Caramba, que manhã gelada
deste inverno frio e matreiro!...
A geada, na madrugada,
no seu trabalho de fada
pintou de branco o potreiro!
E no tranco de tropeiro
com seus raios vivos de luz
o sol garboso aparece
e, pouco a pouco, conduz
na sua eterna rotina
a mudança, sem pilhéria,
de transformar a matéria
na forma da Lei Divina...
O orvalho congelado
ao toque do sol alçado
límpidas lágrimas derrama
que vão correndo na grama
do descampado sinuoso.
E no calor luminoso
do sol sublime do dia
o sólido gelo do orvalho
na messe desse trabalho
retorna ao estado gasoso
e outro ciclo se inicia.
Assim é a vida, assim sou eu,
porção de orvalho congelado,
no potreiro do mundo espalhado
aguardando do sol o apogeu
para no momento oportuno
desfazer-me em sutis substâncias,
volitar e adejar por ditosas distâncias
livre das amarras deste mundo soturno!
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