segunda-feira, 31 de maio de 2010

CRAVEI RAÍZES NO CAMPO

por Vanoci Marques

Fui campear na Capital
o que achava promissor
deixei a guampa de chanha
abandonei a campanha
sem noção do seu valor,
lá na floresta de pedra
quase morri de calor
até que é bela a cidade
mas já perdi pra saudade
e voltei pro interior.

Meu lugar é na campanha
entre o gado e os baguais
hoje sei do teu valor
por isso velho interior
não te deixarei jamais,
cravei raizes no campo
nunca mais saio de lá
ouço quando me levanto
acordes vivos do canto
que entoa o sabiá.

O rock lá da cidade
troquei pelo vaneirão
prédio de vários andares
a discoteca e os bares
por fandangos no rincão,
voltei direto pra estância
pro lombo do alazão
ao retornar da invernada
saboreio a carne assada
no braseiro do galpão.

Meu lugar é na campanha
entre o gado e os baguais
hoje sei do teu valor
por isso velho interior
não te deixarei jamais,
cravei raizes no campo
nunca mais saio de lá
ouço quando me levanto
acordes vivos do canto
que entoa o sabiá.

Mãe mata seu filho de 6 anos com salitre

A costureira de 27 anos acusada da morte do filho de 6, segue internada no hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo, sob a custódia da Brigada Militar.

Ela foi presa em flagrante, no domingo pela manhã, acusada de matar a criança com uma dose de salitre. A mulher também teria ingerido uma dose do produto, mas sobreviveu.

Por volta das 10h15min de ontem, os avós maternos encontraram o neto morto e a filha agonizando no quarto da residência em que eles moravam, em Ciríaco.

Regalo: Correio do Povo
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Imagino que deve ser complicado uma mãe perder judicialmente a posse de seu filho, mas sinceramente, chegar ao ponto de matá-lo. Isso é inaceitável.

Eu não consigo entender o que leva uma mãe fazer isso com seu próprio filho.

Com esse caso eu lembro a prosa do Paulo Santana a respeito da pena de morte para crimes ediondos.

Só lamento.

Mazááá - "20ª Tafona" - Saudade em Rima Pobre

Música vencedora da 20ª Tafona da Canção /
Osório

Robledo, gracias por ter me enviado a letra parceiro e parabéns pela conquista, ótima interpretação.

Letra: Rômulo Chaves
Musica: Piero Ereno
Bandolim: Rafael Ferrari
Flauta: Leo Pereira
Violão: Renato Mirahil
Baixo: Piero Ereno
Teclado: Diogo Matos
Acordeon: Lucas Ferreira
Intérprete: Robledo Martins

Saudade em Rima Pobre


Fiz uns versos sem vaidade pra falar de
uma saudade que há muito me persegue

E que o tempo quer levar, mas a vida vem
mostrar que ele tenta e não consegue!

Saudade dos tempos moços, das ânsias,
dos alvoroços e da paz do meu rincão...

Tantas saudades presentes, num poema
simplesmente escrito de coração.


Mas até em rima pobre a saudade
é muito nobre, ela desafia os sábios:

Será que é um sentimento ou o gosto
dos momentos que a vida traz nos lábios?

Só sei que o instante passa e a lembrança
nos abraça na mesma velocidade

E nos diz em voz serena que agora resta
apenas, dos momentos, a saudade...


Alguém já disse pra mim que o tempo
não tem fim e isso não há quem mude;

No decurso da vivência, em troca de
experiência, ele leva a juventude...

Um "recuerdo" tem seu preço, isso eu sempre
reconheço, mas quero que a vida cobre

Nem que seja com saudades, nestes versos
sem vaidade, escritos com rimas pobres...


Que saudade da casinha e do pátio da
escolhinha, do rincão onde eu cresci!!

Saudade da inocência, de pensar que
era querência este mundo em que vivi.

A brisa da nostalgia traz encantos de
poesia nestes ventos do passado

E me vejo qual menino repisando meu
destino enquanto sonho acordado...


Mas não trago só saudade... pra falar
bem a verdade, eu toco a vida pra frente...

Com os olhos no futuro, vou tentando
andar seguro nos caminhos do presente.

Cada um tem sua cruz, toda estrela tem
sua luz, todo homem tem saudades

A minha virou poesia, com rimas pobres
nas linhas, mas tão rica de verdades!!!

Rio Grande

por André Diefenbach

Rio Grande do Sul
Um misto de terra e gente,
Unidos como um só,
Um rio de águas correntes...

Berço simples do gaúcho,
Que traz a pampa nas veias,
Defendendo os ideais
E sem fugir das peleias...

Eu sou gaúcho e me orgulho
E me basta ser assim
Prá carregar o Rio Grande
Guardado dentro de mim!

A pampa meridional,
Tem por governo o respeito,
Que todo o cuéra bagual
Carrega dentro do peito...

Pátria de índios gaúchos,
Dos guerreiros da igualdade,
Ideais que não se dobram,
Lanceiros da liberdade...

Eu sou gaúcho e me orgulho
E me basta ser assim
Prá carregar o Rio Grande
Guardado dentro de mim!

Regalo: blogopoeta.blogspot.com

Mazááá - "Roberto Luçardo" - Borralhos do tempo

Letra: Vasco Velleda /Roberto Luçardo
Borralhos do Tempo


Foi num domingo, eu me lembro

Que senti raiva da vida
A mocidade perdida
Nos corredores do vento
Apenas dor e lamento
Apenas dor e lamento
Tempo e mais tempo perdido

Por muitos anos a fio
Cabrestiou-me a ilusão
Fui ficando qual xergão
Nas varas do tempo ido
Caroneado, basteriado
O lombo todo esfolado
E os pelos em arrepios

Cheiro a suor de cavalo
Cheiro a pasto e chão molhado
Cheiro a sorriso emprestado
“Pero se hay” que paga-lo
Mais vale cada trocado
De um tempo que hoje é finado
E eu tento ressuscitá-lo

No tempo ficou a história
Algum tição galponeiro
Saudades de algum parceiro
Pingos de amor na memória
O resto é conta relambória
Vai-se o tempo caborteiro

Cheiro a suor de cavalo
Cheiro a pasto e chão molhado
Cheiro a sorriso emprestado
“Pero se hay” que paga-lo
Mais vale cada trocado
De um tempo que hoje é finado
E eu tento ressuscitá-lo

NOITE MUSIQUEIRA - 03/06 - Raineri Spohr

Apresentação "Imperdível"...

Um dos maiores intérpretes da atualidade. Parabéns Nina, iniciativas como estas sempre têm que ser reverenciadas.

Quem estiver pelos pagos próximos a Novo Hamburgo, sugiro prestigiar a Noite Musiqueira desta próxima quinta-feira.

Com Raineri Spohr é garantia total em "show de cultura" e "simplicidade".

Nina, não esquece de filmar esse momento pra postar no YouTube.

Abração.

De Leitor: Drogas x guerra

por Valmir Nunes

Em 1965, foi criado no Exército, em Porto Alegre, a “Operação Presença”.

Soldados que eram preparados para enfrentar qualquer ataque ao Rio Grande.

O tráfico de drogas não é uma guerra?

E o que faz o exército brasileiro?

Pampa e Fronteira

por Fernando Almeida Poeta

Nasci no alto de uma coxilha, lá pras bandas da fronteira,

onde a geada é grande e o minuano sopra mais forte.
Em Catuçaba, São Gabriel, Rio Grande do Sul.
Conheço a lida de campo e como se ata um bocal
porque me criei lidando com gado e domando bagual.

Fui carreteiro, tropeiro e peão de estância.
Migrei para a cidade grande em busca de progresso,
mas minha alma está sempre viajando sebre as coxilhas
deste meu Rio Grande.

E nunca vou perder as raízes que me unem à tradição.
Nestes versos que faço, mostro minha identidade,
de um gaúcho
que tenta resgatar os nossos costumes.

Que fique para sempre em nossa memória,
mesmo paralelo
com a tal de evolução.
Com um grito de guerra, viva a nossa tradição!

Saúde Pública Brasileira

por Paulo Santana

Eu desabo no mais profundo desânimo quando venho a saber que 40 mil brasileiros têm suas pernas, pés e dedos amputados por simplesmente não saberem que eram portadores de diabetes.


São 45 mil pessoas amputadas por ano. 45 mil que se tornam inúteis e deficientes, marginalizando-se no meio social.

Isso é um holocausto, uma hecatombe.


O nosso sistema de saúde é dominado pela hipocrisia, ele sabe que as pessoas morrem aos milhões sem assistência médica, ele conhece que outros milhões restam mutilados por diagnóstico tardio ou pela fila angustiante da cirurgia, vai fazendo o que pode, mas esconde debaixo do tapete uma mancha escabrosa de morte e de dor em milhões de brasileiros desassistidos.

Só se poderia regenerar esta vergonhosa omissão se quem suceder a Lula decretar como questão prioritária nacional a Saúde.

Como isso, a julgar pela pré-campanha à Presidência, não vai acontecer, continuaremos mergulhados num mar de choro e ranger de dentes.

A saúde no Brasil é presidida pela morte.

Regalo: Jornal Zero Hora

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Causo: Os causo das escritura

Bueno, quase 19:00hrs de sexta-feira, eu "loko" de fome e bem na hora que eu estava procurando uma última postagem buena pro final de semana, entra em minha caixa de correio esse causo "loko" de especial. Mauro, muchas gracias pelo texto parcero.

Quem puder ouvir, neste exato momento está passando pela RadioSul.Net "ao vivo" a 10ª Sapecada da Serra Catarinense.

Ótimo final de semana a todos.

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Este texto anônimo foi encontrado escrito a ponta de facão no balcão de um bolicho, hoje tapera, no Passo do Elesbão, Quinto Distrito de Cacequi, na Província de São Pedro do Rio Grande.


Os causo das escritura

Pois não sei se já lhes contei os causo das Escritura Sagrada. Se não lhes contei, lhes conto agora. A história essa é meio comprida, mas vale a pena contá por causa dos revertério. De Adão e Eva acho que não é perciso contá os causo, porque todo mundo sabe que os dois foram corrido do Paraíso por tomá banho pelado numa sanga. Naqueles tempo, esse mundaréu todo era um pasto só sem dono, onde não tinha nem dele nem meu.

O primeiro índio a botá cerca de arame farpado foi um tal de Abel. Mas nem chegou a estendê o primêro fio porque levou um pontaço nos peito do irmão dele, um tal de Caim, que tava meio desconforme com a divisão. O Caim, entonces, ameaçado de processo feio, se bandeou pro Uruguay. Deixou o filho dele, um tal de Noé, tomando conta da estância. A estância essa ficava nas barranca de uma corredêra e o Noé, uns ano despois, pegou uma enchente muito feia pela frente. Côsa muito séria...

Caiu água uma barbaridade! Caiu tanta água que tinha até índio pescando jundiá em cima de cerro. O Noé entonces botou as criação em cima de uma balsa e se largou nas correnteza, o índio velho. A enchente era tão braba que quando o Noé se deu conta a balsa tava atolada num banhado chamado Delúvio. Foi aí que um tal de Moisés varou aquela água toda com vinte junta de boi e tirou a balsa do atolêro.

Bueno, aí com aquele desporpósito, as família ficaram amiga. A filha mais velha do Noé se casou-se com o filho mais novo do Moisés e os dois foram morá numa estância muito linda, chamada estância da Babilônica.

Bueno, tavam as família ali, tomando mate no galpão, quando se chegou um correntino chamado Golias, com mais uns trinta castelhano do lado dele. Abriram a cordeona e quiseram obrigá as prenda a dançá uma milonga. Foi quando os velho, que eram de muito respeito, se queimaram e deu -se o entrevêro. Peleia braba, seu. O correntino Golias, na voz de vamos, já se foi e degolou de um talho só o Noé e o velho Moisés. E já tava largando planchaço em cima do mulherio quando um piazito carretêro, de seus dez ano e pico, chamado Davi, largou um bodocaço no meio da testa do infeliz que não teve nem graça. Foi me acudam e tou morto. Aí a indiada toda se animou e degolaram os castelhano. Dois que tinham desrespeitado as prenda foram degolado com o lado cego do facão. Foi uma sangüêra danada. Tanto que até hoje aquele capão é chamado de Mar Vermelho.

Mas entonces foi nomeado delegado um tal de major Salomão. Homem de cabelo nas venta, o major Salomão. Nem les conto! Um dia o índio tava sesteando quando duas velha se baterem em cima dum guri de seus seis ano que tava vendendo pastel. O major Salomão, muito chegado ao piazito, passou a mão no facão e de um talho só cortou as velha em dois. Esse é o muito falado causo do Perjuízo de Salomão que contam por aí.

Mas, por essas estimativas, o major Salomão, o que tinha de brabo tinha de mulherengo. Eta índio bueno, seu. Onde boleava a perna, já deixava filho feito. E como vivia boleando a perna, teve filho que Deus nos livre. E tudo com a cara dele, que era pra não havê discordânça. Só que quando Deus Nosso Senhor quer, até égua véia nega estribo.

Logo a filha das predileção do major Salomão, a tal de Maria Madalena, fugiu da estância e foi sê china de bolicho. Uma vergonhêra pra família! Mas ela puxou a mãe, que era uma paraguaia meio gaudéria que nunca tomô jeito na vida. O pobre do major Salomão se matou-se de sentimento, com uma pistola Eclesiaste de dois cano.

Mas, vejam como é a vida. Pois essa mesma Maria Madalena se casou-se três ano despois com um tal de coronel Ponciano Pilatos. Foi ele que tirou ela da vida. Eu conheço uns três causo do mesmo feitio e nem um deles deu certo. Como dizia muito bem o finado meu pai, mulher quando toma mate em muita bomba, nunca mais se acostuma com uma só.

Mas nesses contraproducente, até que houve uma contrapartida. O coronel Ponciano Pilatos e a Maria Madalena tiveram doze filho, os tal de apósto, que são muito conhecido pelas caridade que fizeram. Foi até na casa deles que Jesus Cristo churrasqueou com a cunhada de Maria Madalena, que despois foi santa muito afamada. A tal de Santa Ceia.

Pois era uns tempo muito mal definido. Andava uma seca braba pelos campo. São José e a Virge Maria tinham perdido todo o gado e só tavam com uma mula branca no potrêro, chamada Samaritana. Um rico animal, criado em casa, que só faltava falá. Pois tiveram que se desfazê do pobre.

E como as desgraça quando vem, já vem de braço dado, foi bem aí que estouraram as revolução. Os maragato, chefiado por uma tal de coronel Jordão acamparam na entrada da Vila. Só não entraram porque tava lá um destacamento comandado pelo tenente Lázo, aquele mesmo que por duas vez foi dado por morto.Mas aí um cabo dos provisório, um tal de cabo Judas, se passou-se pro maragato e já se veio uns tal de Romano, que tavam umas várzea e ocuparam a Vila.

Nosso Senhor foi preso pra ser degolado por um preto muito forte e muito feio chamado Calvário. Pois vejam como é a vida. Esse mesmo preto Calvário, degolador muito tal afamado, era filho da velha Palestina, que tinha sido cozinhêra da Virge Maria. Degolador é como cobra, desde pequeno já nasce ingrato. Mas entonces botaram Nosso Senhor na cadeia, junto com dois abigeatário um tal de João Batista e o primo dele, Heródio dos Reis. Os dois tinham peleado por causo de uma baiana chamada Salomé e no entrevero balearam dois padre, monsenhor Caifás e o cônego Atanásio.

Mas aí veio uma força da Brigada, comandada pelo coronel Jesus Além que era meio parente do homem por parte de mãe e com ele veio mais três corpo de provisório e se pegaram com os maragato. Foi a peleia mais feia que se tem conhecimento. Foi quarenta dia e quarenta noite de bala e bala. Morreu três santo na luta: São Lucas, São João e São Marco. São Mateus ficou três mês morre não morre, mas teve umas atenuante a favor e salvou-se, o índio...

Nosso Senhor pegou três balaço, um em cada mão e um que varou os pé de lado a lado. Ainda levou mais um pontaço do mais velho dos Romano, o César Romano na altura das costela. Ferimento muito feio que Nosso Senhor curou tomando vinagre na sexta-feira da paixão...

Mas aí, Nosso Senhor se desiludiu-se dos home, subiu na Cruz, disse adeus pros amigo e se mandou-se de volta pro Céu. Mas deixou os dez mandamento, que são cinco e que se pode muito bem acolherá em dois:
1º - Não se mata home pelas costa,
2º - Nem se cobiça mulher dos ôtro pela frente.

Mas que tál.

Mazááá - "11ª Escaramuça" - Nas Veias da Nossa Gente

11ª Escaramuça da Canção Gaudéria /
Triunfo.

Letra: Elson Lemos
Musica: Mauricio Barcellos
Intérprete: Mauricio Barcellos

Nas Veias da Nossa Gente


Meu verso é falquejado nos moldes rudes do pago
Com rimas de cacho atado pra cantar suas verdades.
Com a mesma simplicidade da alma do homem campeiro,
Meu verso sonha justiça num tempo de igualdade!

Meu verso fala em misérias e das injustiças sociais
Nos quatro pontos cardeais da nossa pátria baguala,
E assim, de bombacha e pala, na voz do xucro dialeto,
É o pago redescoberto é a pergunta que não cala!

É a lança e, por certo, a bandeira dos combates Farroupilhas
Que tingiram estas coxilhas com o sangue dos valentes.
É a constância das vertentes que a seca nunca termina:
A rubra seiva sulina nas veias da nossa gente!

Meu verso é peão de campo, tropeiro e tropa arreada
No sonho morto da estrada que há tempos ganhou o sono,
E na solidão do abandono, meu verso é o gaúcho à pé
revendo a visão de Sepé: a nossa terra tem dono...

Meu verso é água da sanga que faz novo curso na enchente,
E assim é um lugar tenente na tropa dos excluídos...
É um sonho nunca esquecido pelos caminhos dos anos
Que hoje renasce nos planos de quem se julgava perdido!

Causo: O Começo da Briga

- O senhor foi intimado para depor sobre a violenta briga acontecida ontem no seu armazém no Iguariaçá. Três mortos, oito feridos, um horror...

- No meu bolicho, seu delegado. Quem sou eu para ter armazém? Armazém é do turco Salim, que foi mascate. Por sinal que...

- Não desvie do assunto. Como e por que começou a briga?

- Bueno, pos então, historemo a coisa. Domingo, como o senhor sabe, o meu bolicho fica de gente que nem corvo em carniça de vaca atolada. O doutor entende: Peonada no más, loucos por um trago, por uma charla sobre china. A minha canha é da pura, não batizo com água de poço como o turco Salim. Que por sinal...

- Continue, continue, deixe o turco em paz.

- Pois então bamo reto que nem goela de joão-grande. Tavam uns quinze home tomando umas que outras, uns mascando salame pra enganar o bucho, quando chegou o Faca Feia. O senhor sabe, o índio é mais metido que dedo em nariz de piá, deu um planchaço de adaga no balcão e perguntou se havia home no bolicho.

Todo mundo coçou as bolas. Home tem bola, o senhor sabe.


O Lautério que não é flor de cheirar com pouca venta, disse que era com ele mesmo, deu de mão numa tranca e rachou a cabeça do Faca Feia. Um contraparente do Faca Feia não gostou do brinquedo e sentou a argola do mango no Lautério. Pegou no olho - lá nele - e o Lautério saiu ganiçando como cusco que levou água fervendo pelo lombo, um amigo do Lautério se botou no contraparente do Faca - que já tava batendo a perninha - e enfiou palmo e meio de ferro branco no sovaco do cujo, que lhe chamam Pé de Sarna.

Um irmão do Sarna acho que chateado com aquilo pegou um peso de cinco quilos da balança e achatou a cabeça do homem que faqueou o Sarna. Os óio saltaram, seu doutor. E eu só olhando, achando tudo aquilo um tempo perdido.

Um primo do homem do ferro branco rebuscou um machado no galpão e golpeou o irmão do Sarna. Errou a cabeça, só conseguiu atorar o braço do vivente. Aí eu fui ficando nervoso, puxei meu berro pro mole da barriga, pronto pra um quero, meu bolicho é casa de respeito, seu delegado, e a brincadeira já tava ficando pesada.

Mas bueno, foi entonces que o Miguelão se alevantou do banco, palmeou uma carneadeira, chegou por trás do homem do machado, pé que te pé, grudou ele pelas melena e degolou o vivente num talho, a coisa mais linda. O sangue jorrou longe como mijada de cuiúdo. Aí eu e mais uns outros - tudo home de respeito -se arrevoltemo com aquilo.


Brinquedo tem hora, o senhor não acha?


- Acho, sim. Mas e aí?

- Pois, como lhe disse, nós se arrevoltemo.

Saquemo os talher. E foi aí que começou a briga...

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Regalo: Blog Pithan Pilchas

Charge: Marco Aurélio

É Marco Aurélio, a situação de nossa capital não está nada boa.

Eta politicagem suja essa.

Etapa do Freio de Ouro movimenta Santa Maria

Depois de Rio Grande, chegou a vez de Santa Maria sediar uma etapa classificatória do Freio de Ouro 2010. Participam da competição 38 animais, entre machos e fêmeas, credenciados nas cidades de Bagé, Dom Pedrito, São Gabriel, Cachoeira do Sul e São Sepé. Os resultados finais serão conhecidos neste domingo.

Desde a quarta-feira, no entanto, os cavalos vêm sendo avaliados. Os jurados da classificatória são André Narciso Rosa, Cássio Bonotto e Marcelo Montanto Coelho, no Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Maria.

Oito deles – quatro machos e quatro fêmeas – garantirão vaga na grande final do Freio.


O Núcleo Regional de Criadores de Cavalos Crioulos de Santa Maria também realiza a Exposição de Outono da Raça, passaporte para a Expointer. Ao todo, 124 animais, sendo 22 deles da categoria incentivo, estão inscritos na exposição.

O evento de Santa Maria tem ainda na agenda três leilões:
- 4º Remate Cepa Crioula
- Remate Parceria Crioula
(hoje 28/05 apartir das 20:00hrs)
- 3º Remate Cabanha Quatro C (amanhã 29/05 apartir das 21:00hrs)

Regalo: Jornal Zero Hora

Mãe. . . Sai denovo no Gazeta!

Regalo: Jornal Gazeta Regional (serra gaúcha).

Mazááá - "29ª Coxilha" - Pescoceiro

29ª Coxilha Nativa /
Cruz Alta.


Letra: Zeca Alves
Melodia: André Teixeira
Violão: André Teixeira
Violão e vocal: Beto Borges
Guitarrón: Cristian Camargo
Gaita Botoneira: Ricardo Comasseto
Contra-baixo: Gilnei Oliveira
Intérpretes: Raineri Spohr e André Teixeira

Pescoceiro


Ensaio para a finalera do festival

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Palavrões Musicais

por Nadiane Momo

Não sou da área da música, apenas alguém que gosta de ouvir e apreciar boas letras e melodias, mas tenho observado que os últimos anos, a qualidade da música vem caindo.


Canções que marcaram época não têm mais se revelado e os forrós, pagodes, entre outros ritmos são de músicas do passado ou uma releitura de um hit internacional.

Eu tenho um gosto bem eclético e acho que no fundo, todos tem um pouco de talento. Mas confesso não consigo apreciar, ou ver algum valor nas músicas da Tati Quebra Barraco, mulher moranguinho e mulher melão. Não estou falando do vocabulário, mas a composição é péssima e a voz delas então, nem se fala. Mas infelizmente, elas só estão na mídia e vendendo os seus álbuns, porque alguém compra.

Mas por outro lado, acho que elas levam críticas infundadas. Por que elas são tão vaidas quando usam palavrões? Claro que Caetano Veloso é Caetano, mas porque ele pode cantar "PUTA, VADIA" e todo mundo aplaude e acha lindo? E a Maria Rita, pode cantar "BUNDA" e ninguém diz nada? Olha para mim é um contrasenso não é porque são cantores de MPB que as palavras nas suas vozes tomam outro significado. BUNDA é bunda em "eu rebolo minha bunda" da mulher melão é "nem toda a brasileira é só bunda" da Maria Rita.

Mais uma vez o problema está no público. Tanto que os músicos lado B, ou seja, aqueles que fazem um som mais "cabeça" ou "erudito" não caem na fama popular, o que é uma lástima.

É deplorável também, saber que antigamente as menininhas achavam um máximo dançar balé, e hoje os próprios pais aplaudem quando rebolam freneticamente um funk? É triste ver uma menininha de 4 anos dançando o Crew, mas mais triste ainda saber que a cultura musical brasileira está indo para o fundo do poço.

Regalo: blogdanady.blogspot.com

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Ótima critica Nadiane, a única coisa que me consola é que nossa música raiz rio-grandense
"ainda" não foi esquecida, muito pelo contrário... A cada ano nos fortalecemos mais.

Nossos festivais são um regalo para mantermos a cultura gaúcha. Certo que as vezes aparecem uns "loko" do maxixe, mas esses tiramos de letra.

Ruim é o restante do Brasil...Ahhh esse sim está uma vergonha.

Fernando Massolini

Regalo ao Meu Sombreiro

por Henrique Fernandes

“ Foi regalo de um padrinho
Meu sombreiro requintado
Que repousa pendurado
Bem do lado das esporas
Quantas lidas campo a fora
Foste o limite do céu
Vou cantando o meu chapéu
Contraponteando as auroras...”

Copa baixa fronteiriça
De piazito se acentou,
Depois tapeado ficou
Qual um potro destapado
Barbicacho sempre atado
Que no queixo se afirmava
Quando o vento assoviava
Bordoneando o alambrado

Já mocito, anos depois
Tropeava mulas alçadas,
E no fundão da invernada
Firmei copa de tropeiro
Uma ponta, quatro esteios
Escoa água entaipada,
Com a aba desabada
Bem num estilo campeiro.

Reflete o negro da noite
Meu velho amigo das lidas.
Espelho da minha vida,
Dos repechos mais torenas,
E o tirrim das nazarenas
Pacholiando nas carreiras
Numa estampa domingueira
Arrucinando os vetena.

Perdi a conta dos tentos
Que o barbicacho afroxo,
Mais de um arrebento,
Mas meu bilonga sotretra.
Não enverga, nem rebenta,
Qual palanque bem socado,
Chapeuzito desabado
Que a todo tirão agüenta.

Hoje repousa num gancho
Carcomido, desbotado
Negro pardo, alabunado,
Meu chapéu perdeu a cor,
Mas não perdeu o valor,
Será sempre meu regalo
Pois quando to a cavalo
Destapo meu sombreador...

OBS.: Letra interpretada por Cristiano Quevedo na 23ª Moenda da Canção / Santo Antônio da Patrulha.

Mazááá - "Juntando Gravetos"

Sensacional!!!

Queria saber em que ano foi gravada essa pérola.

Reparem a facilidade que o Yamandú têm em fazer os dedilhados no violão...

Mata a Pau.

Letra: Mauro Moraes
Violão: Yamandú Costa
Interprete: Alemão do Ibororé
Juntando os Gravetos


Agora vai uma palinha da mesma música só que com a interpretação de Luiz Marenco e José Claudio Machado (CD De Bota e Bombacha do Luiz Marenco - Gravadora Vozes - 2001).

Juntando os Gravetos



Eu tenho muito, desta mania de escrever e de querer fazer de tudo um pouco
E sempre dedilho a palavra de alma lavada mimando esse tempo loco
Se a trova anda em desova é porque o violão dilacera quem lê
E a porta logo escancara com os olhos em brasa pagando pra vê

Na distância de quem me espera à léguas ando tocando o cavalo
Um baio bem encilhado, e às vezes topo com o gado, lambendo o sal no rodeio

Ando à procura de alguém, que me dê um aparte também é verdade
E ainda tiro o chapéu olhando firme pro céu, queimando a carne
E desde cedo me vejo em conflito, comigo, levando cada baita pealo,
Coisas de pampa e fronteiro, campo e campeiro, tomando mate

Tristeza vou pôr uma beca, saí campo-fora, prosear com a querência
Juntando os gravetos saber como anda as ovelhas
E algumas porqueiras, que eu gosto de ter

Lá em casa na hora da janta, a cuscada late, bate-cola
O cheiro da bóia é bom, saudade me passa o pão e o leite dos guachos
No pátio a solidão varreu cisco, o coração sabe disso e se esparrama nos galhos
Logo o violão mete bronca e antes que a vida responda, que mal tem um abraço

Túnel do Tempo - Malakoff e Ponte de Pedra - POA

Regalo: Jornal Zero Hora

Fenafrango 2010: Cavalo Crioulo passa a ser nova atração

Várias atrações confirmadas para este 3º dia da Fenafrango 2010, que acontece no Parque de Exposições Wolmar Salton, em Passo Fundo.

Iniciam hoje as atividades relacionadas ao Núcleo de Criadores de Cavalo Crioulo Ronald Bertagnoli, que estará promovendo uma exposição morfológica, credenciando animais para o Freio de Ouro 2010, organizando uma resenha coletiva para pequenos criadores de cavalos da raça e, além disso, haverá uma palestra hoje à noite, a partir das 19h com representantes da Associação Brasileira de Cavalo Crioulo, que vão abordar o tema: Morfologia e rumos da raça no Estado.

Ainda pela parte da noite, a partir das 23h haverá um grande Show com Érlon Péricles e Cristiano Quevedo no PUB 540

Regalo: Rádio Planalto

Tu não vai acredita !

Mauro, tu não vai acredita home.

Hoje, quinta-feira, o Renato Gabbana me liga pra avisar que acharam o laço.

Mas que tal home.


Apartir de agora vou sempre acender uma vela pro negrinho.

Tchê, tô mais feliz que puta em dia de pagamento no bordel.

Abraço.

Mazááá - "23º Carijo" - Carreteiro Gaúcho + Flickr Mauro Heinrich

23ª Carijo da Canção Gaúcha /
Palmeira das Missões.


Intérpretes: Érlon Péricles e Cristiano Quevedo

Carreteiro Gaúcho


Eu corto o charque a capricho
Pego a panela campeira
E se temo carne buena
Com o arroz lá da fronteira
Atiço o fogo de chão
Que a trempe tá preparada
O charque fica fritando enquanto vo na aguada
Logo volto da vertente
Trazendo a água mais pura
Meto a cambona no fogo
Até o ponto da fervura
Boto o arroz na panela
Que a tempo foi escolhido
Depois de uma meia hora
Devidamente escorrido
Boto três colher de banha
Que é prá não grudar no fundo
Segredo que eu aprendi
Pelos galpões deste mundo
Dente de alho e cebola
Sempre ajudam no tempero
Meto água e sal a gosto
E vo calmando o brasero
Não passa vinte minutos
Já tá pronto o carreteiro
É só provar...é só provar
Hoje vamo forrá o bucho
Chega dar água na boca
Um carreteiro gaúcho...

Regalos:
Letra: Érlon Péricles
Foto: Mauro Heinrich

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Pra Quem Tem Alma Nos Bastos

por Loresoni Barbosa

De tanto gastar sovéus
perderam a conta dos calos,
sempre ajeitando cavalos
pra serventia dos “basto”,
trazem auroras de arrasto
junto as esporas crinudas,
ponchos de “alla” nas cintura
se os chapelões bem tapeados
sombreando sonhos alçados
-zombando tempo e lonjuras.

São os habitantes do arreio!
São os senhores do estrivo!
Não são os mesmos da tribo
que enfeitam cartões postais,
esses encilham baguais
com pradarias no olhar,
sabem de golpes no ar
e de tirões campo a fora,
quando um “pavena”se atora
cambiando o céu de lugar.

Assim é a sina dos quebra
sque ensebam as “de garrão”
quando a lua num tirão
vem arrastar madrugadas,
hai mistério nas mateadas
e no olhar dos melenudos
que acreditão nos jujos
e num bocal bem sovado
- tropilha xucra é um pecado
pra quem tem alma nas puas.

Pois mal o sol cruza nas frinchas
listrando o negror dos ranchos
e as nazarenas dos ganchos
lhe saltam nas garroneiras
duas estrelas boieiras
com ganas de pêlo mouro
que brilham no céu dos couros
quando um potro corcoveia.

É lindo ver num palanque
um ventena cosquilhoso
desses que arrastam o toso
lambendo o chão da mangueira,
pra quem tem alma campeiraeste
convite é um “regalo”,
e esses não deixam cavalos
com ânsias de estrada e poeira.

Nem o rigor dos invernos
muda a feição desses tauras
tão pouco o lombo dos maulas
lhes tiram tino e razão,
pois quando o braço fraqueja
lhes sobra n’alma destreza
e anseios de um redomão.

Já no final da jornada,
quando o chiar das cambonas
empeçam cantigas velhas
para anunciar a mateada,
um taura, afina a guitarra
e ensaia um verso a preceito,
quer ver se peala de jeito
os chucros olhos da amada.
Outro, co’a idéia distante
-lá pela banda oriental
-ajeita basto e bocal
mordendo um ”toco” apagado.
-Ginete ninguém segura
-tá ”lejo” a semana santa
mas já está de mala pronta
rumo as ”Criollas del Prado”.

Assim vão cruzando a vida
tropeando o próprio destino,
golpeando algum sonho antigo
que se perdeu pelos pagos
ou na ilusão dos teatinos.

Levam auroras de arras
tojunto as esporas crinudas,
ponchos de ”allá” nas cinturas
e as almas presas nos tentos
com o Rio Grande a cabresto,
pra fazer pátria e fronteira
além das vãs cordilheiras
nos prados do firmamento.