Caiu na minha caixa de correio mais um regalo da Tânia inédito para o "Na Hora do Amargo", texto gaúcho por demais, muchas gracias parceira.
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O jogo visual é lúdico, comum a todos: marcado pelo saudosismo. Saudades da querência. A visão romântica é na verdade um olhar sobre a poesia gaúcha que vai além da ideologia para buscar na sua realidade (raízes, tradições e crenças) o retrato da sensibilidade entre a linguagem e os autores, hábitos e costumes, traduzidos no palavreado gauchesco.
Esse universo revela a postura gaúcha refletindo o seu tempo na busca do pitoresco. Contudo, num olhar mais atento, há a linguagem de Tenebro dos Santos Moura, autor de um único livro, “QUERÊNCIA”, que usa a função das palavras para revelar a identidade do gaúcho, através da poesia:
A saudade é o chimarrão / Que hoje longe do pago / vou sorvendo trago a trago, / Pra aliviar o coração. / Amargo que eu acho doce, / vício de guasca, distante./ Que não esquece um instante, / o seu amado torrão. //... Vejo gaúchos que passam, / Ao tranco de seus cavalos, ////... Eu montado / No meu cavalo picaço, / vos juro, eu era um pedaço / Do meu Rio Grande do Sul.”
Paulo Monteiro declara que “falar de poesia gauchesca ou crioula é lembrar de Tenebro dos Santos Moura”.
A presença poética da querência é o que a torna representativa e reconhecida por todos. Como no texto de Claude Lévi-Strauss, que fala e se impressiona com o chimarrão que, para ele, é a bebida, entre todas, mais exótica, tomada como em um ritual e com muitas regras: o dono da casa tem que ser o primeiro a tomar; o chimarrão não pode ser passado para o outro com a mão esquerda; a erva não pode ser mexida com a bomba e, antes de ser passado adiante, tem que se fazer o chimarrão “roncar”, no fim, para provar que não resta água na cuia.
Ao olharmos a nossa querência, reconhecemos os padrões culturais, que juntamente com os rituais do chimarrão, tem na poesia de Tenebro a marca do gaúcho cristalizada em suas tendências, dividindo e construindo a sua cultura. Belo gesto que acolhe a todos, possibilitando imaginar o orgulho que ele sentiu ao escrever o poema “QUERÊNCIA”, que mantém vivo o sonho de descortinar a toda hora as razões para conhecer o Rio Grande do Sul.
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