Causo inédito da parceira Teresina para o "Na Hora do Amargo".
por Teresina Crema
O pai já velho e cansado um dia resolveu dar uma pequena lembrança aos seus dois filhos, foi então que presenteou ambos com um cavalo, os pingos eram lindos pingos de lei, de patrão mesmo. No dia seguinte os dois viventes partiram sem saber pra onde ir, já que não sabiam nem ler e nem escrever, faltava muita ciência pra eles.
Era quase meio-dia e os tauras loucos de fome avistaram uma bodega, apeiaram, amarraram os cavalos numa sombra e de vereda pediram algo para comer, como na bodega não tinha quase nada, mataram a fome com pão e rapadura mesmo.
Prosa vai, prosa vem e o bodegueiro pediu de onde os viventes eram, o mais novo já disse que tinham ganhado os pingos como herança do velho pai e que saíram Rio Grande afora em procura de trabalho e moradia, o maior problema é que eles eram muito burros e faltava um tanto de ciência (estudo) pra eles.
O bodegueiro já vivido e louco de ligeiro logo largou que isso não era problema e que tinha uma erva buena que desenvolvia a inteligência dos viventes, era só comer a dita erva e pronto. Capaz que os dois irmãos não acreditaram, num piscar de olhos compraram a dita erva, tiraram o chapéu, agradeceram o bodegueiro de joelhos e saíram arrastando as esporas loucos de faceiros cada um com seu pacotinho. Na real a dita erva era pura salsa catada na horta da mãe do bodegueiro, de ciência aquilo não tinha é nada.
Mais duas horas de passo e galope num calor de mais ou menos trinta graus, os tauras decidiram parar numa árvore há beira da estrada para pegar uma sombra, bateu o sono e os viventes dormiram ai mesmo, em cima dos pelegos e na sombra fresca por demais, as tal das ervas, essas os cavalos comeram só de aperitivo enquanto os bonitos dormiam.
Ao acordar o mais velho percebe que as ervas já eram, depois de muita peleia entre os irmãos só restou voltar a bodega para comprar mais erva. Chegando a bodega levaram uma baita surpresa, o bodegueiro não tinha mais a tal da erva, mas bem sério já saiu com a prosa que era fácil resolver o problema, eles deviam prestar atenção nos cavalos e quando eles dessem uma boa cagada, bastava comer a merda aos poucos, assim a inteligência passava toda pra eles.
O mais novo saltou louco de ligeiro gritando que ser burro ele até concordava mas chegar ao ponto de comer merda, isso nunca, vamos ficar do jeito que somos mesmo.
E assim os dois viventes continuaram a lida rumo ao que seus destinos lhe aguardavam e pensar em ficar inteligentes nunca mais entrou em seus planos.
Regalo causo: Teresina Crema
Regalo linguagem: Fernando Massolini
Regalo foto: Paulo Hafner
por Teresina Crema
O pai já velho e cansado um dia resolveu dar uma pequena lembrança aos seus dois filhos, foi então que presenteou ambos com um cavalo, os pingos eram lindos pingos de lei, de patrão mesmo. No dia seguinte os dois viventes partiram sem saber pra onde ir, já que não sabiam nem ler e nem escrever, faltava muita ciência pra eles.
Era quase meio-dia e os tauras loucos de fome avistaram uma bodega, apeiaram, amarraram os cavalos numa sombra e de vereda pediram algo para comer, como na bodega não tinha quase nada, mataram a fome com pão e rapadura mesmo.
Prosa vai, prosa vem e o bodegueiro pediu de onde os viventes eram, o mais novo já disse que tinham ganhado os pingos como herança do velho pai e que saíram Rio Grande afora em procura de trabalho e moradia, o maior problema é que eles eram muito burros e faltava um tanto de ciência (estudo) pra eles.
O bodegueiro já vivido e louco de ligeiro logo largou que isso não era problema e que tinha uma erva buena que desenvolvia a inteligência dos viventes, era só comer a dita erva e pronto. Capaz que os dois irmãos não acreditaram, num piscar de olhos compraram a dita erva, tiraram o chapéu, agradeceram o bodegueiro de joelhos e saíram arrastando as esporas loucos de faceiros cada um com seu pacotinho. Na real a dita erva era pura salsa catada na horta da mãe do bodegueiro, de ciência aquilo não tinha é nada.
Mais duas horas de passo e galope num calor de mais ou menos trinta graus, os tauras decidiram parar numa árvore há beira da estrada para pegar uma sombra, bateu o sono e os viventes dormiram ai mesmo, em cima dos pelegos e na sombra fresca por demais, as tal das ervas, essas os cavalos comeram só de aperitivo enquanto os bonitos dormiam.
Ao acordar o mais velho percebe que as ervas já eram, depois de muita peleia entre os irmãos só restou voltar a bodega para comprar mais erva. Chegando a bodega levaram uma baita surpresa, o bodegueiro não tinha mais a tal da erva, mas bem sério já saiu com a prosa que era fácil resolver o problema, eles deviam prestar atenção nos cavalos e quando eles dessem uma boa cagada, bastava comer a merda aos poucos, assim a inteligência passava toda pra eles.
O mais novo saltou louco de ligeiro gritando que ser burro ele até concordava mas chegar ao ponto de comer merda, isso nunca, vamos ficar do jeito que somos mesmo.
E assim os dois viventes continuaram a lida rumo ao que seus destinos lhe aguardavam e pensar em ficar inteligentes nunca mais entrou em seus planos.
Regalo causo: Teresina Crema
Regalo linguagem: Fernando Massolini
Regalo foto: Paulo Hafner
Muito bom.A forma com que foram colocadas as palavras merecem aplausos.
ResponderExcluirMuchas gracias parceiro,
ResponderExcluiragradeço pela visita.
Sinta-se em casa.
Baita abraço.
Fernando Massolini