sábado, 24 de setembro de 2011

CAVALOS



Ótimo motivo para iniciar bem meu final de semana.

Hoje abri minha caixa de emails e estava lá: ASSUNTO: "notícias". Quando iria deletar achando ser vírus vi que se tratava de um e-mail da amigaça Tânia Du Bois.

Sinceramente, eu estava com muita saudades da Tânia, colaboradora fundamental aqui do Na Hora do Amargo, onde, através de seus textos literários com ampla pesquisa e muito bem fundamentados, consegue de uma forma diferenciada exaltar a cultura de nosso estado.

Gracias Tânia pela colaboração.

Baita abraço.

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Caro Fernando,
espero que esteja tudo bem com você.
Uma colaboração para a Hora do Amargo.
Abraços,
Tânia
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CAVALOS
por Tânia Du Bois

“Se o olhar visse cavalos: / estar agora sob as crinas: /
estar acordado quando vê-los...” (Fernando J. Karl)

Ao passar por túneis que cruzam o tempo e guardam a parte das tradições é sempre interessante conhecer, lembrar e reler a história, com seus grandes momentos, como encontramos na obra O massacre dos Porongos & Outras Histórias Gaúchas, de Paulo Monteiro, onde rememora a história do Rio Grande do Sul, a formação daquele Estado, o povo e a cultura gaúcha. Ele trata do tema como riqueza cultural na busca pela verdade.

Voltando ao cavalo, ele é a insondável paisagem do campo. Seus movimentos parecem anunciar os atos de bravuras, que se fundem com a poesia e surpreendem no encantamento de seu galope, como encontramos em livro de Luiz Coronel, com ilustrações e capa de Paulo Porcella, ”Os Cavalos do Tempo/ galopam pelas colinas. / Trazem a manhã no lombo / e a cerração nas narinas...”

Cavalos representam o tempo de mudanças e, sem destruir o sólido espírito vitoriano, ainda predomina em terras rio-grandenses, fazendo parte da paisagem. Também, constituem outro passo da luta que vem da Independência para libertar e alegrar boa parte do povo.

“Sobre o toso do meu cavalo / tenho a visão de um mundo / onde sou completa, /
livre e sem qualquer preconceito. / simplesmente feliz!!” (Raquel B. Pires)

O tema cavalos gera palavras e sentidos, opiniões em termos literários. A grande preocupação dos escritores é revelar e desnudar a beleza do cavalo, juntamente com sua utilidade e tradições, desencadeando um processo de caracterização na história literária.

Armindo Trevisan, considerado referência na poesia gaúcha, escreveu, “... Teu cavalo é sonho do povo / que devasta flores, / e rola de olho em olho / pelos abismos do medo...”; Jorge de Lima, revela, “Era uma cavalo todo feito em lavas / recoberto de brasas e de espinhos. / Pelas tardes amenas ele vinha...”; e, Murilo Mendes completa, “Pela grande campina deserta passam os cavalos a galope. / Aonde vão eles?.../ São os restos de uma antiga raça companheira do homem / ...os cavalos fecham a curva do horizonte, / Despertando clarins na manhã.”

Escritores empenhados em desvelar o importante papel dos cavalos, no sentido de reviver parte da história como desafio, ostentam a motivação, a paixão por novos encontros, com a possibilidade da conquista, como encontramos no livro  Cavalos e Obeliscos, de Moacyr Scliar, onde conta as aventuras de um adolescente em cidade da campanha sul-rio-grandense.

Cavalos chamam a nossa atenção pela força e beleza, refletindo nas artes de escrever, de ler, de contar e de pintar. Nas palavras de Raquel B. Pires, ”Passei por tantas estâncias / Cada qual mais aprendi / Vi velhos contarem sonhos / Que estranhamente vivi / Todos eles partes da história / Que nem mesmo conheci...”

Um comentário:

  1. Caro Fernando,

    também estava com saudades de você.
    É sempre prazer e alegria poder participar do Na Hora do Amargo.
    Agradeço de coração.
    Abraços,
    Tânia.

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