por Tenebro dos Santos Moura
Eu estava de peão numa estância,
Era um fim de semana,
Encilhei a minha ruana
E fui dar uma volteada.
Banquei lá numa canhada,
Orelha torta, escutando,
Oito baixo resmungando,
Retrechando uma toada.
É baile! falei prá ruana
Com o toque no ouvido.
Sou aqui desconhecido,
Mas posso "apreciá" um bocado
E fui costeando um banhado,
Vendo porta do salão
E nas frestas do telhado.
Fui apear longe de casa,
Junto à cerca do potreiro.
Atei a güecha primeiro,
E como sou prevenido,
Carregava escondido,
entre a carona e o pelego,
Um porretote pra achego
Dalgum guaipeca atrevido.
Um porrete de cereja
So tamanho de um canzil,
O pesinho era sutil,
Meio verde, sapecado.
Como um dedo destroncado
Era a grossura que tinha
E não fosse cerejunha
Eu era hoje: o finado.
Bem, fui pra festa; o porrete
Enfiei por baixo da escada
E subi pra dá uma olhada
No baile que estava "bão".
Mas na minha frente um indião,
- Peletudo, o desgranido,
Vi que estava "arresolvido"
A me "atrapalha" a visão.
Me enfiei mais de quina e disse:
Me dê licença, parceiro!
Respondeu: Cheguei primeiro!
(Com semblante de perau.)
E o índio cara de mau
Ainda parou mais na frente.
Eu já não estava contente,
Firmei os pés no degrau.
E "dei-le" um empurrãozinho
Que o maula "tastaviando"
O salão, atravessando,
Foi se pechar do outro lado.
Com um chigre meio quebrado,
Ficou planchado no chão:
Reboliço no salão
E eu bem quieto, disfarçado.
De repente olhei "ansim"
Vi uma taipa de bigode.
"Carcula" quem é que pode,
O que sucedeu comigo?!
Inté parece castigo!
Eu olhando, delicado,
Quando vi estava cercado
Na capela do inimigo.
"Mangüiei" escada-a-baixo
Já de baixo dos "facão";
Mas foi Deus que pôs na mão
Em tempo minha cerejinha.
De tanto facão que vinha
num compasso "assolerado"
Eu só não fiquei picado
Pela destreza que tinha.
Pois tinha uns "vinte facão"
Trabalhando de "afetivo"!
E eu sem saber o motivo,
Daquela barbaridade!
Não gavo minha qualidade;
E sei que não sou perfeito.
mas sei conter meus defeito.
Quando me acho em "suciadade"
Eu quis responsar São Jorge.
Mas me esqueci da oração.
Mais sem jeito que um pagão
Quando tem que escuitar missa,
Me destorcia na liça;
Pra ganhar ou pra perder:
Como quem cumpre um dever,
Fui "destribuindo Justiça"!
Volta e meia eu colocava
Numa orelha a cerejinha"
Aquele nunca mais vinha,
Porque faltava na briga!
Raleava a força inimiga,
Uns par-de-facão sobrava,
Minha destreza mermava,
Sovada pela fadiga.
Vagava um, vinha outro:
Mas já sem muita brabeza.
Nisto olhei pra minha cereja.
Tava só um toquinho ansim!...
Garrei um facão pra mim,
Disposto acabar com tudo,
Corri o último crinudo;
Até na gaita dei fim.
Antes de me retirar
Inda cruzei na cozinha
Pra apreciar a ladainha
Da mulherada assustada.
Era uma papagaiada
A maioria rezando:
Tinha umas me destratando
Passei com ar de risada.
Montei na ruana e me fui
Assoviando, folheiro.
Em cavaco, no terreiro,
Deixei minha cereja amiga;
Com um lanho na barriga,
No braço canhoto, um talho,
"Fui atendê meu trabalho"
Que eu inté nem sou de briga.
Eu estava de peão numa estância,
Era um fim de semana,
Encilhei a minha ruana
E fui dar uma volteada.
Banquei lá numa canhada,
Orelha torta, escutando,
Oito baixo resmungando,
Retrechando uma toada.
É baile! falei prá ruana
Com o toque no ouvido.
Sou aqui desconhecido,
Mas posso "apreciá" um bocado
E fui costeando um banhado,
Vendo porta do salão
E nas frestas do telhado.
Fui apear longe de casa,
Junto à cerca do potreiro.
Atei a güecha primeiro,
E como sou prevenido,
Carregava escondido,
entre a carona e o pelego,
Um porretote pra achego
Dalgum guaipeca atrevido.
Um porrete de cereja
So tamanho de um canzil,
O pesinho era sutil,
Meio verde, sapecado.
Como um dedo destroncado
Era a grossura que tinha
E não fosse cerejunha
Eu era hoje: o finado.
Bem, fui pra festa; o porrete
Enfiei por baixo da escada
E subi pra dá uma olhada
No baile que estava "bão".
Mas na minha frente um indião,
- Peletudo, o desgranido,
Vi que estava "arresolvido"
A me "atrapalha" a visão.
Me enfiei mais de quina e disse:
Me dê licença, parceiro!
Respondeu: Cheguei primeiro!
(Com semblante de perau.)
E o índio cara de mau
Ainda parou mais na frente.
Eu já não estava contente,
Firmei os pés no degrau.
E "dei-le" um empurrãozinho
Que o maula "tastaviando"
O salão, atravessando,
Foi se pechar do outro lado.
Com um chigre meio quebrado,
Ficou planchado no chão:
Reboliço no salão
E eu bem quieto, disfarçado.
De repente olhei "ansim"
Vi uma taipa de bigode.
"Carcula" quem é que pode,
O que sucedeu comigo?!
Inté parece castigo!
Eu olhando, delicado,
Quando vi estava cercado
Na capela do inimigo.
"Mangüiei" escada-a-baixo
Já de baixo dos "facão";
Mas foi Deus que pôs na mão
Em tempo minha cerejinha.
De tanto facão que vinha
num compasso "assolerado"
Eu só não fiquei picado
Pela destreza que tinha.
Pois tinha uns "vinte facão"
Trabalhando de "afetivo"!
E eu sem saber o motivo,
Daquela barbaridade!
Não gavo minha qualidade;
E sei que não sou perfeito.
mas sei conter meus defeito.
Quando me acho em "suciadade"
Eu quis responsar São Jorge.
Mas me esqueci da oração.
Mais sem jeito que um pagão
Quando tem que escuitar missa,
Me destorcia na liça;
Pra ganhar ou pra perder:
Como quem cumpre um dever,
Fui "destribuindo Justiça"!
Volta e meia eu colocava
Numa orelha a cerejinha"
Aquele nunca mais vinha,
Porque faltava na briga!
Raleava a força inimiga,
Uns par-de-facão sobrava,
Minha destreza mermava,
Sovada pela fadiga.
Vagava um, vinha outro:
Mas já sem muita brabeza.
Nisto olhei pra minha cereja.
Tava só um toquinho ansim!...
Garrei um facão pra mim,
Disposto acabar com tudo,
Corri o último crinudo;
Até na gaita dei fim.
Antes de me retirar
Inda cruzei na cozinha
Pra apreciar a ladainha
Da mulherada assustada.
Era uma papagaiada
A maioria rezando:
Tinha umas me destratando
Passei com ar de risada.
Montei na ruana e me fui
Assoviando, folheiro.
Em cavaco, no terreiro,
Deixei minha cereja amiga;
Com um lanho na barriga,
No braço canhoto, um talho,
"Fui atendê meu trabalho"
Que eu inté nem sou de briga.
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