sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Velho da Barba Branca

“seu moço me faz o favor”,
disse-me o velho da barba branca,
“me guarde bem este trapo,
por onde fores ou ande
é o orgulho dos farrapos,
e sagrado para o rio grande.

milhares de vidas tombaram,
por este pedaço de pano.
por isso todos os anos
virei dar uma olhada.
foste nomeado guardião
e pela nobre função
seguirá nesta campereada.

mostre por aí este estandarte,
que agora lhe entrego à parte,
espalhe o sucedido
para as novas gerações;
não mantenha esquecido,
preservando na memória,
este pedaço da história
da saga da nossa gente,
escrita com sangue derramado
de muitos gaúchos valentes.

antes de ir o velho me disse:
“estarei no vento minuano.
pelo inverno de todos os anos
o vento leva nossas almas,
para patrulhar o estado”.
foi, então, que eu entendi
que as almas daqueles guerreiros
é que tornavam o vento mais gelado.

depois que o velho se foi,
tirei do saco o tecido.
era a bandeira farroupilha,
que me fora outorgada;
se via nela marcas de adagas
e muitos furos de balas.
e no documento de pano
se atesta a veracidade,
pois o sangue na bandeira
é legitimo e de verdade.

Regalo:
"Lembrete de Liberdade", Gilmar Espíndola

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