MÁRIO QUINTANA: O poeta diante da sua própria arte
por Tânia Du Bois
Estamos comemorando o aniversário de Porto Alegre, capital e coração do Rio Grande; uma oportunidade para lembrar a intensa vida de trabalho de Mário Quintana que, com emoção, possibilitou a realização integral de seus sonhos de luz, liberdade e felicidade.
Quintana foi um poeta muito especial, o que nos permite penetrar no reino das palavras quintanares e passear pelos seus textos como quem conversa com a cidade de Porto Alegre.
A reunião de alguns de seus textos permite a visão do seu percurso, mostrando o poeta diante da sua própria arte:
1 – Preto no Branco
“A arte de escrever é, por essência, inerte e tem sempre um quê
proibido: algo assim como essa tentação irresistível que leva os
garotos a riscar a brancura dos muros”.
Onde Quintana transfigura a imagem da cidade, nas metáforas de seus poemas.
2 - A Rua dos Cataventos
“Jogos de luz dançando na folhagem! / Do que eu ia escrever
até esqueço... / Pra que pensar? Também sou da paisagem...”
Mário Quintana, muitas vezes, confundido com a paisagem das ruas de Porto Alegre.
3 – “De Sonetos e de Canções”
Uma das características de Mário Quintana é a melodia de seus
Versos, símbolo que, ancorado na cidade, fez dela seu itinerário de canções.
4 – O Diálogo entre o Poeta e a Rua
“Dorme ruazinha... É tudo escuro... / Em meus passos,
quem é que pode ouvi-los?”
A exploração de suas andanças pelas ruas de Porto Alegre. 5 – XI “Passos da Cruz”
“Não sou eu quem descrevo / Eu sou a tela
E oculta a mão colore alguém em mim”
O poeta funde em poesia a realidade e a imaginação: Porto Alegre é sua poesia.
5 – O Mapa
“Olho o mapa da cidade / Como quem examinasse / A anatomia
do corpo... / sinto uma dor infinda / das ruas de Porto Alegre /
onde jamais passarei...”
Nesse poema ele fala de lugares, ruas, bairros e estão relacionados às suas diferentes lembranças sobre a cidade.
6 – Na Volta da Esquina
“Os sorrisos mais encantadores que a gente recebe na vida são os
desses candidatos em vésperas de eleições”.
O eu-lírico presente no texto, “sorrisos” com uma pitada sobre Política, sua maneira de ajudar a refletir seu encanto por Porto Alegre..
7 – Ora Bolas
Segundo Luís Fernando Veríssimo, Quintana dizia muito “ora bolas”, que era o seu desabafo de mil utilidades – é um livro que reúne o humor cotidiano.
8 – Dos Livros
“A duas espécies de livros: uns que os leitores esgotam, outros que
esgotam os leitores”.
Aqui, Quintana revela a face secreta de Porto Alegre e de seus habitantes.
9 – O Auto-retrato / “No retrato que faço / - traço a traço – /
as vezes me pinto nuvem / as vezes me pinto árvore”.
O poeta sempre amou a cidade que, desde sempre, lhe retribui esse amor.
Para Quintana, escrever sobre Porto Alegre, era a sua maneira de comunicar-se com o mundo e demonstrar seu amor pela cidade. Hoje, a certeza de que a mesma se reconhece em seus versos e ele está presente em sua paisagem.
Caro Fernando, é sempre um prazer poder participar desse espaço. Agradeço de coração. Abraços, Tânia.
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