por Yuri Pospichil
Regalo texto: esqueletodecartolina.blogspot.com
Assassino! Monstro! MORTE!!!
Sim, morte.
É isso que eles querem, o doce espetáculo do fim da vida...a morte!
A multidão adora, aquela raiva misturada com euforia, o desespero estampado na cara do condenado, o suor que lhe escorre gelado pelo rosto.
Coitado? Sim, por que não?
Culpado? Talvez.
Mas como talvez?
A justiça não mostrou a verdade.
Mas a troco de que mentiriam?
Incompetência? Engano? Pressão???
Ah, a pressão, afinal a vítima era rica, poderosa.
A "justiça" deve ser rápida, eficiente.
...Dinheiro, pressão...
O tempo está passando e a família quer resultados...VINGANÇA!
Sim, é isso que eles querem, uma fria e sórdida vingança...
seja qual for, com quem for...alguém tem que pagar.
Mas entre muitos suspeitos e poucas provas, a "lei" não obtêm respostas conclusivas.
Oh! E agora? O quê fazer?
Dizer desculpe mas falhamos?
NÃO! Nada disso, a justiça não falha!!
Eles pensam, pensam...a família pressiona, pressiona.
E então, como uma inspiração divina eles chegam a uma conclusão!!
"Bravo! Bravíssimo! Eles não falham mesmo!" - pensa o povo.
Será mesmo?
É simples, queriam um culpado não é? Eles lhe darão um culpado!
Um garçom, um pai de família, um preto,
um pobre coitado que saía do trabalho na hora do crime.
O público vibra, afinal, para quê provas? O importante é que alguém pague.
E ironicamente, a culpa cai mais uma vez no alvo favorito da lei, um pobre!
Coincidência? Será?...acredito que não!
Ele é condenado à morte!
A família da vítima chora de alegria, em seus pensamentos um único desejo...morte!
A execução já foi marcada, é o fim.
A televisão transforma o acontecimento em espetáculo!
O maravilhoso show da hipocrisia, da vergonha!
A execução será em praça pública, enforcamento...para lembrar os velhos tempos, sabe?
A imprensa chega cedo, brigam, se acotovelam por um lugar mais perto do palco.
Querem filmar bem de pertinho, querem registrar o medo dentro dos olhos do condenado.
O povão não demora para lotar a praça, estão eufóricos, gritam palavras de ódio, erguem faixas com mensagens de "justiça", todos querem aparecer na TV.
E então um apresentador, tipo esses de circo mesmo, entra no palco anunciando a barbárie.
Incita a ira da multidão contra o condenado, espalha sorrisos e atira brindes ao "respeitável" público.
"Tragam o assassino!" - Grita ele.
A multidão vibra como final de copa do mundo de futebol!
E preso à algemas, empurrado por guardas, entra um senhor magro, de olhar amedrontado e pele castigada pelo trabalho pesado.
O povo grita, xinga, humilha um pobre pai de família.
Eles querem ver o que lhes foi prometido...a morte!
O condenado olha para a família da vítima, eles parecem felizes, entados na primeira fila, na altura dos olhos do futuro enforcado.
Ele olha para o público e vê animais...NÃO...animais não seriam tão cruéis, ele vê a decadência humana no seu nível mais crítico.
Alí, bem na sua frente, vibrando pela morte de um irmão.
"O show deve continuar!" - Continua o apresentador.
E então os guardas passam a corda ao redor do pescoço de João.
...SIM!...um simples João, um joão ninguém, o fiel retrato da displicência brasileira.
Ele está lá, a um passo da morte, a um passo do acerto de contas com a sociedade, desesperado, morto de medo, a sua vontade é de chorar...mas não!
Ele não derrama uma só lágrima. O público vibra, xinga, grita, mas ele não chora.
...Isso mesmo João, não de esse prazer a eles!!...
Mas a hora chega, os tambores rufam, o publico fica mudo.
João segura firme, engole seco, e vê sua última imagem...o último retrato antes do golpe fatal!
Ele vê sua mulher abraçada com seus dois filhos, e só então deixa cair uma única e última lágrima.
A multidão volta para casa satisfeita. Aplaudem, se abraçam,
alguns até gritam: "Hoje foi feita a justiça!"
A família da vítima faz questão de cumprimentar desde
o secretário da segurança até o apresentador do espetáculo.
E para demonstrar toda sua gratidão, convidam os competentes
agentes da lei para um grande banquete com música e fogos!
Quando cai a noite, na praça fria e silenciosa só restam três fantasmas, três espectros indigentes com lágrimas nos olhos.
Já em casa pensei: "Uma vez me falaram que não há nada mais apavorante do que os olhos de um homem que sabe que vai morrer!"
Liguei a TV, acendi um cigarro e adormeci assistindo um programa de humor qualquer.
Sim, morte.
É isso que eles querem, o doce espetáculo do fim da vida...a morte!
A multidão adora, aquela raiva misturada com euforia, o desespero estampado na cara do condenado, o suor que lhe escorre gelado pelo rosto.
Coitado? Sim, por que não?
Culpado? Talvez.
Mas como talvez?
A justiça não mostrou a verdade.
Mas a troco de que mentiriam?
Incompetência? Engano? Pressão???
Ah, a pressão, afinal a vítima era rica, poderosa.
A "justiça" deve ser rápida, eficiente.
...Dinheiro, pressão...
O tempo está passando e a família quer resultados...VINGANÇA!
Sim, é isso que eles querem, uma fria e sórdida vingança...
seja qual for, com quem for...alguém tem que pagar.
Mas entre muitos suspeitos e poucas provas, a "lei" não obtêm respostas conclusivas.
Oh! E agora? O quê fazer?
Dizer desculpe mas falhamos?
NÃO! Nada disso, a justiça não falha!!
Eles pensam, pensam...a família pressiona, pressiona.
E então, como uma inspiração divina eles chegam a uma conclusão!!
"Bravo! Bravíssimo! Eles não falham mesmo!" - pensa o povo.
Será mesmo?
É simples, queriam um culpado não é? Eles lhe darão um culpado!
Um garçom, um pai de família, um preto,
um pobre coitado que saía do trabalho na hora do crime.
O público vibra, afinal, para quê provas? O importante é que alguém pague.
E ironicamente, a culpa cai mais uma vez no alvo favorito da lei, um pobre!
Coincidência? Será?...acredito que não!
Ele é condenado à morte!
A família da vítima chora de alegria, em seus pensamentos um único desejo...morte!
A execução já foi marcada, é o fim.
A televisão transforma o acontecimento em espetáculo!
O maravilhoso show da hipocrisia, da vergonha!
A execução será em praça pública, enforcamento...para lembrar os velhos tempos, sabe?
A imprensa chega cedo, brigam, se acotovelam por um lugar mais perto do palco.
Querem filmar bem de pertinho, querem registrar o medo dentro dos olhos do condenado.
O povão não demora para lotar a praça, estão eufóricos, gritam palavras de ódio, erguem faixas com mensagens de "justiça", todos querem aparecer na TV.
E então um apresentador, tipo esses de circo mesmo, entra no palco anunciando a barbárie.
Incita a ira da multidão contra o condenado, espalha sorrisos e atira brindes ao "respeitável" público.
"Tragam o assassino!" - Grita ele.
A multidão vibra como final de copa do mundo de futebol!
E preso à algemas, empurrado por guardas, entra um senhor magro, de olhar amedrontado e pele castigada pelo trabalho pesado.
O povo grita, xinga, humilha um pobre pai de família.
Eles querem ver o que lhes foi prometido...a morte!
O condenado olha para a família da vítima, eles parecem felizes, entados na primeira fila, na altura dos olhos do futuro enforcado.
Ele olha para o público e vê animais...NÃO...animais não seriam tão cruéis, ele vê a decadência humana no seu nível mais crítico.
Alí, bem na sua frente, vibrando pela morte de um irmão.
"O show deve continuar!" - Continua o apresentador.
E então os guardas passam a corda ao redor do pescoço de João.
...SIM!...um simples João, um joão ninguém, o fiel retrato da displicência brasileira.
Ele está lá, a um passo da morte, a um passo do acerto de contas com a sociedade, desesperado, morto de medo, a sua vontade é de chorar...mas não!
Ele não derrama uma só lágrima. O público vibra, xinga, grita, mas ele não chora.
...Isso mesmo João, não de esse prazer a eles!!...
Mas a hora chega, os tambores rufam, o publico fica mudo.
João segura firme, engole seco, e vê sua última imagem...o último retrato antes do golpe fatal!
Ele vê sua mulher abraçada com seus dois filhos, e só então deixa cair uma única e última lágrima.
A multidão volta para casa satisfeita. Aplaudem, se abraçam,
alguns até gritam: "Hoje foi feita a justiça!"
A família da vítima faz questão de cumprimentar desde
o secretário da segurança até o apresentador do espetáculo.
E para demonstrar toda sua gratidão, convidam os competentes
agentes da lei para um grande banquete com música e fogos!
Quando cai a noite, na praça fria e silenciosa só restam três fantasmas, três espectros indigentes com lágrimas nos olhos.
Já em casa pensei: "Uma vez me falaram que não há nada mais apavorante do que os olhos de um homem que sabe que vai morrer!"
Liguei a TV, acendi um cigarro e adormeci assistindo um programa de humor qualquer.
Regalo texto: esqueletodecartolina.blogspot.com
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Têmis ->
Era a deusa grega guardiã dos juramentos dos homens e da lei, sendo que era costumeiro invocá-la nos julgamentos perante os magistrados. Por isso, foi por vezes tida como deusa da justiça.
Têmis empunha a balança, com que equilibra a razão com o julgamento, e/ou uma cornucópia.
Era a deusa grega guardiã dos juramentos dos homens e da lei, sendo que era costumeiro invocá-la nos julgamentos perante os magistrados. Por isso, foi por vezes tida como deusa da justiça.
Têmis empunha a balança, com que equilibra a razão com o julgamento, e/ou uma cornucópia.
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