quinta-feira, 17 de junho de 2010

MEU CAVALO ALECRIM

por Elton Saldanha

Era um sábado, semana Farroupilha e eu estava em viagem , um amigo ligou dizendo que estava levando meu cavalo para o parque Mauricio Sirostsky Sobrinho, onde se concentram os gaúchos na semana Farroupilha e acontece inclusive um rodeio para o pessoal da campeira, fiquem com um pé atraz pois eu precisaria do cavalo no domingo para o grande desfile que aconteceria. Falei com o Marcelinho sete facada ( esse é o nome do amigo) que junto com o canhoto estavam com o cavalo 'eu só corro risco emprestando o cavalo, se ele se estropiar , escapar ou for roubado quem fica na mão sou eu, não tenho nenhuma vantagem emprestanto o alecrim. No meio da noite recebo a noticia pelo Toco, o cavalo foi levado do acampamento por um desconhecido, fazer o que ???? me queixar pro pai do badanha???


Nem canhoto, nem Marcelinho nem nimguem pra contar o acontecido nimguem viu e nimguem agora iria trazer meu cavalo de volta ou pagar meu prejuízo.

Não registrei ocorrência nem saí desvairado procurando ladrão e cavalo, fui pra casa triste e impressionado ,como em um parque cheio de gente no meio de pessoas que prezam e cuidam seus animais alguem chega furtivamente, leva um cavalo encilhado e some.

Todo mundo me ligando querendo saber o que aconteceu , como foi coisa e tal.... Eu não sabia de nada e nem queria saber eu não tinha nenhuma resposta para um fato tão inesperado.

Um cavalo na cultura dos gaúchos é algo referencial, eu dedico quase que integralmente no meu dia-a-dia um espaço reservado para falar , pensar , escrever e fazer projetos onde o cavalo é figura central, entre outras coisas sou Presidente dos Cavaleiros da Paz.

Desfilei no domingo com uma égua emprestada, e fui para casa pois tinha que cantar a tarde em Campo Bom, embora estivesse com pessoas que trancendem alegria e motivaçào no fundo o pensamento estava no abandono, onde andaria meu amigo.

Segunda, terça, e todo mundo questionando se eu não anunciei em jornal , rádio senão procurei nas vilas da periferia, nada eu moro numa cidade muito grande e diversificada isso é complexo e dificil.

Quarta feira quando acordei e fiz meu mate , vi que no celular tinham muito mais chamadas do que de costume, vários numeros que eu não conhecia, um deles me chamou a atenção : o do trovador Stivalet, ao retornar falei com a mulher dele Tetê Carvalho, ela perguntou o RP do meu cavalo (nr que vem juto com a marca) confirmado isso ela disse que o cavalo estava na vila nova e pra lá eu fui pra ver o que acontecia.

Estavam la no bairro vila nova, Brigada, o cavalo alecrim o jovem que furtou o pingo, uns guris que tinham denunciado o furto e alguns amigos que foram chegando a partir da noticia que se espalhou.

O rapaz que foi preso contou uma história no minimo curiosa, viu o cavalo lá atado, perguntou para alguem alï "de quem é o cavalo"de ninguem teriam respondido, ele queria ter um cavalo , pegou pelo cabresto e saiu puxando e foi embora com sua ousada aquisição. O que fazer com um cavalo??? guardar e alimentar de que maneira? ele peramulou com cavalo encilhado e puxado pelas rédeas durante vários dias, perguntado porque não tirou as encilhas? respondeu que achava o cavalo lindo com aquelas coisas em cima, tentou negociar o cavalo com alguns guris que viram não ser dele pois perguntaram sobre documentos e origem do animal e o jovem nào soube responder. Bem nesse interim o cavalo ainda se aventurou fugindo e sendo resgatado por um carrouceiro que pegou , levou para sua chacara aonde o cavalo cubriu umas éguas, e o sr devolveu cavalo e arreios ao furtante.

Levei os documentos e os policiais me devolveram o Alecrim, mas ainda haviam os tramites legais,registro e prisão do rapaz, fomos ate o orgão público aonde me perguntaram qual minha intenção?? nenhuma, quero ir embora e agradecer as pessoas todas que se preocuparam e mesmo prestaram este serviço trazendo de volta meu cavalo. Recompensei os guris que tiveram a intuição e cidadania de denunciarem um furto, mesmo sem saber de quem era e o que havia acontecido com aquele lindo animal.

O rapaz que foi preso pedi que deixassem em liberdade e conversei com ele sobre tudo que havia acontecido, ele poderia ter se machucado ao ousar levar um cavalo do meio de uma gaúchada que preza tanto o cavalo quanto leva a sério o respeito e a integridade do seu meio, enfatizei orisco que ele correu de ser preso e enviado para um sistema que não recupera ninguem, lhe falei que sempre fui pobre que nem ele só não caí em tentação e que ele estava ganhando uma chance para seguir adiante e escoher o caminho certo.

Eu ganhei meu cavalo e alguns amigos e ele ganhou uma nova oportunidade , o cavalo foi o que mais se deu bem , saiu por aí cheio de avanturas, tem uma história pra lembrar e agora está lá na sua cocheira feliz da vida .

Mil gracias a todos que a partir de noticias do boca-a-boca me ajudaram .

Estou escrevendo um poema.

TITULO

PORQUE NÃO EMPRESTO MEU CAVALO.

Regalo: Blog do Saldanha

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