quarta-feira, 9 de junho de 2010

Junho é tempo de Quermesse

Hoje caiu em minha caixa de correio mais uma pérola da amiga e parceira Tânia, estou orgulhoso que esse texto por criado especialmente para o Na Hora do Amargo.

O texto é rico em contos e cultura.

Gracias pelo regalo.

por Tânia Du Bois

Olho pela janela e vejo
o vento assustando os passarinhos. É o inverno batendo à porta e com ele o frio. “... os ventos traduzindo a terra / em veloz giro / sobre nós mesmos...”
(Pedro Du Bois)
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O mês de junho é tempo de quermesse. Comemora-se o dia de Santo Antônio (13), São João (24) e São Pedro e São Paulo (29). É cultura popular.

Mesmo com o tempo frio, pode-se brincar, cantar, dançar, comer pipocas e pinhões. As crendices populares estão ligadas a um pouco de magia, com velas, agulhas, bacias, bananeiras e fogueiras. É tradição pular fogueiras e tudo o mais que a criatividade e a crendice mandarem.

Ventos nos levam à noite de 12 de junho, e nessa noite nada é mais propício do que namorar, trocar presentes e fazer adivinhações. Véspera de Santo Antônio, dia de muita fé.

Augusto Magalhães disse que “O santo casamenteiro está vivo e os namorados fazem hoje as adivinhações do amor...” Santo Antônio leva a fama de ser casamenteiro. É dia de Santo Antônio e com certeza mil e uma rezas, agulhas, bacias, velas, enfim, os objetos caseiros que uma vez por ano merecem atenção especial. O santo não olha a quem faz o milagre. Se irá sair casamento, não se sabe – melhor perguntar ao santo. E a meia noite em ponto, para valer a crendice, são feitas as adivinhações:

Para saber se irá casar – alho: plantar um dente de alho, se no dia seguinte o alho brotar é sinal de casamento; pedrinhas de carvão: das cinzas que ficarem da fogueira, pegar duas pedrinhas de carvão e colocá-las, separadas, num prato virgem com água; se amanhecerem juntas, também é sinal de casamento; agulhas: colocar duas agulhas virgens num prato com água, se elas se juntarem, casamento à vista;

Para saber o nome do(a) felizardo(a) – barquinho: fazer um barquinho de papel, depois, colar na borda de um prato virgem pequenos pedaços de papel contendo os nomes dos(as) pretendentes, encher o prato com água e colocar o barco e deixá-lo seguir o seu rumo e observar em que nome irá aportar; vela e bacia: à beira da fogueira, a meia noite, deixar cair alguns pingos de vela numa bacia com água, os pingos irão se juntar com a forma da letra inicial do(a) desejado(a); bananeira: à meia noite, enfie uma faca virgem no tronco da bananeira, ao amanhecer, verificar que letra foi formada pelo leite escorrido no tronco, a inicial do nome com quem irá casar.

Segundo a crença, o santo é quem sofre com tudo isso, por que alguns preferem colocá-lo de cabeça para baixo, para que ele revele os segredos do amor; enquanto o santo está amarrado pelos pés, pendurado por uma corda, os namorados estão trocando carinhos. Ruim para o santo, bom para quem namora.

Ventos sopram nas crendices populares e a natureza retorna como tradição e conserva a história da nossa história.
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“O vento é onde vibra a luz / que o caminho eu invento /
com tua mão dentro da minha / onde só a estrela seduz, /
destino que sempre se alinha.”
(Luiz de Miranda)

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