visita ao ateliê do artista, nos Caminhos de Pedra, na Linha São Pedro, em Bento Gonçalves, RS. É a oportunidade de viver o momento em que o basalto e a arte se encontram e de conhecer o escultor e as suas obras, inesquecíveis.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Agora Virou CHACÓTA !!!


CTG de Brasília promove BAILE DO CHOPP

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SC: banda grava DVD SERTANEJO durante RODEIO de CTG

Praia Grande, Santa Catarina, Rodeio Nacional do CTG Porteira do Faxinal, sábado, 16 de outubro de 2010, 23h3omin. Abre-se a porta do centro de tradições. E o público começa a entrar. Nada de gaúcho pilchado, prenda de vestido. A maioria era gurizada mesmo, presente alí para acompanhar a gravação de um DVD. A música não era tradicional. Na verdade, o rodeio foi puro pretexto. O local serviu de cenário para um show sertanejo, do grupo Bailaço. Isso mesmo, gravação de um DVD sertanejo em pleno rodeio crioulo de Santa Catarina. Os músicos, claro, dispensaram a pilcha. Uma beleza. Para entrar, a carteira da CBTG/ MTG de nada valia. Tinha que pagar ingresso: R$ 20,00. Claro, como diria uma amigo meu do Vale do Sinos, larguei fincado!

Taí a galera do Bailaço, durante a gravação do DVD

Regalo: blog Roda de Chimarrão

Remanescentes

por Pedro Du Bois

Somos todos
único remanescente
da tormenta: carregamos tormentos
distribuídos em igualdade

(talvez não sejamos menos
passíveis do que os outros:
é possível ver a raiva
sob o tapete)

entre todos

um: reflexo
amiudado em certezas.


A carreira em perseguido
insucesso.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mazááá - "6º Cante uma Canção" - Pela Voz do Campo

6º Cante uma Canção em Vacaria
Vacaria

Intérprete: Lisandro Amaral


Amigos ventos já andavam bravos
calando antigos ancestrais e taitas
quando saltamos de guitarra e verso
trançando alma nos botões da gaita
se o barbicacho deste jeito antigo
firmou dos ventos nossos gens vaqueanos
tenho a certeza que não morreremos
na voz terrunha de um guri pampeano

Sobram rancheiras na cincha chamarritas
prendas bonitas molham corações
quando meu verso ganha céu e estrela
na luz da alma das tuas canções

Ganhei mais alma quando teus acordes
banharam puros simplesmente aos frutos
que plantamos livres para os que passaram
e cantar aos que ficaram ouvindo um canto esperança
e tudo que foi lembranças, rancheiras e chamarritas,
vaneiras toadas bonitas pra continuarmos à trança
de todo laço esperança que traz na armada a riqueza
e tenha a luz e a firmeza no olhar de cada criança

Por certo a noite feiticeira amiga
se fez luzeiro em algum pirilampo
cai o poema, oração e canto
missão guerreira pela voz do campo

Sobram rancheiras na cincha chamarritas
prendas bonitas molham corações
quando meu verso ganha céu e estrela
na luz da alma das tuas canções

BATALHA DO PULADOR - Passo Fundo

Encenação da Batalha do Pulador ocorrida em 27/06/1894 como parte da Revolução Federalista de 1893-1895, entre Republicanos (pica-paus) e Federalistas (maragatos). No dia 27 de junho de 1894, na localidade chamada Pulador(hoje distrito de Passo Fundo - RS), cerca de 4.500 homens entraram em violento combate, que perdurou por seis horas com grande número de baixas de ambas as partes, terminando com pica-paus e maragatos, já sem munição, brigando "à unha".

PARTE 01


PARTE 02

SHOW Marco Pires & Raineri Laufer

Show dia 29/10 no Jantar de integração dos grupos de danças adulto do CTG Os Teatinos e do DTG Estância de São Pedro na sede do CTG Os Teatinos às 20hs, ingreços limitados com os componentes dos grupos R$ 10,00

Baita abraço gaúchada.

Trabalho em COURO CRU

A dica de hoje é sobre um trabalho artesanal em couro cru, o nome do vivente é Waldir Quevedo de Viamão e seus trabalhos estão disponíveis pelo blog www.waldirquevedo.blogspot.com.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Gaúchos de Brasília no GUINESS BOOK

Grupo de gaúchos que mora em Brasília pretende entrar para o livro dos recordes com o maior chimarrão do mundo.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

CHOVER

Mais um baita regalo desse mestre da poesia. Gracias pela parceria.

por Pedro Du Bois

Sou a sede
a fome
a garra com que o pássaro
retira d’água o peixe
que se oferece
em superfícies

na profundeza
o abismo se fecha
na escuridão do tempo
naufragado

minha fome se completa
minha sede busca a gota
terminal dos ares.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Campanha por música gaúcha em novela da Globo

No blog do cantor Joca Martins:

Caros mateadores aqui do blog, está lançada no twitter a campanha #musicagauchanaaraguaia !!! O pessoal tá twittando com todo força!!!

É só entrar no www.twitter.com e “atracá” #musicagauchanaaraguaia, dizer que apoia e tá feito! O repórter Giovani Grizotti da RBS, está apoiando a campanha e mandou mail pro diretor da novela (Araguaia) !!!

Aí que eu me refiro!!! Todo mundo convidado pra fazer pressão!!!

Meu twitter é www.twitter.com/jocacantor

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Charlas com Tostado

por Paulo Mendes

O Tostado tinha um pelo lisinho, brilhante, sedoso, acho que de tanta alfafa e milho que eu lhe dava. Sempre me olhava com aqueles enormes olhos pretos, às vezes parecia rir. Uma vez, só uma, depois de um dia inteiro puxando a carroça, cansado, me pareceu que estivesse chorando, o coitado. Eu me abracei ao seu pescoço, beijei-o na cabeça, mas de nada adiantou. Ele me olhou de uma forma tão triste que parecia escorrerem lágrimas das suas grandes vistas cansadas. Então também chorei agarrado à tala suada daquele pescoço tão amigo. Disse para meu pai que o Tostado não podia ser tão exigido. "É, cavalo veio ao mundo pra trabalhar", ele me respondeu.

Pra mim, o pai estava errado. O Tostado não era bicho, era gente como eu e ele. Eu sabia que tinha sentimentos, havia alma debaixo daquele couro. Na época, era meu único amigo e conversávamos por longas horas. Ele sabia tudo da minha vida e eu da dele. Nos entendíamos muito bem. Eu o pegava no potreiro em qualquer lugar, era mansinho, ficava pastando tranquilo. Quando eu chegava, com a corda na mão, levantava a cabeça e sorria pra mim. Eu perguntava: "Vamos trabalhar Tostado?". Por birra, chacoalhava a cabeça dizendo não. Que gaiato! Nos finais de semana, depois de fazer os temas de casa, eu pegava pelego e freio e saía devagar, até o grande cipreste, onde ele gostava de ficar à sombra. Primeiro enchia-o de carinhos, passava a mão pelo lombo, pelas crinas, fazia cócegas em sua barriga. Ele adorava. Depois, seguíamos ao passo até o mato das pitangas, por uma pequena e plana trilha no meio do campo verdejante. Eu me deitava em seu lombo e me deixava levar, sentindo o sol queimando na cara, o balanço do tranco... A vida era assim, nós dois na pradaria, a passarada cantando, o cheiro doce das pequenas flores machucadas pelos cascos...

Depois, lá na sanga, que corria cristalina por entre as pedras, o Tostado matava a sede. Eu também bebia. Depois me deitava de costas na grama, ouvindo o barulho da cascatinha e olhando para o céu missioneiro, azul, límpido, com as pequenas nuvens compondo desenhos. "Olha, Tostado, aquela parece uma ovelha, lá longe, a outra parece um elefante. Tu nunca viste um elefante, Tostado, não entende. Mas eu já vi num livro da escola..." Mais tarde voltávamos pra casa, felizes, como dois amigos.

Ah, Tostado, por que precisamos nos separar? Quando soube que estavas doente, corri ligeiro de volta pra casa, mas já era tarde. Estavas lá, estendido, ao lado do arroio, inchado, com os olhos abertos, a mirar a campina que amava... Será que morreste de saudade? Espere-me, meu cavalo, talvez um dia possamos nos encontrar de novo. E se essa ventura nos for concedida, vamos galopar de novo, juntos, pela eternidade...

Regalo foto: Roberto Santos
Regalo publicação: jornal Correio do Povo

segunda-feira, 11 de outubro de 2010