por Paulo Santana
Olhem o que disse o bispo "Desmond Tutu", ás do antiapartheid ao lado de "Mandela", sobre a realização da Copa do Mundo na África do Sul: “Alguns dirão que foi uma loucura tanto dinheiro em estádios e sistemas de transporte. Mas as pessoas não vivem só de pão. Tiveram a sensação de que podiam tocar as estrelas, e isso não tem preço”.
Perfeito, bispo Tutu. Aqui no Brasil, com esta Copa bilionária que vamos organizar, as pessoas não vão tocar nas estrelas, e sim ver estrelas na angustiante fila da cirurgia do SUS.
Vão ver estrelas de tanta dor.
*
Se um bispo da dimensão do Tutu, declara que o povo não vive só de pão, vive também de Copa, eu deveria desistir.
Mas não desisto.
*
Aos que alegam que os melhoramentos que serão feitos no Brasil pela Copa do Mundo transcenderão cronologicamente à sua realização, então sugiro que sediemos todas as Copas do Mundo daqui por diante, só no Brasil.
E teremos então todos os nossos problemas sociais e econômicos resolvidos, não teremos mais doentes na fila das consultas e cirurgias, realizemos mais uma outra Copa do Mundo e estará resolvido o nosso problema de segurança pública, realizemos mais uma outra Copa e teremos esgotos em 100% das nossas habitações brasileiras, em vez dos 35% atuais, todos os nossos problemas estarão resolvidos.
E dá-lhe Copa do Mundo e Olimpíada em cima do povo brasileiro.
*
No caso da realização da Copa do Mundo em Porto Alegre, chega a causar compaixão: os gaúchos e os brasileiros simplesmente não verão sequer um jogo do Brasil, entre os três que serão realizados em nossa Capital.
Que vantagem é essa que teremos em financiar a Copa do Mundo em Porto Alegre se só poderemos assistir a Argélia x Camarões ou Bulgária x Nigéria no Beira-Rio?
Nem iremos lá, nem temos sequer R$ 1 mil para pagar por um ingresso para jogos que poderemos ver de graça na televisão.
*
Incrivelmente já está decidido que o jogo de abertura da Copa do Mundo será em São Paulo, quando também se sabe que o Morumbi está vetado. Teremos então que construir um estádio em São Paulo, com recursos públicos, R$ 700 milhões até R$ 1 bilhão, com certeza.
Mas isto é dinheiro público posto fora.
Todas as obras estão atrasadas, como estão atrasadas todas as obras públicas necessárias e urgentes sem Copa do Mundo.
Mas que desmando! Mas que loucura!
*
Não tem, como me disse cordialmente o prefeito José Fortunati, dinheiro público para construir o viaduto da Nilo Peçanha com Carazinho, obra vital para a Zona Leste e para a cidade, que está engarrafando numa agonia lenta.
Mas dinheiro para esnobar com uma Copa do Mundo teremos.
*
Não temos presídios e não temos hospitais, pelo que faltam dramaticamente vagas nos presídios e nos hospitais.
Mas que diabo de projeto é esse que visa a construir estádios e estacionamentos em estádios e esquece de que precisamos urgentemente construir presídios, hospitais e escolas?
É inevitável, vai acontecer o grande desastre, serão realizadas a Copa do Mundo e a Olimpíada no Brasil.
Mas isto não impede que sejamos contra.
* Texto publicado hoje na página 63 do jornal Zero Hora
Olhem o que disse o bispo "Desmond Tutu", ás do antiapartheid ao lado de "Mandela", sobre a realização da Copa do Mundo na África do Sul: “Alguns dirão que foi uma loucura tanto dinheiro em estádios e sistemas de transporte. Mas as pessoas não vivem só de pão. Tiveram a sensação de que podiam tocar as estrelas, e isso não tem preço”.
Perfeito, bispo Tutu. Aqui no Brasil, com esta Copa bilionária que vamos organizar, as pessoas não vão tocar nas estrelas, e sim ver estrelas na angustiante fila da cirurgia do SUS.
Vão ver estrelas de tanta dor.
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Se um bispo da dimensão do Tutu, declara que o povo não vive só de pão, vive também de Copa, eu deveria desistir.
Mas não desisto.
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Aos que alegam que os melhoramentos que serão feitos no Brasil pela Copa do Mundo transcenderão cronologicamente à sua realização, então sugiro que sediemos todas as Copas do Mundo daqui por diante, só no Brasil.
E teremos então todos os nossos problemas sociais e econômicos resolvidos, não teremos mais doentes na fila das consultas e cirurgias, realizemos mais uma outra Copa do Mundo e estará resolvido o nosso problema de segurança pública, realizemos mais uma outra Copa e teremos esgotos em 100% das nossas habitações brasileiras, em vez dos 35% atuais, todos os nossos problemas estarão resolvidos.
E dá-lhe Copa do Mundo e Olimpíada em cima do povo brasileiro.
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No caso da realização da Copa do Mundo em Porto Alegre, chega a causar compaixão: os gaúchos e os brasileiros simplesmente não verão sequer um jogo do Brasil, entre os três que serão realizados em nossa Capital.
Que vantagem é essa que teremos em financiar a Copa do Mundo em Porto Alegre se só poderemos assistir a Argélia x Camarões ou Bulgária x Nigéria no Beira-Rio?
Nem iremos lá, nem temos sequer R$ 1 mil para pagar por um ingresso para jogos que poderemos ver de graça na televisão.
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Incrivelmente já está decidido que o jogo de abertura da Copa do Mundo será em São Paulo, quando também se sabe que o Morumbi está vetado. Teremos então que construir um estádio em São Paulo, com recursos públicos, R$ 700 milhões até R$ 1 bilhão, com certeza.
Mas isto é dinheiro público posto fora.
Todas as obras estão atrasadas, como estão atrasadas todas as obras públicas necessárias e urgentes sem Copa do Mundo.
Mas que desmando! Mas que loucura!
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Não tem, como me disse cordialmente o prefeito José Fortunati, dinheiro público para construir o viaduto da Nilo Peçanha com Carazinho, obra vital para a Zona Leste e para a cidade, que está engarrafando numa agonia lenta.
Mas dinheiro para esnobar com uma Copa do Mundo teremos.
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Não temos presídios e não temos hospitais, pelo que faltam dramaticamente vagas nos presídios e nos hospitais.
Mas que diabo de projeto é esse que visa a construir estádios e estacionamentos em estádios e esquece de que precisamos urgentemente construir presídios, hospitais e escolas?
É inevitável, vai acontecer o grande desastre, serão realizadas a Copa do Mundo e a Olimpíada no Brasil.
Mas isto não impede que sejamos contra.
* Texto publicado hoje na página 63 do jornal Zero Hora
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